O jantar naquela mansão sempre tinha um certo ritual. A mesa, imensa, coberta por uma toalha de linho impecavelmente engomada, os talheres alinhados milimetricamente, a porcelana cara refletindo a luz amarelada do lustre. Era tudo muito bonito… e completamente falso. Sentei-me no extremo oposto da mesa, longe de Lorenzo e Isadora, que ocupavam o outro lado, como um casal de capa de revista. Ele estava de terno ainda, a gravata afrouxada, e ela vestia um modelo de seda azul, cabelo preso de forma elegante. O tipo de imagem perfeita que engana qualquer um que veja de fora. A comida chegou em travessas de prata, fumegante, e o som dos talheres servindo os pratos quebrou o silêncio inicial. Não durou muito. — Então — Lorenzo começou, olhando para mim por cima da taça de vinho —, já que você

