A noite tinha um peso estranho, daqueles que esmagam o peito e deixam o ar mais denso. Eu estava no escritório da casa, olhando para a cidade pelas janelas enormes, quando meu pai entrou sem avisar. Carregava um copo de whisky nas mãos, como sempre, e a expressão grave que raramente se desfazia. — Precisamos conversar — ele disse, a voz grave preenchendo o ambiente. Virei para ele, já sabendo que vinha coisa pesada. — É sobre Lara, não é? Ele assentiu, se aproximando lentamente até se sentar diante de mim. Seus olhos tinham aquele brilho frio, calculista, que me lembrava de todas as vezes em que percebi que meu pai não era apenas um homem de negócios, mas um estrategista pronto para qualquer sacrifício. — Ela está se tornando um problema. Cruzei os braços, desconfiado. — Problema co

