O silêncio daquela noite em casa era quase sufocante. Desde que saíra do hospital, eu vinha me acostumando com a nova realidade: Isadora ao meu lado, meu pai cada vez mais próximo, e o fantasma de Gustavo finalmente enterrado, ou melhor, executado. Eu não precisei perguntar, não precisei confirmar. Quando vi na TV a manchete sobre o assassinato dele dentro da prisão, soube imediatamente. Meu pai havia cumprido sua palavra. O que me impressionava não era o fato em si, mas a naturalidade com que ele carregava aquilo. Nenhum peso, nenhum remorso. Era como se fosse apenas mais um contrato assinado, mais uma negociação concluída. — Enzo — disse ele, uma noite, enquanto bebíamos whisky em sua biblioteca, cercados por livros que mais pareciam adereços para dar um ar intelectual a um homem que n

