Fingimento

918 Words

O dia amanheceu cinza e pesado, exatamente como meu humor. Ainda sentia o gosto amargo da noite anterior, as palavras de Isadora ecoando na cabeça, e aquele nó no estômago que não me deixava respirar direito. Saí de casa sem muito aviso, jogando no rosto dela e do meu pai um silêncio carregado de tudo que não queria falar. Na empresa, tentei me afogar em papéis, números, reuniões intermináveis. Mas não tinha planilha que salvasse meu estado mental. Minha cabeça só girava em torno daquilo: Isadora. A maldita Isadora que me tirava do sério, que ficava ali, submissa, enquanto ele a maltratava, e que ainda tinha a coragem de dizer que amava Lorenzo. Revirei contratos, liguei para investidores, até apresentei um relatório para a diretoria com uma autoridade que eu não sentia ter, mas forçava.

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