O carro deslizou pela avenida quase silencioso, exceto pelo barulho baixo da música que tocava no rádio. Isadora estava com a cabeça apoiada no vidro da janela, um sorriso sereno nos lábios. Eu tinha a sensação de que ela estava vivendo um raro momento de paz — e eu, claro, me alimentava dessa visão. Quando virei a esquina e estacionei em frente ao prédio dela, notei algo que imediatamente estragou aquela bolha: Gustavo estava lá. Parado na portaria, de braços cruzados, como se tivesse ensaiado a pose para nos receber. O uniforme do hospital já tinha sido trocado por uma camisa social clara e calça preta. Cabelos penteados, sorriso no rosto. Tudo meticulosamente calculado. — Ah, não… — murmurou Isadora ao vê-lo. Ela suspirou, ajeitando a bolsa no colo. O sorriso que carregava desde o pa

