Demorei mais do que o necessário na rua. Dirigi por aí sem destino, tentando convencer a mim mesmo de que o problema era a casa. A convivência forçada. O desconforto com a presença dela. Era mais fácil jogar a culpa nos ambientes do que encarar a real questão: Isadora estava mexendo comigo de um jeito que nenhuma mulher mexia há anos. Voltei pouco antes das quatro da tarde. O sol já começava a se esconder por entre as nuvens carregadas, o ar abafado prenunciando uma chuva daquelas. Estacionei na garagem e entrei pela cozinha de novo. E lá estava ela. Isadora. Sentada à mesa com um copo de suco na mão e uma perna dobrada na cadeira. Usava um vestido leve, azul claro, que parecia ter sido desenhado pra deixar a situação ainda mais insuportável pra mim. O tecido marcava a cintura e deixav

