A manhã chegou sem que eu tivesse dormido direito. Não foi insônia comum; foi aquela vigília em que o corpo até pede descanso, mas a mente insiste em rebobinar cenas que você preferiria esquecer. Cada vez que fechava os olhos, a imagem da sala voltava. Lorenzo. Isadora. O jeito como eles congelaram ao me ver. Quando o relógio marcou pouco depois das sete, eu já tinha desistido de tentar dormir. Levantei, lavei o rosto com água gelada e fiquei alguns minutos encarando o próprio reflexo no espelho do banheiro. Meus olhos estavam vermelhos, não só pelo cansaço, mas pela mistura de raiva, incredulidade e alguma outra coisa que eu não queria nomear. Desci as escadas devagar, pronto para um café solitário. Mas o cheiro que vinha da cozinha denunciava que não seria assim. Ela estava lá. Isado

