Voltamos do leilão já perto das onze da noite. O clima no carro era estranhamente morno, uma mistura de euforia e exaustão. Lorenzo estava empolgado como um adolescente que tinha acabado de ganhar um campeonato — falava de cada obra arrematada como se tivesse resgatado um pedaço da história. Isadora, relaxada no banco do carona, sorria de forma contida, talvez pela taça de champanhe que tomara no evento, talvez pela energia calorosa que Lorenzo emitia. Lara, no banco de trás comigo, permanecia em silêncio, mas o silêncio dela era diferente: não era contemplativo, era estratégico. Eu conhecia aquele jeito dela de ficar quieta, observando cada detalhe, cada brecha para entrar no próximo movimento. Quando chegamos na casa, eu já estava decidido a subir e me trancar no quarto. Mas Lorenzo, n

