As escadas da mansão pareciam infinitas. Cada degrau rangia sob o peso do meu corpo, mas a sensação era de que eu carregava toneladas de lembranças, erros e arrependimentos nas costas. O tapa que Lorenzo me deu ainda queimava na pele, mas era insignificante comparado ao que queimava dentro do meu peito. Eu não pensava em mais nada além dela. Isadora. O rosto dela chorando, os olhos marejados, a voz embargada enquanto dizia que ia embora. A lembrança me atravessava como lâminas, e quanto mais subia, mais a urgência crescia dentro de mim. Parei diante da porta do quarto. A respiração estava curta, pesada, como se eu tivesse corrido uma maratona. Bati duas vezes, hesitante, mas não obtive resposta. O silêncio do outro lado era sufocante. Tentei girar a maçaneta, e para minha surpresa, não

