Eu ainda estava sentado na bancada da cozinha, o braço enfaixado de um jeito improvisado, mas decente. Isadora terminava de guardar o que sobrou do kit de primeiros socorros. O silêncio se estendia como uma névoa no ar, e eu podia jurar que o coração dela ainda batia acelerado, assim como o meu. O clima estava denso, não mais pelo medo do que tinha acabado de acontecer, mas pelo peso do que viria a seguir. Ela andou até a geladeira, pegou uma garrafa de água e voltou, me entregando. Eu aceitei, bebendo de um gole só. Ela cruzou os braços e se encostou na bancada à minha frente. Os olhos azuis fixos em mim, como se estivesse analisando meu rosto. Talvez procurando algum traço de empatia. Ou só tentando entender como eu ainda conseguia debochar mesmo depois de quase ser esfaqueado por um ma

