A madrugada chegou envolta naquele silêncio incômodo que só casas grandes têm depois de um evento. O perfume das flores ainda impregnava o ar, misturado ao leve cheiro de champanhe e velas apagadas. Caminhei pelo corredor vazio, retirando a gravata com um movimento brusco, e a deixei pendurada no espaldar da cadeira mais próxima.
Meu quarto parecia um refúgio improvável. Fechei a porta e encostei a testa nela, tentando processar tudo o que tinha acontecido. A imagem de Lara e Isadora rindo juntas não saía da minha cabeça — não porque me importasse com Isadora, pelo menos não da forma que Lara insinuava, mas porque eu sabia o que aquela “amizade” significava.
O celular vibrou na mesa de cabeceira. Uma mensagem.
Lara: Sonhe com a gente, Enzo.
O “a gente” não era casual. Ela queria que eu
