A mansão estava mergulhada em silêncio naquele fim de tarde. As cortinas pesadas filtravam a luz dourada do sol, que se arrastava pelas paredes como se tivesse medo de iluminar demais o que acontecia ali dentro. O clima era sufocante, denso, pesado — e eu já sentia no corpo que algo ia explodir a qualquer momento. Nos últimos dias, as coisas tinham se tornado insustentáveis. Eu e Lorenzo — meu pai — trocávamos farpas constantes, ora veladas, ora declaradas, e sempre, inevitavelmente, Isadora estava no centro disso tudo. Não porque ela queria, mas porque nós dois a puxávamos para dentro do fogo cruzado sem dar escolha. Isadora tinha se tornado mais fria, distante. Evitava contato prolongado com qualquer um de nós, como se cada gesto pudesse ser interpretado como favorecimento. Ainda assim

