Eu já não estava conseguindo mais disfarçar. Toda vez que pisava naquele hospital, sentia o olhar de alguns funcionários acompanhando meus passos. Primeiro com curiosidade, depois com estranhamento. Os cochichos começaram a ficar óbvios, embora sempre em voz baixa, carregados de risadinhas abafadas. E Isadora… bem, Isadora já tinha percebido. Naquela tarde, encontrei-a no corredor, entre um plantão e outro. Ela estava com o jaleco levemente amassado, os cabelos presos num coque bagunçado que só deixava ainda mais evidente a beleza natural dela. — Enzo — disse, cruzando os braços. — A gente precisa conversar. Meu estômago deu um nó. — Claro, Isa. O que foi? Ela suspirou, olhando discretamente ao redor antes de me encarar de novo. — As pessoas estão comentando. — Comentando? — repet

