CAMILA Ouço algo sendo arrastado pelo chão. Perfura os meus ouvidos como unhas em um quadro. Me contorço sobre as minhas costas, tentando encontrar uma posição confortável sem nenhuma esperança real. O colchão é muito fino. Cheira a repolho velho e podre. Engulo a minha saliva tentando acabar com a secura da minha garganta. Passaram horas desde a última vez que me ofereceram água. O grande copo que eu havia bebido, agora parecia pouco. E a comida... Quando foi a última vez que eu comi? O barulho surdo do meu estômago passou de ser doloroso a ser desesperante. O único consolo é que eu não preciso usar o banheiro. Porque o cheiro que vem do abandonado vaso no canto faz com que o cheiro do colchão pareça um perfume. Mas eu não sei quanto tempo vai durar essa pequena resistência. Passou

