Dante Mancuso
A noite parecia não ter fim. O San Lorenzo avançava lentamente pelas águas escuras, seu motor emitindo um ronco constante que parecia vibrar nos ossos. Eu revirei os enlatados em uma pequena prateleira improvisada, buscando algo minimamente decente para alimentar Catarina e o bebê. Sardinha em lata, milho, feijão cozido, pão duro e algo rotulado apenas como “ensopado” — algo me dizia que quanto menos eu soubesse, melhor. Era isso. Suspirei.
Atrás de mim, Catarina ajeitava os colchões no chão metálico do container adaptado. Ela colocou o bebê com cuidado sobre um deles, o cobriu com uma manta azul e o observou por um instante, uma ternura silenciosa que me fez lembrar por que estávamos ali. Aquele pequeno ser era agora o centro de tudo.
Ela se levantou e foi até as malas,
