Catarina Piromalli Despertei devagar. Meu corpo ainda preso à viscosidade entorpecente dos sedativos, como se minha mente tentasse subir das profundezas de um oceano turvo. Aos poucos, as imagens do sonho começaram a se dissolver — ou talvez fossem lembranças distorcidas de uma alucinação. Eu me lembrava da enfermeira. Do bisturi. Do sangue. Da sensação metálica da lâmina em minha mão. Meus dedos suados e trêmulos tentando alcançar a maçaneta. E então… eles entraram. Homens de preto. Um deles usava balaclava. Ele tirou. E atrás da lã grossa estava o rosto que povoava todos os meus pesadelos e todas as minhas saudades. Dante Mancuso. Meu coração se acelerou. Ainda entre o devaneio e a realidade, meus olhos se abriram por completo. A luz filtrada pelas cortinas pesadas do quarto de hote

