Prologo

1548 Words
Quando você se torna a famosa “nerd” da escola existem pessoas que começam a admirar você e até mesmo a pedir a sua ajuda, se você for uma pessoa boa você vai ajudar elas assim como eu fiz, existe uma pesquisa que diz que pessoas que ensinam outras pessoas aprendem duas vezes mais, aquela era uma oportunidade para mim, ele foi a primeira pessoa que pediu a minha ajuda, eu nao ajudei por ele mas por mim mesma, talvez eu quisesse ajudar ele um pouco mas eu nunca pensei que ele iria querer dormir comigo. A época da minha escola talvez tenha sido a mais difícil para mim — talvez não, realmente foi — as pessoas sempre menosprezam alguém que seja mais inteligente que elas mas eu nunca entendi por que todos me ignoravam ou me maltratavam até porque eu nunca fiz nada para eles, com o tempo eu parei de ligar completamente para isso. Isso tudo começou lá atrás quando eu ainda era muito nova, comecei a ler e a escrever muito nova então por consequência disso eu também comecei a estudar mais cedo que todos, e cada vez mais essa diferença aumentava, eu entrei um ano mais cedo, no fundamental eu pulei mais três anos, no ensino médio eu não pulei porque eu não queria, eu poderia facilmente pular mas teve uma pessoa que me fez querer não apenas estudar mas viver a experiência daquela fase, eu lembro de quando ele falou. "Você pulou quatro anos? Isso não é triste? Você m*l aproveitou cada ano na escola como os outros, como os seus amigos e tudo mais” Eu paralisei porque ninguém nunca havia tido esse tipo de reação antes na minha vida, eu nunca pensei que isso era triste, talvez pelo fato de eu nao ter amigos e sofrer maltrato dos outros, mas quando ele obrigou as meninas a me deixarem em paz e passou o tempo dele comigo eu pensei pela primeira vez na vida “Isso vale a pena”, eu queria viver cada experiência com ele, os amigos dele se tornaram meus também e pela primeira vez na vida eu soube o que era ter amigos e ter um namorado, aquela foi a melhor fase de toda a minha vida, nem quando eu ganhei as olimpíadas brasileiras de matemática eu havia ficado tão feliz mas infelizmente aquilo não durou por muito tempo. No meu terceiro ano eu descobri que eu estava grávida dele, para alguém que só pensava em estudos eu senti o meu chão desmoronando, minha mãe provavelmente me mataria e eu fiquei perdida, eu não contei para ele, ele sempre soube o que acontecia comigo mas daquela vez ele não soube de nada, minha mãe estava feliz por eu ter feito amigos e ter arranjado um namorado mas assim que ela soube que eu engravidei ela esfregou na minha cara o meus deslize e eu sabia que aquilo era culpa minha, eu não me senti digna de ter eles na minha vida, a primeira vez que aquilo acontecia eu tive que fazer algo errado. Imediatamente ela me mandou terminar com ele, eu sabia que eu teria que fazer isso mas saber que nunca mais iriamos nos ver partiu o meu coração, minha mãe decidiu que iríamos nos mudar para os Estados Unidos, nossa família inteira morava lá então ficaria mais facil para cuidar do bebe e eu me concentrar nos meus estudos também já que eu não teria amigos e namorado, aquela foi a primeira vez que eu errei na minha vida mas eu decidi que aquela também seria a última vez e que isso nunca mais iria acontecer. A última vez que nos vimos foi no ano novo, já havíamos acabado a escola e ele estava se preparando para entrar na faculdade, no ano seguinte eu já estava fora do Brasil. — Mãe eu tenho que ir, não posso me atrasar — eu falei ela estava sentada na cadeira de balanço. — Va com Deus — ela respondeu. Peguei a minha bolsa e dei uma última olhada no espelho. — Vamos querida! — Estou indo mamãe! Quando eu me mudei para cá pude completar a minha faculdade apesar de ter tido a Ayla, tive que passar por muita coisa para cuidar dela, hoje ela tem cinco anos e ela é a melhor decisão da minha vida, eu me lembro das dificuldades pra criar ela e do sofrimento que eu passei mas hoje em dia eu não veria minha vida sem ela, ela cresceu com a minha personalidade, tão inteligente quanto mas tudo lembra ele, sua aparência com cabelos e olhos escuros e sua grande habilidade social, sempre teve muitos amigos, fico feliz em saber que ela jamais vai passar pelo o que eu passei. Hoje era meu primeiro dia no trabalho, me formei em negócios internacionais e passei para a melhor empresa no setor, estou feliz porque ela se tornou a empresa dos sonhos quando eu estudava, todos diziam para eu virar médica mas vestir um terno feminino se tornou o meu sonho, eu ainda tenho aquela aparência nerd, uso óculos e meu cabelo sempre está preso — afinal, eu odeio o meu cabelo caindo no meu rosto — mas diferente de antes a faculdade me ensinou a largar minha timidez, sou capaz de falar com qualquer um, menos com uma pessoa. — Bom dia eu sou Min-Jun, chefe do departamento de negócios — naquele momento eu senti a minha vida virar completamente de cabeça para baixo. Min-Jun era o nome do garoto que eu namorei no ensino médio, o primeiro e o único e também com quem eu tinha uma filha, ele só não sabia dessa última parte, nosso tempo juntos foi o melhor da minha vida mas eu tinha uma expectativa maior, eu não podia continuar com ele naquela época, ou podia… Enfim, nos separamos e eu deveria encarar isso como a adulta que sou. — Ana? — a voz dele falando meu nome novamente fez meu corpo estremecer completamente, era diferente de quando éramos mais novos, era mais rouca mas ainda era ele, o cafe que estava na minha mao acabou se soltando, eu estava surpresa por ele lembrar de mim sem ao menos eu dizer meu nome. — Me desculpe — quando voltei para mim percebi o erro que acabava de cometer, rapidamente peguei um pano, eu havia derramado meu café sob o seu terno. Enquanto eu limpava desesperadamente seu terno caro ele segurou meu braço pelo pulso e olhou bem no meu rosto, talvez ele ainda estivesse com dúvidas se era eu mesma. — Você mudou tanto, por que foi embora? — sua pergunta era o que eu imaginava que seria, claro que ele iria querer uma explicação, sua ex-namorada simplesmente sumiu de um dia para o outro sem deixar rastros… — Aceite esse dinheiro para pagar a lavanderia — estendi para ele o dinheiro que sobrava em minha carteira, eu era recém-formada e tinha recebido apenas dinheiro do estágio, aquilo era tudo o que tinha, o dinheiro do almoço da minha semana. Ele não olhou para o dinheiro, quando eu pensei que ele tinha pego para si ele devolve o dinheiro para a minha carteira, eu não consegui entender, repentinamente ele me empurra para dentro de uma sala. — Sabe por quanto tempo que eu te procurei? — seus olhos se encherem de lágrimas. Eu comecei a me sentir angustiada e não sabia muito bem o que falar para ele. — Me desculpe… — Me desculpe? Você acha que um pedido de desculpas vai resolver? — eu fiquei calada, eu não sabia dizer se ele estava bravo ou chateado comigo, talvez os dois. — Eu não posso responder às suas perguntas… — Como assim n******e? Você nem ao menos me disse adeus! — Eu precisei fazer aquilo! — ergui a minha cabeça para ele, eu não era mais a garotinha tímida que abaixava a cabeça para qualquer situação. Ele ficou surpreso comigo, sua ex namorada que olhava apenas para o chão agora olha diretamente nos seus olhos e falava as exatas palavras que ela quer dizer, passei anos construindo isso em mim, autoconfiança. Dessa vez ele não sabia o que dizer, ele apenas olhou para baixo por alguns segundos e depois voltou o seu olhar para mim, as lágrimas já rolavam pelo seu rosto, aquela cena partiu meu coração e eu não pude evitar de meus olhos também se encherem daquela mesma forma. — Tudo bem, se você não quer me responder então tudo bem — ele falou e saiu de onde estavamos, seu rosto estava uma bagunça de emoções assim como o meu. Assim que ele saiu eu desabei no chão, minhas pernas apenas cederam apesar de eu nao saber o porque, eu prometi a mim mesma que jamais deixaria meu passado me machucar novamente, mas novamente eu quebrei mais uma promessa minha e assim eu comecei o meu primeiro dia de trabalho. Eu imaginava o nosso primeiro encontro depois de anos diversas vezes na minha cabeça, mas eu nãoimaginava que ele seria assim, jamais. Mas a culpa não era dele, ele estava frustado por querer uma resposta de mim e eu não poder lhe dar resposta alguma e aquilo era o mais triste de tudo tinha acontecido.
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