Sol narrando Cheguei no portão da casa da minha mãe com o coração batendo igual tambor de escola de samba. Mas não era carnaval, não. Era fim de linha. Era inferno montado no asfalto da minha infância. A Cida ficou lá dentro com minha mãe. Eu pedi pra ela não deixar a véia sair por nada nesse mundo, porque o que tava prestes a acontecer ali fora, eu não queria que ela visse. A casa dela era colada na nossa. Dava pra ouvir tudo, dava pra sentir a tensão na pele, igual cheiro de queimado antes da faísca. Quando botei o pé na frente da casa, vi o meu pai no chão, levando chute, soco, coronhada. Uns três bandidos em cima dele, batendo como se ele fosse um saco de carne. E ele nem reagia mais. Só gemia. Sangue na testa, camisa rasgada, já nem parecia gente. Encostado no carro, de braço cruz

