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BRASA NARRANDO Ela ainda tava com o olho quente, o peito subindo, a mão tremendo de ódio. Eu cheguei perto, segurei de leve no ombro, voz baixa do meu jeito torto: — É isso mesmo, p***a. Aprende. Aqui fora todo mundo é sorriso com faca no bolso. Confia em ninguém não. Nem em santo. Só confia quando provar duas vezes. — Eu vi, hein… — ela devolveu, armada. — Viu o quê? — Eu te vi rir da minha cara, Ítalo. — Eu? — fiz cara de mármore. — Tu é doida. Levantei, fui pra cozinha sem mudar a expressão. Abri a geladeira como se procurasse paz ali dentro. Ela veio atrás, batendo o chinelo, sem me largar. — Eu vi! Eu não respondi. Peguei um copo, enchi d’água, bebi metade em silêncio. Respirei fundo, encostei no balcão, encarei de novo. — Já sei o que eu vou fazer. — O quê? — Tu quer que

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