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ROBERTO NARRANDO Cobertura de frente pro mar, mas minha cabeça é um corredor sem janela. Ando de um lado pro outro com o celular na mão, tela acesa, notificação pulando, e nada resolve essa sensação de areia movediça. A Sol vai descobrir tudo. Não é “talvez”, não é “quem sabe”. Vai. E quando ela descobre, ela não late: ela morde. Vai me desmontar no papel, no banco, no jurídico, e no que doer mais — reputação. Eu conheço o jeito. Letícia tá rindo no banheiro com o serviço de quarto, champanhe, selfie, “Copacabana, amores”. Eu m*l ouço. Meu ouvido tá no detetive, no contador, no advogado. O detetive já falou demais: “o cara é pesado, chefia… dono de morro”. Que beleza. Além da Sol, tem um traficante no tabuleiro. Ótimo, parabéns pra mim. Respiro, conto até cinco, ligo o silêncio do celul

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