A noite caiu silenciosa sobre o apartamento de Mattheo, o vento frio batendo contra as janelas enquanto ele se sentava diante da lareira apagada, a mente ainda fervilhando com as imagens do feitiço. Com o corpo cansado, o sono veio rápido, pesado, carregado de uma tensão quase elétrica.
E, como sempre, ela apareceu.
O cenário do sonho era estranho, desconhecido, e Mattheo não conseguia identificar o lugar. Era como se estivesse em uma dimensão à parte, com paredes difusas, sombras longas e uma luz suave e difusa que não se podia dizer de onde vinha. Tudo parecia suspenso entre o real e o imaginário.
Então, ele a viu.
Anélisse. Mas, não a moça que ele conhecera nas ruas de Londres, que ele conversa no café. Ela parecia mais jovem, mas ao mesmo tempo confiante, intensa. Seus olhos castanhos escuros brilhavam com uma mistura de reconhecimento e urgência. E ela vinha até ele, passo a passo, como se estivesse revivendo uma memória antiga.
— Mattheo… — chamou, a voz suave, mas carregada de emoção, fazendo com que o coração dele acelerasse de uma forma que ele raramente sentia.
Ela parou diante dele, e por um instante tudo ao redor desapareceu. Com delicadeza, passou a mão sobre seu rosto, acariciando-o como se fossem íntimos há anos, como se aquele gesto fosse natural, necessário. O toque era quente, real, e Mattheo sentiu uma estranha mistura de conforto e tensão, incapaz de mover-se ou falar.
— Eu… preciso da sua ajuda… por favor, só você pode me ajudar — sua voz ecoou, reverberando pelo espaço difuso do sonho. A intensidade na fala dela fazia com que cada palavra penetrasse profundamente na mente dele, como se fosse impossível ignorá-la.
Antes que pudesse reagir, o mundo ao redor começou a se desfazer, as paredes se dissolvendo, a luz se apagando. A sensação de calor, de proximidade, desapareceu abruptamente.
Mattheo acordou de súbito, ofegante, a mão ainda instintivamente indo até o rosto como se buscasse sentir o toque dela mais uma vez. Seu coração batia acelerado, a respiração irregular. A sensação era real demais para ser apenas um sonho; havia urgência, i********e, uma conexão que ele não conseguia compreender totalmente.
Ele se levantou da poltrona, os olhos castanhos fixos no espaço vazio à sua frente.
— Precisa da minha ajuda…Precisa de mim... e eu.. eu vou te ajudar, Anélisse — murmurou, o tom sombrio e determinado. — Vou descobrir como ajudá-la… e descobrir tudo sobre você no processo.
O silêncio do quarto parecia ainda mais pesado, como se ecoasse a promessa silenciosa que ele havia feito para si mesmo.