Em um dia ensolarado, Mattheo e Catherine caminhavam pelas ruas de Londres, como faziam frequentemente. O tráfego ao redor passava despercebido, enquanto os dois conversavam sobre livros, lugares e pequenos detalhes da vida cotidiana. A atmosfera era leve, descontraída, mas carregava uma tensão quase imperceptível, fruto de meses de hábitos e observações silenciosas de Mattheo.
Chegaram a um ponto tranquilo, um pequeno terraço com vista para a cidade, onde pararam para observar o movimento ao longe. A brisa leve balançava o cabelo de Catherine. Mattheo não conseguia ou talvez não queria, desviar o olhar dela, e por um momento ela ficou próxima demais de Mattheo. Os olhos dela encontraram os dele, Mattheo sem querer desceu os olhos para a boca de Catherine, brilhando em uma intensidade que ela raramente havia visto.
Por um instante, parecia que ela iria se inclinar para beijá-lo. Mattheo permaneceu imóvel deixando que ela decidisse, estudando cada detalhe do rosto dela, do olhar, do gesto hesitante, quando Catherine finalmente deu um passo a frente para beijar Mattheo, de repente, algo inesperado aconteceu: os olhos de Catherine se estreitaram, e um gesto abrupto denunciou dor. Ela colocou a mão na cabeça, arqueando-se levemente, tentando controlar a intensidade que parecia vir de dentro de si.
— Ah… — murmurou, a voz quase sussurrada, trêmula — mas... mas que m***a, tá doendo demais.
Mattheo inclinou-se levemente para trás, mantendo a calma, observando cada movimento. Ele percebeu que não se tratava de um m*l-estar comum; era algo ligado à sua própria magia ou a algum bloqueio interno dela. Ela respirava fundo, tentando conter a dor, mas a intensidade era visível, quase cortante.
— Catherine… — disse ele, a voz grave, porém controlada — você está bem?
Ela afastou-se alguns passos, segurando a cabeça, os olhos ainda fechados por um instante antes de se recompor, tentando manter o sorriso e a postura normal.
— Estou… estou bem — disse, forçando naturalidade. — Só… uma dor de cabeça repentina, desculpe.
Mattheo a observou, atento a cada nuance. A situação revelava algo importante: havia algo dentro dela que reagia de forma intensa, talvez ligada à sua magia ou a memórias reprimidas. Ele sabia que aquele momento não era apenas um acidente; era uma pista, um sinal de que Anélisse — ou Catherine — carregava em si algo poderoso e sensível, que podia interferir até mesmo em gestos de proximidade emocional.
Ele manteve-se calmo, a mente girando em silêncio:
— Então é assim que você protege a si mesma… ou talvez que o seu passado ainda tente protegê-la — murmurou baixinho, os olhos fixos nela — E eu vou descobrir exatamente o que está acontecendo.