Mattheo estava em seu quarto, a luz baixa, sobre os livros abertos e o pergaminho de anotações mágicas.Ele tentava concentrar-se, mas sua mente voltava sempre a ela.
Desde o último encontro, o ar entre eles parecia diferente, mais denso… como se algo grande estivesse prestes a acontecer.
Foi então que ele sentiu.
Um calor súbito percorreu-lhe o braço, subindo até o peito. A marca discreta do Sanguis Vinculum o feitiço de ligação que ele e Anélisse haviam feito dias antes brilhou em verde vivo, pulsando.
Mattheo se levantou num sobressalto, o olhar fixo na janela.O vento lá fora mudou de direção, girando em espirais sutis até que uma luz verde surgiu do nada, atravessando o vidro sem quebrá-lo.O pequeno corvo encantado pousou na mesa, abrindo as asas e revelando o bilhete dobrado.
Mattheo estendeu a mão e o papel flutuou até ele. As letras se formaram diante de seus olhos, escritas com a caligrafia delicada que ele conhecia bem.
Mattheo,
Eles vão me mandar embora. Talvez antes amanhecer de sábado.
Mas não posso ir sem te ver, sem te dizer o que preciso dizer olhando nos teus olhos.
Encontre - me no jardim das rosas, as duas da manha.
Você sabe o caminho, sempre soube.
A.
Por um instante, ele apenas olhou. O som do relógio marcava o tempo, lento demais para o que sentia.
Mattheo então sorriu, um sorriso tenso, misto de medo e d****o.
— Ela vai fazer algo… — murmurou, — E eu não vou deixá-la sozinha.
Ele vestiu um sobretudo escuro. Pegou a varinha, enfiando-a no bolso interno.
Antes de sair, olhou uma última vez para o espelho.
Seus olhos castanho-escuros, intensos, refletiam a mesma determinação que o pai odiava ver neles.Mas, ao contrário de James, ele não queria poder, não queria ser temido.Ele queria ela.
Mattheo então saiu em silêncio pela porta lateral da casa, atravessando o pátio sob a noite enevoada.O vento carregava o cheiro de terra molhada e rosas, como se o próprio destino o guiasse.
Mattheo conhecia cada atalho, cada rosa.Foi ali que tudo começou o primeiro toque, o primeiro sorriso, o primeiro beijo.
O jardim parecia suspenso no tempo coberto por uma névoa suave, as pétalas das rosas brilhando sob a lua como se estivessem vivas.
E, ao centro, entre as rosas coloridas , Anélisse esperava.
Seu vestido simples oscilava com o vento, os cabelos soltos dançando na mesma melodia silenciosa da noite.
Ela virou o rosto ao sentir sua presença o laço mágico entre eles vibrando, reconhecendo o reencontro.
Mattheo parou por um instante, respirando fundo, antes de caminhar em sua direção.