Mattheo permaneceu diante do espelho por longos segundos, como se pudesse arrancar respostas da própria imagem refletida. Seus ombros largos erguiam e abaixavam num ritmo pesado, o olhar escuro endurecido pelo incômodo que lhe corroía a mente.
Ele já havia procurado — e muito.
Lembrava-se bem das madrugadas passadas revirando baús de heranças antigas, livros de genealogia, pergaminhos amarelados e até fotografias guardadas pelos fiéis seguidores de seu pai. Vasculhara cada nome, cada rosto, cada pista possível. Nenhum levava até ela.
Nada.
E ainda assim, toda noite, ela estava lá.
Mattheo passou a mão pelos cabelos castanhos, frustrado.
Por quê? — pensava. Por que diabos ela sempre aparece?
Não fazia sentido. Sonhos vinham e iam, fragmentos desconexos da mente. Mas essa mulher era diferente. Ela voltava, sempre. Mudava de cenário, mudava de estado, às vezes sorrindo, às vezes chorando, mas voltava.
Era como uma marca.
Ele se afastou do espelho e andou pelo quarto, as passadas pesadas ecoando pelo piso de madeira. O punho cerrou-se involuntariamente, o maxilar também.
— Quem é você, p***a? — rosnou mais uma vez, desta vez com mais raiva do que curiosidade.
Será que era um truque? Uma maldição ? Um eco de algo que não conseguiu destruir?
Ou... seria algo ainda mais profundo?
A dúvida incomodava tanto quanto a sensação que crescia dentro dele: a de que não era apenas um sonho. Era um chamado.
O que ela quer de mim?
Ele se sentou novamente na cama, inclinando-se para frente, os olhos fixos no chão. Pela primeira vez em muito tempo, o pensamento o inquietava de verdade.
Se fosse apenas uma ilusão, já teria cessado. Se fosse só capricho da mente, já teria desaparecido.
Mas não.
Ela estava ali.
Há anos
- Dez anos, porra... DEZ ANOS- Exclamou Mattheo irritado com a situação que lhe acompanhava a tantos anos
- Dez anos que essa mulher me persegue.