Anélisse passa uns bons minutos ali, deitada sobre Mattheo, ele continua segurando ela forte, seus braços envolvendo sua cintura. Ele fecha os olhos sentindo o perfume dela que é estranhamente familiar.
Anélisse de olhos fechados ainda, as lágrimas começaram a cessar devagar, a respiração começa a desacelerar. Os flashes continuam vindo, porém ainda bem bagunçados.
— Theo? — ela chama baixinho
— O que foi Lisse ?— Ele responde baixinho
Anélisse respira fundo, se levanta e senta na frente de Mattheo, ele se senta também,
levando a mão até o rosto dela, limpando as bochechas molhadas pelas lágrimas. Ele é tão delicado e atencioso com ela, que ele mesmo estranha suas atitudes, mas incrivelmente são involuntárias, sinceras.
Anélisse finalmente respirou fundo, sentindo-se mais calma, embora ainda carregasse a confusão e o turbilhão de memórias recentes.
— Como você… chegou até mim? Você se lembrava de tudo isso? E… sabe por que eu esqueci de quem eu era?
Mattheo permaneceu sentado à frente dela, mantendo a calma e a postura firme, mas com uma suavidade que transmitia segurança. Ele respirou fundo antes de responder, escolhendo cada palavra cuidadosamente.
— Desde que você desapareceu da minha vida… ou melhor, desde que fomos separados… — disse ele, a voz grave, intensa — eu não sabia exatamente onde você estava, se você existia, quem era. Mas algo sempre me guiou, me fez sentir . Meus sonhos, começaram a aparecer para mim quando eu tinha quinze anos, e mesmo que eu não lembrasse, eu sentia uma ligação. Sempre soube que você estava… lá, de alguma forma.
Anélisse piscou, absorvendo cada palavra, tentando entender como algo tão impossível parecia se encaixar com a realidade que agora emergia.
— E o fato de eu ter esquecido tudo? — insistiu ela, a voz mais baixa agora — Isso… por que aconteceu?
Mattheo franziu levemente o cenho, lembrando das informações e fragmentos que havia reunido sobre o passado dela.
— Alguém… alguma magia… colocou barreiras em sua memória — disse ele, com cuidado — Provavelmente para te proteger ou para impedir que certas coisas acontecessem. Não sei exatamente quem fez isso, nem todos os motivos… mas o efeito foi te fazer acreditar que você era outra pessoa, Catherine Woodsen, sem nada de mágico ou antigo em sua vida.
Ela respirou fundo, tentando absorver o choque da revelação, e a mente ainda lutava para reconciliar tudo. Um silêncio caiu sobre a sala por um instante, carregado de tensão e compreensão.
— E quanto a… ser bruxa? — perguntou ela finalmente, a voz hesitante — Até agora, eu nem acreditava que existisse magia de verdade. Como eu… vou lidar com isso agora?
Mattheo aproximou-se ainda mais, a expressão séria, mas cheia de paciência e determinação. Ele segurou suas mãos suavemente, permitindo que ela sentisse segurança no toque.
— Você vai aprender — disse ele, firme, mas gentil — E não sozinha. Eu estarei ao seu lado. Não precisa entender tudo de uma vez. Primeiro vamos lidar com a memória, com quem você realmente é, e depois… vamos descobrir juntos o que significa ser quem você nasceu para ser.
Anélisse respirou fundo, sentindo o peso da realidade e a responsabilidade recém-descoberta, mas também o conforto da presença de Mattheo. Pela primeira vez, ela percebeu que, embora sua vida tivesse sido apagada e reconstruída de maneira falsa, ela não estava sozinha.
— Então… você vai me ajudar a lembrar de tudo e a aprender a ser eu mesma de verdade? — perguntou ela, hesitante, mas com uma ponta de esperança na voz.
Mattheo assentiu, os olhos fixos nos dela, transmitindo firmeza e cuidado.
— Sim, Lisse — disse ele, usando o apelido dela novamente, com convicção — Vamos enfrentar isso juntos, do começo ao fim.