Mattheo termina a leitura, fecha com cuidado o caderno, ele solta um suspiro longo fechando os olhos.
É bem... bem exigente, detalhado, difícil.. Mattheo pensa— E se eu estiver enganado ?
— Não posso simplesmente pegar a foto dela em meu aniversário e usá-la, iria assustar ela, ela pode me mandar embora achando que sou louco.
— Não vai ter jeito, vou ter que beija-la sem usar um objeto âncora... e que o feitiço me ajude do jeito que der...
Mattheo se levanta, volta para seu quarto e deita, decidido a usar o contra-feitiço em Catherine no dia seguinte..
O sono de Mattheo naquela noite veio pesado, carregado de pensamentos sobre Anélisse e o feitiço poderoso. m*l fechou os olhos e foi imediatamente transportado para o cenário que há anos aparecia em seus sonhos mais vívidos: o campo aberto, com a grama alta ondulando ao vento, céu claro e o cheiro fresco de verão pairando no ar.
Mas desta vez, algo era diferente. Anélisse estava lá, mais confiante e leve do que ele jamais tinha visto nos sonhos anteriores, os olhos brilhando de felicidade. Ela se aproximou dele com um sorriso aberto e, antes que ele pudesse reagir, o beijou primeiro.
O beijo foi doce, intenso e cheio de nostalgia. Eles riam entre si, brincavam de lançar pequenos feitiços um no outro, trocando beijos rápidos e gestos de i********e natural.
Mattheo sentia o coração acelerar com cada gesto, cada sorriso, cada toque. Era como se o tempo não tivesse passado, como se nada tivesse interferido entre eles. A felicidade dela era contagiante, e ele se permitiu sentir-se plenamente vivo naquele sonho... Ou talvez uma memória do passado que aparecia em forma de sonho.
Mas, durante um beijo mais próximo, quando Anélisse o surpreendeu roubando-o com intensidade, Mattheo percebeu algo estranho. Um frio percorreu sua espinha — havia algo fora do campo de visão, um movimento sutil nas sombras, alguém os observando.
Ele piscou, tentando confirmar, e o vento do sonho parecia carregar um sussurro inquietante. A presença não era casual; havia intenção, uma vigilância silenciosa que não passava despercebida.
— Quem…? — murmurou Mattheo, a voz quase engolida pelo vento do campo, mas intensa na mente dele — Tem algum nos observando?
Anélisse franziu a testa, ainda sorrindo, olhando na direção em que Mattheo está olhando também e ela vê.
—É verdade, tem um homem nos observando... mas, quem ?— Diz Anélisse apertando a mão de Mattheo.
O sonho, que até então era uma repetição doce e feliz de sua adolescência compartilhada, agora carregava um novo elemento: uma sombra, uma presença invisível, que poderia significar perigo ou uma intervenção no destino que os unia.
Mattheo se afastou ligeiramente, segurando as mãos de Anélisse com firmeza, o olhar percorrendo o horizonte do sonho:
— Parece que não é apenas por acaso. — disse ele, a voz firme, a mente já começando a processar quem poderia estar atento a eles e por quê.
O vento continuava a soprar pelo campo, carregando a sensação de que o passado deles ainda estava entrelaçado com forças maiores, algo que não poderiam ignorar, mesmo nos sonhos mais felizes.