44

1272 Words

COCÃO NARRANDO Eu tava lá na Rocinha, encostado na laje do posto, de frente pro beco da Canelinha, sol na cara, fuzil no colo, cabeça longe, quando o celular começou a vibrar no bolso da bermuda. Tava sem paciência, mano. Nem olhei direito o visor e já fui atendendo no seco. — Que que o Breno aprontou dessa vez, dona Cláudia? — falei direto, sem nem dar bom dia. Porque sempre que o número da escola liga, já sei que é merda. Ou o moleque bateu em alguém, ou xingou professora, ou tá aprontando no pátio. O moleque é meu filho, mas herdou minha raiva no sangue. — Senhor Cocão, é a diretora da Escola Cívico Militar da Rocinha. Eu preciso que o senhor venha aqui pessoalmente. É um assunto… sério. A voz dela tava diferente. Mais tensa. Mais… pesada. Aí minha expressão fechou na hora. Levante

Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD