LORENA NARRANDO Eu nunca gostei dele. Nunca! Desde o primeiro dia que ele pisou lá em casa, com aquela farda apertada no peito, aquela pose de moralista como se fosse o exemplo de homem pro mundo… eu soube. Soube que ia dar merda. Rodrigo sempre foi dois pesos, duas medidas. Gosta de bancar o herói, mas tem a alma mais suja que muito vagabundo que ele já botou no camburão. A única diferença entre ele e um bandido de favela é que ele tem crachá do Estado, só isso. Porque de resto, meu amor, ele é pior. A favela, pelo menos, assume o que é. O crime aqui não se fantasia de justiça. Já o Rodrigo, não. Ele faz merda, bate, ameaça, some, mente, volta como se fosse salvador e ainda acha que a gente tem que agradecer a presença dele. E o pior? A Júlia aceita. Aceita, chora, engole seco. Se ar

