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A Filha do Traficante e o Badboy

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Blurb

Entre as vielas da Rocinha, o perigo nunca dorme — e o amor é a mais letal das tentações.

Isadora Monteiro, filha do temido traficante Jorge “Caveira” Monteiro, cresceu cercada por armas, códigos e medo. Tentou escapar do destino do pai, estudando, sonhando, fingindo que podia ter uma vida normal. Mas a favela não perdoa quem tenta sair.

Quando o badboy Lucas Andrade, recém-chegado do Complexo e conhecido por sua impulsividade e charme destrutivo, cruza o caminho dela, o caos se torna inevitável. Ele é o tipo de homem que vive como se cada dia fosse o último — e Isadora é o tipo de garota que nunca aprendeu a se proteger de alguém assim.

Entre balas perdidas e promessas quebradas, os dois descobrem que o amor pode ser tão viciante quanto o próprio tráfico. Só que amar a filha do homem mais temido do morro tem um preço — e Lucas vai ter que decidir se paga com o coração... ou com a vida.

Porque, no morro, ninguém ama impunemente.

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Capítulo 1 — Grades Invisíveis
Isadora Acordo antes do despertador por causa do chiado dos rádios. Eles nunca dormem. O som entra pelas frestas das portas como vento frio: códigos, apelidos, alertas. “Movimentação na curva do Onze”, “manter posição”, “confere o beco sem saída”. A casa respira regras e segredos, e eu respiro com cuidado para não tropeçar em nenhum. O teto do meu quarto tem pequenas rachaduras que se cruzam como ruas vistas do alto. Eu as conto quando a ansiedade ameaça roubar o ar. Hoje paro no oito quando alguém bate de leve. — Menina? — a voz de Dona Nilda é algodão. — Posso? — Pode, Nilda. Ela entra com uma bandeja: café preto, pão com manteiga, um pedaço de mamão em fatias. O avental limpo e a correntinha de Santa Rita brilham. Nos olhos, a mesma pergunta de todas as manhãs: “você dormiu bem?”. Eu minto com um sorriso. — Teu pai já desceu — ela sussurra, como se o nome dele fosse uma senha que pudesse acionar alarmes. — Hoje tem visita. Gente da… logística. “Logística.” A palavra é bonita, mas por trás dela está o mundo que eu tento não nomear. Sombra dá nomes neutros às tempestades. — Vou tomar café e desço — digo. — Toma cuidado com aquilo que você fala, Isa — ela alerta, ajeitando a franja que insiste em cair no meu rosto. — Você é boa, mas às vezes é fogo atiçado. Sorrio com ternura. Se Nilda é algodão, eu sou fósforo tentando não arranhar a caixa. Assim que ela sai, abro a gaveta e confiro o celular. Duas notificações: “Atualização do sistema” e “Localização compartilhada com S—”. Desligo a tela antes que a letra inteira me olhe nos olhos. Visto uma calça jeans escura, blusa preta de alças, a jaqueta que Nilda diz que me “dá postura”. Desço as escadas sentindo o cheiro de café se misturar ao de óleo de arma, por mais que tentem esconder com aromatizador. Na sala, dois homens conversam em voz baixa. Reconheço um deles: n**o Célio, segurança veterano, que me cumprimenta com respeito sincero. — Bom dia, princesinha. — Bom dia, Célio. A palavra “princesinha” deveria aquecer, mas nas paredes desta casa ela vira moldura. Sombra me espera no escritório, porta entreaberta. O rádio sobre a mesa lateja luzes. Ele se levanta quando me vê. É um homem de sombras mesmo à luz do dia: ombros largos, barba rala, olhar que pesa. — Minha filha — fala com uma brandura que só existe quando somos dois. — Senta. Sento. Ele analisa meu rosto como quem confere um mapa antes de entrar no território inimigo. — Falaram que você pediu de novo aquele cursinho noturno — começa, direto. — Eu entendo tua vontade, Isadora, e não sou teu inimigo. Quero dizer que o inimigo não se define pelo que diz, mas pelo que impede. Engulo. — Eu só quero estudar sem professor particular, pai. Quero andar de ônibus, perder a hora, ter prova surpresa… coisas idiotas de gente normal. Ele encosta os dedos, formando um triângulo, a aliança batendo discreta. — Coisas de gente normal não cabem na nossa vida. — A frase cai como sentença. — “Gente nossa cuida da sua matrícula.” Você terá o que é preciso. Em segurança. — Segurança ou prisão? — A pergunta escapa antes que eu a dome. Os rádios estalam. Ele me olha mais fundo. Por um momento, vejo passar no seu rosto um relâmpago de cansaço. — Não me provoca, Isadora. A voz de Nilda atravessa o corredor: — Seu Sombra, desculpe interromper… Seu compadre já tá lá embaixo. Ele suspira e se aproxima. Beija minha testa. — Eu faço o que faço para te manter viva. A gente conversa depois. A porta se fecha e o escritório volta a ser um bunker. Fico alguns segundos parada, com a impressão de que o ar pesa mais quando ele está por perto. No espelho do corredor, minha imagem devolve uma garota em postura ereta que aprendeu a não chorar de portas abertas. Volto à cozinha. Dona Nilda me espera, percebendo o que não digo. — E aí? — A sentença é a de sempre — respondo, tomando o café que já esfriou. — “Segurança”. Ela se senta de frente para mim, mão quente sobre a minha. — Tua língua é afiada, mas teu coração é mais. Só não deixa que ele te leve onde teus pés não podem correr. — Como se eu pudesse correr — ironizo, e imediatamente me arrependo. — Desculpa. Nilda sorri de canto. — Teu pai tem olhos no morro inteiro, mas só dois aqui dentro. Um tá cansado. O outro tá com medo. Não cutuca. Ficamos em silêncio por alguns segundos, apenas o rádio da sala conversando com outros rádios invisíveis. De repente, vozes do lado de fora, pneus, um portão batendo. A visita. Nilda se levanta para dar ordens sobre o almoço; eu lavo a caneca, gesto sem pressa que me dá a sensação infantil de controlar alguma coisa. Subo para o quarto. Precisava respirar onde a minha respiração não ecoa. Fecho a porta. O celular vibra no bolso: Tainá. “Sumida, meu amor. Ainda viva?” Sorrio. Tainá é a parte do mundo que ainda me chama por um nome que não dói. “Viva e dentro da caixa.” “Sábado tem coisa. Te falo.” “Coisa?” “Coisa.” Guardo o aparelho, ainda sorrindo, e decido organizar a estante para fingir movimento. Entre um livro e outro, encontro um envelope dobrado, daqueles simples, papel pardo, preso atrás do volume de “O Cortiço”. Meu coração acelera. Faço o gesto automático de olhar a porta, como se paredes tivessem olhos. Abro. Dentro, um pedaço de papel de caderno, arrancado com pressa, letras apertadas de quem escreveu fugindo do relógio: “Baile do Fio, sábado.” As quatro palavras batem no meu peito como se fossem mais do que um convite — uma brecha. Uma frase curta capaz de deslocar eixos. Sinto o suor na palma das mãos, as costas esquentando como se eu tivesse acabado de correr. O rádio estala de novo, agora distante, e eu imagino a noite: luzes espalhadas pela laje, batidas que sobem do chão, corpos anônimos que existem sem sobrenomes. Uma máscara de renda, talvez. Um nome que não é o meu. Deito o papel sobre a cama e fecho os olhos. A imagem de Sombra surge como um aviso: “olhar é convite, e convite custa caro”. Eu sei. A vida me treinou para recusar. Ainda assim, há um pulso dentro de mim que não obedece a ordens. O fósforo roça a caixa. Batem à porta. Endureço os ombros. — Isa? — n**o Célio. — Teu pai pediu pra você não sair hoje. O movimento lá fora tá… chato. — Eu sei, Célio. Vou ficar quieta. Ele hesita. — Qualquer coisa, grita. Ouço seus passos se afastando. Abro os olhos. O papel me olha de volta, insolente e promissor. Sento na beira da cama, o coração tropeçando nos próprios passos. Entre a segurança que me sufoca e a vertigem que me chama, uma linha fina e cortante. — “Sábado” — repito em voz baixa, como quem testa a palavra na boca. Dobro o bilhete com cuidado e o escondo na capa dura do caderno de biologia. O lugar menos romântico que encontrei para algo que me acende. Depois, fecho a janela, apago a luz, encosto a testa no vidro frio. Lá fora, a Rocinha vive, vibrante e perigosa, o mundo de Sombra. Aqui dentro, eu existo, contida e pulsando, a filha dele. Eu sei o preço da curiosidade. Eu sei o custo do convite. Ainda assim, uma certeza pequena, teimosa e luminosa se acende como vela no quarto escuro: Eu quero ir. E, desta vez, talvez eu vá.

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