Curioso

1219 Words
Luca Smith Nos meus 23 anos eu precisei fazer inúmeras coisas para me tornar o herdeiro perfeito. O meu pai sempre liderou o nosso império com mãos de ferro e me criou da mesma forma. Ele me quebrou em mil pedaços para me tornar mais forte, para que ninguém pudesse me destruir, além dele. E entre as muitas coisas que eu tive que fazer, seguir, investigar e aterrorizar garotas, estava incluso. Foi essa desculpa que dei a mim mesmo ao ficar dentro do carro na porta da mansão Walker até ver a sombra desesperada da Amanda correndo pelos jardins, na direção de um carro preto. E mantive a mesma desculpa ao segui-la até o Royal Hospital Chelsea,. O meu conflito era intenso, não sobre o que eu estava fazendo, mas o que eu faria a seguir. Eu pensei por alguns minutos em entrar atrás dela, mas achei melhor esperar. Eu não estava no meu melhor dia. O olhar de decepção do meu pai, antes de caminhar até a limousine, ainda me atormentava, Mesmo que a minha mãe tenha tentado me tranquilizar que resolveriamos tudo. Eu sabia o quanto aquela aliança com os Walkers era importante para fortalecer a nossa imagem diante do primeiro ministro. Não demorou para a Amanda voltar ao carro e eu tornei a segui-la, dessa vez fui parar no subúrbio de Londres e parei em frente a um conjunto de prédios humildes, assim que eu vi ela entrar com o carro. Durante a primeira hora eu esperei para ver se ela sairia, mas como ela não saiu, eu liguei para o Christopher, meu braço direito e pedi tudo o que ele conseguisse de informações sobre a Amanda Brown. Empregada da família Walker. Esperei que ele questionasse os meus motivos, mas ele não fez isso. Fui para o meu apartamento, não para a mansão Smith, para não precisar enfrentar o meu pai essa noite, e não consegui pregar o olho a noite inteira e só me dei conta que o que me movia, era mais do que curiosidade, quando me vi novamente dentro do carro, parado em frente aos prédios do subúrbio de Hendon, depois de concluir que eu só sairia daqui quando ela aparecesse. Eu precisava falar com ela de novo, principalmente depois de ontem, quando aquela c****a humilhou a menina por minha causa. Não me surpreendi quando ela saiu e foi direto ao hospital, exatamente como na noite anterior. Depois de quase uma hora dentro do hospital, eu estava prestes a ir atrás dela, quando ela saiu. Dessa vez ela saiu a pé pela rua, ao invés de ir para o carro. De novo, só me dei conta do que estava fazendo quando sentei na mesa de frente para ela, dentro do Starbucks. A luz do dia, ela era ainda mais linda, do que eu me lembrava, e o tom rose do vestido destacava as feições dela. O vestido era simples, mas caía perfeitamente nas curvas dela, e logo eu estava imaginando, o tecido deslizando para fora daquele corpo nas minhas mãos. A garçonete me tirou dos meus pensamentos, jogando mais charme do que eu era capaz de suportar, para cima de mim. Tomei um expresso enquanto ela tomava distraidamente um café com leite gelado, olhando para o nada. Ela parecia abatida, como se estivesse preocupada, e os olhos estavam inchados. E estava tão alheia ao que acontecia em volta que não levantou os olhos para mim nenhuma vez. No terceiro café, ela tirou uma pasta da bolsa, e começou a mexer em muitos papeis, mas ignorou todos eles, abrindo uma segunda pasta, e como se eu fosse um maníaco, não consegui desviar o olhar da mudança das expressões dela, enquanto encarava o conteúdo da pasta. Ela sorriu de leve em alguns momentos, com lágrimas escorrendo dos olhos e precisei segurar o impulso de ir até ela e aninha-la contra o meu pe|ito. Estalei a língua quando a garçonete voltou, oferecendo mais um expresso. A dispensei sem nem olhar para ela, e nesse ponto, o alvo da minha mais recente obsessão estava analisando os papeis da pasta. A expressão dela carregava uma preocupação óbvia, enquanto ela lia, e olhava de um papel para o outro. Resolvi me mover quando a expressão de preocupação se tornou choque, e foi impossível acompanhar qualquer coisa. Eu precisava saber o que ela estava pensando. O que tinha naquele papel que a abalou tanto? Levantei e respirei fundo, mas ela não levantou os olhos do papel. Ok, isso está ficando vergonhoso. Faz 1 hora que eu estou com os olhos fixos nela, de frente para ela, e ela não levantou o olhar para mim nenhuma vez. - Amanda? - Chamei já me aproximando e parei de pé, de frente para ela. Ela demorou um momento, mas logo me encarou, os olhos verdes apertando, enquanto ela me olhava, analisando quem a chamava. Contei até 10, antes de declarar quem eu era, quando a expressão dela mudou de novo, agora em reconhecimento. - Senhor Smith? - Ela perguntou e eu revirei os olhos para as palavras formais. - Luca, só Luca. - Falei e puxei a cadeira na frente dela, e me sentei. Ela apertou o vinco entre as sobrancelhas com o meu movimento, a expressão se tornando choque. - Posso te ajudar, Luca? - O tom dela não era receptivo e eu forcei um sorriso. Eu tinha a atenção dela completamente para mim e não sabia o que dizer. - Eu estava tomando café e te reconheci. Quis saber como está, depois de ontem? - Ela piscou. Uma, duas, três vezes, e começou a se mover, guardando todos os papeis e a pasta, dentro da pasta maior. Depois que terminou, apoiou as duas mãos em cima da mesa e me encarou de novo. - Estou bem, senhor Smith. - Ela fechou os olhos por um segundo. - Luca. - Foi impossível não sorrir da confusão dela. Ela não tem noção do quão linda ela é. - Sinto muito por ontem. - Falei, com honestidade. - A forma com que a Patrícia lidou com a situação. Ela bebeu um gole do que deveria ser o quarto café dela. - Está tudo bem. - O tom de voz dela ainda tinha um tom ríspido, muito diferente da noite anterior. - Não sinto que está tudo bem, acho que estou em dívida com você. - Ela levantou uma das sobrancelhas, um sinal claro de desafio, e apertou os lábios em uma linha fina. - Quero te recompensar … - Um rubor deliciosamente lindo começou a subir pelo decote dela, tomando o pescoço e antes que eu pudesse terminar a minha análise e a minha frase, ela se colocou de pé. - Não é necessário, Senhor Smith. Era o meu trabalho lidar com situações como a de ontem. Você não me deve nada. - Ela pegou a pasta e a bolsa e antes que eu pudesse reagir, ela saiu pela porta. Precisei de 5 segundos para entender o que tinha acontecido. O que a fez reagir assim? Notei que um dos papeis que ela analisava antes, caiu no chão, enquanto ela saia correndo. Peguei, já pensando que era uma excelente desculpa para segui-la. Só me dei conta da importância daquele papel, quando bati os olhos e li o que dizia o papel.
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