O beijo e as sensações. ( Larissa)

1052 Words
" Convicção tenho que esse sentimento pode me ferir, no entanto não abrirei mão de sentir essas loucas sensações que seus beijos me despertam." Por: Larissa. (Duas semanas depois...) Deu a louca no tempo: um sol forte pousou sobre Alegrete. Aproveitei para me refrescar na cachoeira que fica dentro de uma área preservada aqui da fazenda Caravaggio. Meus pais me pediram para não ir; ambos estão ressabiados, acreditam que Pietro tenha uma aversão a minha pessoa. E eles têm razão, o homem realmente não gosta de mim e não perde a oportunidade de deixar isso evidente. Uma animosidade gratuita, uma vez que nunca fiz nada para o sujeito. Mergulho mais uma vez nas águas claras, boiando enquanto os raios de sol penetram na minha pele. O barulho da cascata, ecoando forte com sua magnitude, relaxa os meus músculos. Minha mente vagueia e para em um par de olhos cinzentos, frios e carregados de ameaças veladas. Suspiro frustrada. Estava sendo assim: do nada, eu me flagrava pensando nele, em seus olhos. Pietro é um homem lindo. No entanto, sua arrogância e prepotência precedem e anulam qualquer uma das boas características que possui. De que adianta ser bonito por fora quando se é podre por dentro? O toque do meu celular chega até meus ouvidos. Nado até a margem, pego o aparelho e vejo que é dona Luzia quem me liga. _Oi, mae! _ Não vai embora, resolveu morar por aí? Sabe que horas são? Duas da tarde, menina! Você está há mais de quatro horas nesse lugar, não sente fome? _ Água está tão gostosa, que acabei me distraindo. _ Anda, Larissa, vem almoçar. _ Estou indo, beijos. _ Beijos, filha! Encerro a chamada e me apresso em pegar as coisas que trouxe, colocando-as dentro da mochila. Por cima do biquíni, visto a saída de praia. Ando pelo estreito caminho cheio de pedras e pego Roseta, uma égua da raça Mangalarga que pedi emprestada ao senhor Laurentino. Puxo o animal pelas rédeas até chegarmos à estrada de terra que leva ao coração da fazenda. Quando estou prestes a montar no lombo do animal, eis que surge o d***o em meu caminho. Vejo a caminhonete que Pietro usa para se locomover pelas suas terras levantar uma cortina de poeira conforme vai deslizando. Desisto de subir, desço meu pé do estribo. O veículo está atravessado na rua, impedindo a minha passagem. O homem desce do veículo e vem em minha direção. Engulo em seco, sabendo que está vindo mais uma confusão por aí. Um leve tremor percorre meu corpo, no entanto estou decidida a não permitir que ele me humilhe. Passou da conta, agora chega. Responderei à altura suas palavras ofensivas. _ O que você está fazendo com esse animal dentro da minha propriedade? Quem te deu autorização para perambular por aí com esse pé de pano? Sabe que pode esse pangaré tiver alguma doença vai causar uma desgraça nos bichos da minha fazenda?- fala, enfiando as mãos nos bolsos da calça e me lançando um olhar de desdém. Não me acovardei, o encarei com empáfia. Num arrojo de coragem, dei um sorriso frio em sua direção. Peguei no bolso externo da minha mochila vários papéis e estiquei-os em sua direção. _ A égua não tem anemia infecciosa, os exames dela podem comprovar - sacudi as folhas em sua direção - ela pertence ao seu Laurentino, que a mantém nessa fazenda com o aval do seu pai, portanto, se não gosta da presença do animal aqui, resolva com seu Gerardo! - completei. O príncipe pega os papéis e folheia um a um. Em seguida, me devolve. Irradiando por dentro, eu os guardo. De repente, sinto meu corpo ser puxado com força e sou lançada de costas na lataria do veículo, tendo o corpo do Pietro me prendendo ao carro. Assustada, olho para o homem que me fita com um olhar penetrante. _ Mas o quê... A boca dele colide com a minha, sua língua invade a minha cavidade bucal, num beijo louco, desesperado e faminto. Então a magia explode. Tudo o que eu esperei e ansiei vem à tona. No entanto, acontece com o toque do homem errado. Meus pés flutuam, parece mais que bailamos entre as nuvens. Milhares de borboletas alçam voo em meu estômago e suas asas farfalham avidamente, fazendo com que milhares de raios percorram meu corpo. Meu coração acelera, ao mesmo tempo que o perfume dele, misturado ao seu cheiro de homem feito, me embebeda. Sua língua baila com a minha. Sinto uma pontada no meu baixo ventre, um calor que não sei identificar me toma. Perdida, agarro em sua camisa. Sua mão firme segura a base da minha nuca, aprofundando mais ainda o beijo. " Céus! Estou derretendo nas mãos dele!"- penso. Um formigamento se apodera da minha pele e eu queimo como se tivesse sido lançada no próprio inferno, como se diante de mim estivesse o próprio dono, sorvendo de meu ser cada gota de sanidade que possuo. Sinto-a se esvair. Sua mão apalpa minha cintura e em seguida me envolve, puxando-me de encontro ao seu corpo. Sinto algo duro apertar meu estômago. Um arrepio gélido percorre minhas correntes sanguíneas quando percebo que ele está com seu órgão s****l duro feito rocha. Agarro os resquícios de estabilidade que ainda me restam e o empurro com toda a força que possuo. Percebo tardiamente que estava beijando o homem que me disse inúmeras grosserias e me tratou com estupidez desde o primeiro dia em que nos vimos. Com a minha respiração errática, sem fôlego algum, me afasto dele. Seus olhos estão travados em mim, um olhar afiado e ameaçador. _ Nunca mais ouse se aproximar de mim! Nunca mais! - vocifero, limpo minha boca com as costas das mãos e em seguida cuspo no chão. Pego Roseta, que pasta despreocupada na margem da rua, monto na égua e contorno o carro do infeliz, entrando dentro dos matos. Instigo o animal a correr, quero logo chegar em casa, me afastar do homem que me levou ao céu com um mísero beijo. Meu coração está disparado, meu corpo ainda sofre com as sensações avassaladoras que senti. Aquele maldito beijo despertou algo forte dentro de mim, sinto-me desabrochando para algo desconhecido, algo novo e tenho medo, muito medo do meu coração padecer.
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