" Eu te quis, mesmo preso na dor, mesmo sendo atormentado pelos meus demônios, mesmo acreditando que te quebraria em milhões de particulas...eu te quis."
Por: Pietro.
Faz tempo que não dirijo pela fazenda; a poeira levanta conforme acelero pela estrada de terra.
Hoje é dia de conferir os estoques de ração e sal mineral que foram entregues ontem. Quero ver de perto como é feito o armazenamento destes e verificar se as baias estão sendo realmente limpas como deve ser feito, e se as camas dos cavalos estão sendo trocadas. As maravalhas têm de ser substituídas por uma nova forração.
Olho para o horizonte, seu verde intenso me recebendo, tão intenso e vibrante.
Pisco e a lembrança dos olhos dela me vem à mente.
_c*****o! - brado dando um soco no volante.
Faz cinco dias que não vejo nem sombra da menina. Acreditei que a sensação que tomou meu corpo quando observei a ragazza era momentânea. No entanto, esse afastamento que impus me provou o contrário. A garota não sai dos meus pensamentos.
Nas poucas horas que dormi na noite passada, ela apareceu nos meus sonhos. Neles, eu esculpia meu nome em suas costas, usando uma das minhas facas.
Meu prazer aumentava a cada gota de sangue que escorria por sua pele alva, enquanto a excitação se agigantava diante da confirmação de que ela me pertencia.
Despertei suado e ofegante, com o meu corpo febril dominado pelo t***o.
Estou quente até agora, meu p*u ficando meio mastro toda vez que a recordação desse sonho me domina.
_ Mas que p***a é essa agora, t***o por uma menina? Tá de brincadeira, né Pietro, cazzo!- resmungo comigo mesmo.
Faz pouco tempo que fodi com uma loira atraente que tinha os olhos da mesma cor dos da minha Pâmela, então eu não via razão para estar com a minha libido dando solavancos descontrolados dentro do meu corpo.
Segui pensativo até as baias, querendo mesmo terminar de organizar tudo para ir até o hospital visitar o meu pai. Gerardo ainda encontra-se em excelente recuperação e estou na expectativa de que continue assim dia após dia. Espero poder retornar para a Itália o quanto antes.
Assim que estaciono e desembarco do veículo, perto da porteira de entrada vejo o veterinário acompanhando um dos tratadores que treina um animal no redondel.
_ Bom dia! - cumprimento para que fiquem cientes da minha presença.
O tratador apenas dá um leve menear de cabeça em minha direção e retorna sua atenção para o animal.
_ Oh, seu Pietro. Bom dia, tem notícias de vosso pai?- o veterinário pergunta ao se aproximar.
_ Está convalescendo, irei vê-lo hoje. - falo, olhando o equino da raça Knabstrupper. O animal se destaca pela sua elegância a cada passada que dá e pelo visual da sua pelagem, que parece a de um Dálmata tamanho família.
Fernando olha para o relógio.
_ Já deu, Flávio, pode levar Feijor para banhá-lo, confine-o na baia 15 e abasteça o cocho com feno, não esqueça de verificar a água. - diz arrumando os óculos de armação fina.
O tal Flávio, saí levando o cavalo para o local de lavagem destinado aos eqüinos.
_ Preciso da planilha com o detalhamento das medicações que o senhor dispõem em sua farmácia.- falo.
_ Estou termiando de preencher, infelizmente tive que parar com as anotações, preciso acompanhar de perto o preparo do Feijor. Vou agora mesmo finalizar e lhe trago, com licença. - diz saindo da minha presença.
Fico na parte de trás da baía, olhando para uma pequena floresta que fica a leste da propriedade, quando meus olhos captam uma imagem belíssima: a garota surge cavalgando em Alphina, uma égua da raça Andaluz que pertence à minha mãe. Observo embevecido os cabelos da menina ondulando conforme o animal corta o ar. Perco o fôlego, meu corpo vibra. Sem perceber, ando para perto da cerca e, quando dou por mim, estou com os braços apoiados no arame liso, totalmente preso na imagem dela. Até que algo acontece e uma irritação desmedida toma minha carne por completo.
Um homem aproxima-se da ragazza, ambos parecem conversar. Ele está tão perto dela, que sinto meus nervos inflamar, estalo os ossos do meu pescoço, estou sendo consumido vivo pela raiva.
Retorno para o calçamento da área onde os animais pernoitam e acompanho a interação entre os dois.
" O que será que tanto conversam?"- me pergunto mentalmente.
Sinto vontade de ir lá e arranca-lá das vistas dele, travo meu maxilar de olhos fixos nos dois.
Até que o homem dispara em minha direção e em seguida a garota faz o mesmo. Os olhos de Larissa ficam enormes ao me ver e o sorriso lindo que exibe, vai se desmanchando que nem um castelo de areia que o vento forte faz questão de desmoronar.
A palidez toma sua face, lhe roubando o ar sadio.
" Ti sto guardando, ragazza!"- transmito a mensagem através do silêncio dos meus olhos.
Vejo o desconforto que ela sente diante da minha presença e gosto disso, saboreio causar-lhe tremendo desconcerto.
"A festa acabou, você nunca mais vai sair por aí cavalgando meus animais na companhia de outros homens. Eu não permito!" - falo mentalmente, sem deixar de olhá-la.
O infeliz parece alheio à minha presença e comemora ter sido o primeiro a chegar.
Sou rude, falo p************s para a menina e ordeno que desça do animal.
_ Calma, Lari, eu te ajudo a descer.- O maldito falou aproximando-se da garota.
" Mas que p***a de i********e do c*****o é essa? Será que esse parvo é namorado dela?"- indago com um gosto ferruginoso tomando a minha boca.
Sinto a fúria me golpear quando as mãos do infeliz tocam-na, tremi ,travando meus dentes ainda mais na parede interna da minha bochecha, aprofundando a ferida que fiz.
Tenho vontade de arrastar o maledeto daqui e decepar fora suas mãos. O suor gelado desce por minhas costas, faço uma força do c*****o para manter meu auto-controle, quando a boca dos dois ficam há poucos centímetros uma da outra.
" Se ocorrer um beijo entre eles, todo o meu esforço vai para a p**a que pariu, pego a minha adaga e arranco a língua do infeliz na frente dela."- penso, travado meus punhos.
_ Obrigada, por tudo Rô.
Meus olhos flamejam ao ver a forma carinhosa como ela fala com o desgraçado.
Acompanho tudo vestindo a minha melhor máscara de frieza, no entanto em meu interior estou igual a um vulcão em erupção.
A menina passa perto de mim e o cheiro dela chega às minhas narinas, um aroma adocicado de morango que me entorpece, me deixa louco. Tenho vontade de pegá-la pelos cabelos e fazê-la se curvar aos meus desejos mais sórdidos.
No impulso agarro o seu braço direito, fazendo com que seus passos cessem.
Seus olhos verdes fixam-se em mim, primeiro com surpresa e em seguida a névoa de raiva se faz presentes nas duas esmeraldas. O leve arfar que escapa de seus lábios rosadas, faz com que uma onda de eletricidade percorra meu corpo.
_ Você está proibida de pisar nessa baia! Estou sendo claro?- falo comprimindo o desejo de provar do seu sabor direto da fonte.
_ Como água! -fala se desvencilhiando do meu toque - Aproveita e dê uma olhada na égua, veja se está faltando algum pedaço! - diz com mágoa escancarda.
Apesar da raiva contida nas palavras que escapole pela sua boca convidativa, sua voz aveludada chega aos meus ouvidos, provocando-me arrepios calorosos.
"Quero você, garota. Quero e a terei!" - penso mentalmente enquanto a vejo ir embora, seus fios ondulados movimentando-se a cada passo que ela dá.
"Volto" a minha atenção nos dois homens que me encaram com ferocidade. Como se isso fosse me causar medo, eles não têm noção de quem eu sou e as coisas que fiz e faço. Não será feições duras que colocarão pavor em mim.
_ O senhor está ciente, que sua filha não pode mais por os pés aqui e muito menos tocar nos meus animais. São ordens, Fernando e não um pedido.- advirto.
Vejo o homem respirar com dificuldade, pouco me importa se está ardendo em brasas de descontentamento, aquela menina ficará distante dos machos deste lugar e principalmente deste loiro caipira que evidentemente está interessado nela.
_ Enquanto a você, Rodrigo, apartir de amanhã seu posto será no curral do perímetro oeste, cuidará dos bezerros e da rotação de pasto.- aviso.
_ Isso é uma represália por eu ter levado a Lari, para cavalgar?- pergunta com um sorriso de escárnio no rosto.
Fico colérico quando mais uma vez, ele se refere a garota com uma i********e que me inquieta.
_ Não lembro de ter pedido sua opinião a respeito das minhas decisões. Aqui se faz o que eu mando, é para isso que vocês são pagos. Se não está satisfeito, é só comunicar ao gerente que faremos o seu desligamento da fazenda. - Falo de forma seca e cortante.
O sorriso cretino que o pulha carrega no rosto, some.
_ Fernando a planilha, terminou?
_ Claro, aqui está. - diz me estendendo a folha preenchida.
Pego-a e corro meu olhar por cima.
_ Ótimo, agora vamos ao depósito de ração. - falo me movendo para o início da escada caracol.
Subo cada degrau com a imagem da menina sorrindo enquanto cavalgava sendo bombardeada em minha mente.
" Você aquecera minha cama, Larissa."- falo mentalmente.