Passeio frustrado.( Larissa)

1188 Words
" Foi no mar adocicado dos seus olhos que me perdi, sou um náufrago desse amor que nasce no meio do olho do furacão e que me arrebata por completo." Por: Larissa. O vento açoita os meus cabelos, fecho os meus olhos, me sentindo livre, como se pudesse alçar voo a qualquer momento. Alphina perde o passo nos galopes precisos. A égua dispara pelo estreito caminho que corta o pasto. Meu coração dispara de contentamento, tem momentos que são memoráveis e este é um deles. Quando meu pai me convidou para acompanhá-lo até a baia dos animais, ele queria me animar. Faz cinco dias que não ponho mais os pés na casa dos Grecco, cinco dias que aquele ogro me humilhou e marcou meu corpo. Carrego no ombro o hematoma que adquiri depois de ser lançada contra a parede. De imediato, aceitei. Não queria ficar remoendo as p************s que aquele infeliz me disse. E nos últimos tempos, é o que eu mais tenho feito. É doloroso pensar que uma potra de pelagem tordilha, quando fomos abordados por Rodrigo, um peão loiro dono de lindos olhos de coloração âmbar. _ Bom dia, senhor Fernando! Meu pai olhou para o tratador que está montado em Romanos, um cavalo de pelagem n***a, lindo. _ Bom dia, Rodrigo! O loiro me lançou um olhar estranho, seus olhos cintilando, e um sorriso suave tomou conta de seu rosto. _ Que surpresa boa ver você por essas bandas, Larissa. - falou desviando o olhar e mirando o horizonte. _ É rapaz, minha filha anda meio desanimada, então resolvi trazê-la para a baía comigo. Um pouco de contato com os animais cura qualquer desânimo, não é mesmo? - Claro, seu Fernando. No entanto, tenho uma ideia melhor. - fala voltando seus olhos ao meu encontro - Sabe montar, Larissa? _ Sei, porquê? _ Vou levar você para dar uma volta pela fazenda. Topa? Seu convite me deixou entusiasmada, há meses não cavalgava. _ Claro!- falei empolgada- Tem algum problema se eu for, pai? Meu pai acompanhava com um sorriso discreto nossa interação. Não era segredo para ninguém que o senhor Fernando, conserva uma certa admiração pelo loiro. _ Não, princesa. Quero mesmo é vê-la feliz e não cabisbaixa. _ Ótimo, vou me apressar para preparar Alphina.- Rodrigo, disse e tocou o cavalo que disparou. Agora estou aqui, com o sol aquecendo minha face e um sorriso largo nos lábios. _ Devagar, Larissa! Escuto a voz do Rodrigo, olho para trás e o vejo se aproximar cada vez mais. Gargalho, imersa no prazer que há muito não sentia.Como pode as palvras duras de uma pessoa desconhecida, desestabilizar tanto o nosso emocional. Pietro conseguiu esse feito: me deixou no chão com seus insultos e seus olhares duros. _ Vamos apostar uma corrida? - sugiro. _ Não começa.- falou emparelhando seu animal rente ao meu. _ Anda, só dessa vez.- insisto. _ Garota! - ele me olha e sorrir exibindo a arcada dentária perfeita . _ Aceita, Rodrigo. Escuta se eu ganhar, quero ter mais desses passeios e se você ganhar... _ Quero que aceite ir a expor-agro, comigo.- fala na cara dura. Olho sem ação para o homem. Penso por um breve momento na sua condição. _ Aceito, mas que fique claro que será um encontro de amigos - aviso para que não haja m*l-entendidos entre nós. Percebo que seu olhar perde um pouco do viço que tinha antes. _ Tudo bem, Larissa. Então se prepare para perder.- diz colocando o seu animal em ação. _ Seu trapasseiro de uma figa!- grito e instigo Alphina a dar tudo de si nessa empreitada. Eu estou tão absorvida na tentativa de ultrapassar Rodrigo que não percebo que estávamos sendo observados. Quando meus olhos se fixaram na figura, vestida de preto como sempre, meu corpo esfriou. Por muito pouco não perdi o equilíbrio e caí feito uma jaca madura no chão. Meu parceiro na corrida parece não se importar que o filho do patrão está nos olhando, sustentando uma carranca medonha. " Céus, e agora? "- penso. O olhar duro de Pietro não desvia de mim. _ Ganhei, Larissa! Hullll, agora voc... A comemoração exacerbada do Rodrigo, foi cortada pela voz fria e rascante que fez meus ossos arrepiarem. _ Quem deu autorização para que os filhos dos funcionários usem os cavalos da fazenda? Os olhos cinzentos desviaram-se para o tratador, e vi o sorriso triunfante do rapaz murchar feito uma flor exposta ao sol do meio-dia. — Senhor Genaro, nunca se importou .— disse meu pai, surgindo por uma porteira localizada atrás das costas do sujeitinho intragável. Os olhos de Pietro fixaram-se no meu rosto. _ Isso foi antes da minha gestão. Eu não autorizo!- comunica com a voz modulada. Seu olhar me atinge em cheio. _ Desça desse animal, imediatamente! Meus cavalos não são preparados para ser montado por qualquer um!- fala com rispidez. Um nó se forma na minha garganta, lágrimas queimam nos cantos dos meus olhos. _ O senhor não pode... _ Não posso o quê? Essas terras são minhas, esses animais são meus, se tem alguém que não pode nada aqui, são vocês. - fala circunspecto, sustentando a altivez real que o circunda. Seus olhos frios me atingem em cheio, suas íris parecem mais um mar turbulento. _ Desça, imediatamente garota! Não está ouvindo?- vocifera. Meu corpo treme por inteiro. Me preparo para descer da égua. Engulo em seco, vendo meu pai travar os punhos. Ele está sendo consumido pela raiva. Fechei meus olhos e tomei uma lufada de ar. _ Calma, Lari, eu te ajudo a descer.- Rodrigo fala aproximando-se de mim, suas mãos quentes encaixam-se em minha cintura. O rapaz sustenta o meu corpo num aperto firme, sou depositada no chão, nossos olhos se cruzam e nossas bocas ficam a centímetros uma da outra. Me seguro para não chorar na frente do meu amigo, não quero causar mais consternação. _ Obrigada, por tudo Rô.- falo baixo. Sem encarar ninguem sigo pelo caminho, tendo que passar perto do demônio em pessoa. Ao cruzar a porteira, sinto uma mão segurar meu braço, olho assuatada e vejo Pietro com o seu corpo perto do meu. _ Você está proibida de pisar nessa baia! Estou sendo claro?- diz entre dentes, destilando raiva. _ Como água! -falo me soltando do seu toque que queima a minha pele- Aproveita e dê uma olhada na égua, veja se está faltando algum pedaço! - completo dando as costas para o arrogante. Aquilo parecia ser perseguição, que o homem não me suporta isso é evidente, agora me proibir de estar em alguns lugares da fazenda é um absurdo. Caminho a passos rápidos com as lágrimas transbordando dos meus olhos. " Caramba, por que esse homem cismou comigo? O que eu fiz para ele sempre me tratar com grosseria?"- as perguntas sondam a minha mente. Uma coisa é certa, Pietro é mil vezes pior de lidar do que o senhor Gerardo. Quando chego em casa, sigo para o banheiro, precisando urgente de um banho. Quero me livar não só do suor da Alphina, mas da raiva que inflama meu sangue.
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