Síria acordou bem descansada. Lembrando da cena dos rapazes na noite anterior, um sorriso estampou o seu rosto. Ela tomou banho, vestiu uma calça de tactel preta e uma regata branca, calçou um par de chinelos e desceu para tomar café. Os outros já estavam à mesa.
— Bom dia — disse ela.
— Bom dia — responderam.
— O que temos para hoje? — perguntou, enquanto se servia de uma xícara de café.
— Preciso que você e Nico façam uma visita ao Júnior hoje — respondeu Ricardo.
— Ele andou aprontando? — perguntou Síria, com um meio sorriso.
— Descobri que está passando informações sobre nós para um rival.
— Finalmente, um pouco de ação! — disse Nico, sorrindo.
— Xavier e Charles, preciso que investiguem algo para mim. Alguém andou invadindo o nosso servidor. Quero saber quem foi. Façam uma visita ao desgraçado e consigam informações — disse Ricardo.
— Pode deixar, chefe. Até de noite já vamos ter algo — respondeu Charles, já se levantando e saindo, acompanhado de Xavier.
— O que você acha que é, chefe? — perguntou Síria.
— Alguém está coletando informações sobre nós. Ainda não sei quem, mas isso está se tornando perigoso. Vou reforçar a segurança nos servidores, mas alguns aliados parecem ter mudado de lado. Isso me preocupa.
— Podemos dar um jeito nos aliados, mas acho que devíamos criar uma armadilha — sugeriu Síria.
— Pode dar certo.
— Verdade, chefe. Se criarmos uma armadilha, vamos descobrir quem está passando informações — disse Nico.
— Vamos divulgar uma notícia falsa. Mudamos alguns detalhes de um aliado para outro. Assim, vamos saber quem é que vai vazar a informação — propôs Síria.
— Façam isso, então, começando pelo Júnior.
— Acho que vamos ter que nos livrar dele. Já pisou na bola demais. Se os outros informantes virem isso, vamos acabar perdendo o controle sobre eles — disse Nico.
— Também acho. Ele já deu muita dor de cabeça. Vamos jogar a isca hoje. Se for ele, será melhor ainda para nós — disse Síria.
— Então está decidido — concluiu Ricardo.
— Vou trocar de roupa e já volto, Nico — disse Síria, correndo escada acima.
— Beleza, vou buscar o carro.
Síria entrou no quarto e trocou a calça de tactel por um jeans preto. Colocou uma blusa preta, o coldre e as suas pistolas. Calçou uma bota de salto curto, acrescentou uma adaga e pegou um blazer antes de descer para encontrar Nico. O dia seria cheio. No carro, Síria não deixou de notar o sorriso no rosto de Nico.
— Tá doido para dar uns tapas no Júnior, né?
— Ele é um i****a. Faz tempo que quero socar aquele cara de p*u.
— Ele se faz de i****a, Nico. É fachada. Já investiguei ele; é bem diferente do que aparenta.
— Ele não me engana, Si. Tenho certeza de que é ele quem está vazando informações.
— Vamos jogar a isca e ver.
Minutos depois, chegaram ao galpão de Júnior. Vários seguranças armados vieram ao encontro deles.
— O que querem? — perguntou um dos seguranças.
— Olha, vocês já foram mais educados — disse Síria.
— Acho que esqueceram quem somos — disse Nico, aproximando-se do segurança.
— Esta é uma área particular. Retirem-se.
— Lamento, amigo. Temos negócios a tratar com o Júnior — disse Síria, encostada no capô do carro.
— O senhor não está atendendo hoje — insistiu o segurança.
— Acho que você não entendeu. Não preciso de horário para conversar com aquele merda. Então, saia da frente — disse Nico, sem paciência.
— Como eu disse, o senhor não está atendendo. Retirem-se.
Nico olhou para Síria, que sorriu para ele.
— Isso vai ser divertido — disse ela, sentando-se no capô do carro. — Não vou te impedir hoje.
— Era tudo que eu precisava ouvir — disse Nico, com um sorriso travesso.
Em um movimento rápido, Nico pegou o braço do segurança, torcendo-o para trás e fazendo-o soltar um grito de dor. Depois, o chutou na parte de trás do joelho, fazendo-o cair no chão. Com a movimentação, outros seguranças apareceram armados.
— Nada disso, rapazes — disse Síria, apontando a arma para eles. — Seu amigo ofendeu a pessoa errada. Fiquem fora disso.
Os outros seguranças pareceram hesitar, mas não se aproximaram. Nico agora segurava o segurança pelo colarinho, desferindo vários socos no seu rosto. O estrago já era visível.
— Vou perguntar de novo — disse Nico ao segurança, que já estava quase desacordado. — Cadê o fodido do Júnior?
Nada saiu da boca do segurança.
— Tudo bem — disse Nico, que, em um movimento rápido, torceu o pescoço do segurança, matando-o. — Quem quer ser o próximo?
Os seguranças o olharam, abismados, sem ousar dar um passo.
— Não precisa disso, gente — disse Júnior, saindo do meio dos seguranças.
— Júnior, Júnior — disse Nico, sacudindo a cabeça. — Vem aqui.
Ele foi até Nico, com um olhar desconfiado.
— Do que vocês precisam hoje?
— Acho que você não tem medo da morte, Júnior — disse Nico, segurando com força seu maxilar. — Hoje, não estou com paciência para suas palhaçadas.
— Lamento, senhor. O segurança era novo. Ele não sabia que vocês têm prioridade — disse Júnior, entre dentes.
Nico o soltou e deu um tapa em seu rosto, fazendo-o cair no chão com o impacto.
— Acredita mesmo que sou t**o o suficiente para acreditar nisso?
Com dificuldade, Júnior se levantou, segurando a bochecha, que agora estava vermelha e levemente inchada.
— Me perdoe, senhor. Não vai acontecer novamente.
— Viu como podemos nos entender? — disse Nico, sorrindo. Ele se aproximou de Júnior e começou a ajeitar as suas roupas. — Você tem que se arrumar melhor para receber os seus convidados, Júnior. Olha a cor da sua roupa.
Júnior olhou para Nico com ódio, mas não se atreveu a fazer nada. Sabia que não era páreo para ele.
— Me desculpe, senhor. Na próxima, estarei mais apresentável — disse Júnior, com os dentes cerrados.
— Agora que já nos entendemos, vamos falar de negócios?