Capítulo 18

1046 Words
Quando Aurélio chegou e viu Klaus abraçado a Síria, o seu sangue ferveu. Já fazia algum tempo que ele tentava conquistá-la. Ela era difícil, mas ele era persistente e não desistiria da batalha tão fácil. — Levantem desse chão — Ricardo se senta em uma poltrona, colocando a sua arma na mesa ao lado. Encarava os dois homens com aparente desgosto. — Vocês dois vão pagar o conserto do meu chão, e estão com sorte de ela não ter acertado vocês. — Nem me fale, tenho péssimas lembranças — Aurélio acariciava a sua perna enquanto falava. Klaus o observava, curioso. — Do jeito que você fala, até parece que ela atirou em você! — Apenas um olhar para os homens à sua frente fez Klaus repensar o que havia dito. — Ela atirou? Klaus observa enquanto Aurélio ergue a barra da calça, mostrando uma pequena cicatriz. — Tentei dar um beijo nela e foi isso que recebi. A reação de Klaus foi tudo menos o que eles esperavam. Uma gargalhada escapou dos seus lábios, fazendo com que todo o seu corpo tremesse. Os outros o observavam sérios, enquanto ele ria sem parar. — Qual é a graça? — pergunta Aurélio. — É só que... isso realmente é algo que ela faria. — O que eu vou fazer com vocês? — Lamento tudo isso, Ricardo. Não quis lhe causar problemas. Acho melhor eu ir embora — Klaus se levanta, aperta a mão de Ricardo e ignora a de Aurélio. — Qualquer novidade, te avisamos. — Obrigado. — Klaus se retira, deixando apenas Aurélio e Ricardo no terraço. — Não esperava que você aparecesse tão cedo aqui. — Consegui resolver o que precisava e vim. — Me disseram que você estava tendo problemas com uma organização. — Já resolvi isso — um sorriso sinistro cobre o seu rosto, eliminando qualquer vestígio de alegria. — Entendo. Se precisar de ajuda, basta dizer. — Na verdade, tem algumas pessoas que preciso visitar. Ele olha fixamente para Ricardo, e não precisava dizer mais nada para que soubesse que essa “visita” não seria agradável. — Teria como me emprestar a Síria por um tempo? — Aurélio? — Relaxa! Vou cuidar bem dela. — Agora que ela está melhor, espero que você não a faça piorar. Se isso acontecer, pode ter certeza de que acabo com você. — Posso ser um canalha, Ricardo, mas nunca a prejudicaria. Aurélio nunca foi um anjo. Pelo contrário, os seus negócios eram escuros e manchados de sangue, mas ele honrava aqueles que estavam ao seu lado. Ricardo era uma dessas pessoas. Nos piores momentos, Ricardo sempre esteve lá para ajudá-lo. Aurélio se lembrava bem do dia em que conheceu Síria. Foi logo depois que a família dela havia sido assassinada. Ela fez algumas cirurgias para mudar um pouco a sua aparência, já que havia pessoas que queriam a sua morte. Ricardo a havia enviado para Aurélio, e ela ficou um ano com ele. A suas habilidades eram lembradas pelos homens dele até hoje. Aurélio admirava a garra de Síria. Ela nunca desistia, e era por isso que ele a havia escolhido para ajudá-lo dessa vez. Precisava de alguém rápido e perspicaz para eliminar os seus alvos, e ela era a pessoa certa para o serviço. Síria estava sentada em seu quarto, com Xavier ao seu lado. A sua vontade era de voltar lá e dar uns tapas naqueles dois. A maturidade passou longe dali. — Não fique assim — Xavier a olhou sério. Essa era uma característica dele: sempre tranquilo, não importa a situação. Cedendo, ela vai até ele e deita no seu colo. — Eles vão acabar se matando. — Não vão. Imagino que o objetivo deles seja chamar a sua atenção, então vão ficar um pouco grudentos. Xavier acariciava os cabelos dela, enquanto falava. Síria adorava esse cuidado dele. — Pelo que vejo, meus dias serão difíceis — diz, sonolenta. O carinho de Xavier era tão bom que, lentamente, ela adormece. Xavier a ajeita na cama e fica ao seu lado por um tempo, observando-a dormir. Ele lembra que Síria sempre havia sido muito protetora com todos eles. Em uma ocasião, quando ele ficou doente, ela cuidou dele e não saiu do lado da sua cama. Essa era Síria. Ela se doava pela família, muitas vezes até se negligenciando. Olhando para ela dormindo, o único desejo de Xavier era que ela voltasse a amar e a sorrir como antes. — Boa noite, irmã — diz, dando um beijo na sua testa. Ele sai do quarto, fechando a porta com cuidado. — Ela dormiu? — Charles aparece perguntando. — Sim. E aqueles dois? — O agente já foi embora, e o Ricardo está conversando com o Aurélio. — Estou começando a pensar que isso foi uma má ideia — diz, passando as mãos pelos cabelos. — Nico vai ficar puto por não ter visto a briga dos dois. Xavier não podia negar que havia sido interessante ver os dois brigando. — Isso tudo é culpa dele. — Mas, em algo, ele acertou: as coisas estão bem mais interessantes — diz Charles, indo embora. Xavier volta para a sala, pega os documentos que Klaus havia entregue a Ricardo e começa a analisá-los. Havia muita sujeira na agência onde Klaus trabalhava, e essa investigação levaria tempo. Afinal, não poderiam levantar suspeitas. Depois de um tempo, Aurélio aparece na sala com o mesmo sorriso cínico de antes, o que Xavier sabia ser apenas uma máscara para esconder a sua verdadeira face. — O que está estudando? — Uma informação que o agente passou — diz Xavier, sem emoção. — Devo confessar que senti saudades de vocês. — Xavier para o que está fazendo e encara Aurélio. — Vou ser bem direto com você, Aurélio. — Não espero outra coisa de você — diz ele, mudando a expressão. — Espero que não cause problemas a ela. Os olhos de Xavier eram frios enquanto encarava o homem à sua frente. — Não vou. Você e todos sabem que gosto dela e não tenho intenção de causar problemas para ela. Um sorriso surge no rosto de Aurélio, e Xavier sabia que algo bom não sairia da boca dele. — Agora aquele agente... Acho que vou brincar com ele um pouco.
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