Capítulo 16

1050 Words
O homem na poltrona encarava Klaus com indiferença; os seus olhos negros transmitiam uma frieza inabalável. Pela constituição física, Klaus percebia que ele era alto e forte. — Sente-se, agente — diz, indicando o sofá à sua frente. — Confesso que estou curioso. — Obrigado por me receber. Meu nome é Klaus Montovan. — Eu sei tudo sobre você, não há necessidade de se apresentar. Eu me chamo Ricardo. Ele é Charles — diz, apontando para a pessoa que o recebeu. — E ele é Xavier. — Já os conheci antes. — Imaginava que sim. Mas do que precisa? Não acredito que veio até aqui para jogar conversa fora. — Preciso de ajuda para investigar isso — diz, jogando a pasta em cima da mesa. Ricardo pega a pasta e começa a folheá-la. — Interessante. Agora entendo por que nos procurou. — Não posso confiar nas pessoas da agência. — Realmente não. Afinal, não há como saber quem está envolvido nisso — diz Ricardo, passando a pasta para Xavier. — Exatamente. Então pensei que poderíamos trabalhar juntos neste caso. — O que você tem a me oferecer? — Passo todas as informações relacionadas à sua organização. É o que posso fazer. — Eu quero mais — diz Ricardo, sério. — O que você quer em troca da sua ajuda, exatamente? — Vou precisar de informações sobre outras organizações e pessoas. Se você me der quando eu pedir, então te ajudo. — Por quanto tempo? — Até encerrarmos o caso. Klaus fica pensativo. Só a ideia de ser um espião já o deixava enjoado, mas ele não tinha outra escolha. A Fênix tinha meios e pessoal para investigar, algo que ele não tinha condições de fazer. A única escolha era aceitar. — Tudo bem, mas só até terminar a investigação. Depois não teremos mais nada um com o outro. — Isso veremos — diz Ricardo, com um meio sorriso. Neste momento, alguém entra na sala, e para surpresa de Klaus, era Síria, arrastando Nico, que estava visivelmente bêbado. — Eu juro que nunca mais bebo com você, Nico. — Por que está reclamando? Fui eu que paguei — diz ele com a voz arrastada. — Sim, mas não compensa a dor de cabeça — diz ela, largando-o no sofá. Então percebe os outros na sala. — Oi! — O que ele aprontou desta vez, Si? — pergunta Charles. — Fiz ele me pagar uma cerveja e ele resolveu beber demais. — Vamos sacanear com ele. Não é sempre que temos uma oportunidade dessas — diz Charles. — Leva ele para o quarto, por favor, Charles. — Pode deixar, chefe. — Charles pega Nico e sai arrastando-o para o quarto. — Como foi o trabalho? — pergunta Ricardo. Síria vem e se senta ao lado de Xavier. — Tudo certo. — Ótimo. — Sobre o que estavam falando? — diz ela, olhando para Klaus. — Formamos uma parceria temporária para resolver algo. Depois te explico melhor — diz Ricardo, levantando-se. — Se era só isso, eu te ligo quando tiver novidades. — Posso conversar com ela um pouco? Ricardo hesita por um momento, mas sabia que, por mais que amassem Síria, tinham que deixá-la fazer as suas próprias escolhas. — Pergunte a ela, não a mim — diz, saindo. Passa por Síria, dá um beijo na sua testa e sobe. — Nada de gracinhas, agente — diz Xavier, também se retirando. — O que você quer? — Conversar um pouco. Síria suspira. Ela sabia que ele não desistiria tão fácil. — Me siga — diz, já saindo. Eles sobem as escadas e vão para o terraço. — Aceita uma bebida? — Água, por favor. Ela vai até o bar do terraço, pega duas garrafas de água e passa uma para Klaus. — Nunca imaginei que sairia vivo daqui — diz ela, sentando-se em uma poltrona. — Nem eu. — Klaus estava feliz. Apesar da situação, estar perto dela era tudo o que ele precisava naquele momento. — A vista daqui é linda! — Sim. Você gosta dessas coisas? — Muito — diz ela, apontando para um telescópio em um canto. — O céu me fascina. — Tem muitos mistérios não revelados. — Nem todos os mistérios precisam ser revelados. — Será? Posso te fazer uma pergunta? — Você já fez. — Como você entrou na organização? Klaus vê a sua expressão relaxada mudar um pouco. — Quando eu era bem mais nova, estava indo para casa. Já era noite e eu estava com pressa. Quando passei por uma rua, vi um carro capotado. Fui ver se tinha alguém. Havia um homem desacordado dentro do carro. Com cuidado, o removi de lá. Quando ia levá-lo para o hospital, ele acordou e me disse para não fazer isso. Então coloquei-o no meu carro e o levei até uma rodovia. Ele usou o meu telefone para fazer uma ligação e, depois de algum tempo, um helicóptero veio e o levou. Naquele dia conheci o Ricardo. Tudo que ele sabia de mim na época era meu nome e com o que eu trabalhava. — Não ficou com medo de ele fazer algo com você? — Não tive medo. Acho que foi o olhar do Ricardo. Quando o encontrei, ele tinha uma expressão tão serena. É claro que, quando ele disse para não levá-lo ao hospital, eu sabia que havia algo errado, mas, mesmo assim, não poderia deixá-lo ali. Então o ajudei. Antes de ir embora, ele disse que me encontraria. Eu sinceramente não acreditava nisso até ele aparecer um dia no meu trabalho. — Aposto que você não esperava por isso. — Eu realmente não esperava. Quando ele chegou na empresa onde eu trabalhava, levei um susto. Então ele me chamou para conversar, e eu fui. Estava curiosa para saber quem ele era. Me lembro do susto que levei quando ele me disse o que fazia, mas então me lembrei de uma história que havia na minha família. — E que história era essa? Fiquei curioso agora. Ela leva a sua garrafa de água à boca e toma um longo gole. Um sorriso curva os seus lábios, como se uma memória divertida invadisse a sua mente. — Dizem que o meu pai era pistoleiro. Isso foi há muitos anos. Foi ele quem me ensinou a atirar.
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