Klaus estava exausto, mas precisava ir até a casa da Fênix. As dúvidas sobre os eventos daquele dia não o deixariam em paz.
Só de imaginar os relatórios que teria que fazer no dia seguinte já se sentia desanimado. Minutos depois, ele parou em frente à mansão da Fênix, tocou a campainha e foi atendido por um Nico claramente irritado.
— Tá pensando que aqui é um abrigo, é?! — Klaus revirou os olhos com o comentário.
— Pelo menos eu bato antes de entrar — respondeu ele, sério. — Preciso falar com o Aurélio.
Nico ficou surpreso por um instante, mas logo escondeu a emoção.
— Tá querendo uma repetição da noite passada? — disse, caindo na risada.
A paciência de Klaus estava por um fio. Ele fulminou Nico com os olhos.
— Deixe ele entrar — disse Xavier, aproximando-se. — Tenho algo pra contar a ele.
Nico deu passagem, e Klaus entrou, sentando-se em uma das poltronas.
— O Ricardo já volta — disse Xavier, acomodando-se em um canto do sofá.
— Você é muito chato — disse Nico a Xavier.
Xavier não rebateu. Nico era como uma criança, mas uma criança extremamente perigosa. Apesar do seu jeito descontraído, ele era mortal: um excelente lutador e um perito em tortura. Quem via o seu lado brincalhão não imaginava a personalidade sombria que ele escondia.
— Primeiro as damas — disse Aurélio ao entrar na sala acompanhado de Síria. Ela parou ao ver Klaus sentado ali.
— Olá, agente. Sentiu saudades? — disse, jogando-se ao lado de Xavier.
— Também — respondeu ele, com um meio sorriso.
— Vou arrancar esse sorriso do seu rosto no tapa! — disse Nico, bravo.
— Não estou fazendo nada de mais.
— Para de dar em cima da minha irmã!
— Essa sua coragem um dia vai te matar — disse Xavier, encarando Klaus com seriedade.
De todos os presentes, Xavier era quem mais deixava Klaus desconfortável. Pessoas quietas eram imprevisíveis, e na sua profissão, eram as mais perigosas.
— Espero que ninguém morra na minha casa — disse Ricardo, descendo as escadas acompanhado de Charles.
— Não se preocupe, Ricardo. Estou aqui para proteger o nosso amigo — disse Aurélio, dando um tapa no ombro de Klaus.
— Isso é o que me assusta.
— Eu não preciso da sua proteção. E tira as mãos de mim.
— Chega! Vocês parecem crianças! — Ricardo se sentou, encarando os dois. — Resolva os seus assuntos longe daqui.
Aurélio riu das palavras de Ricardo. Ele tinha planos para lidar com Klaus, só estava esperando o momento certo.
— O que você deseja, agente? Não pode ficar vindo aqui quando bem entender.
— Me desculpe, tomei cuidado ao vir.
— Isso não resolve o problema. Já pensou que o seu carro pode estar grampeado? Isso coloca a nossa organização em risco. Na próxima vez, ligue antes.
— Tudo bem. Não tinha pensado nisso.
— O que deseja?
— Quero saber se vocês têm algo a ver com os dois massacres de hoje. O jeito como as pessoas foram mortas chamou muita atenção.
A sala ficou em silêncio enquanto todos encaravam Aurélio.
— O que foi?! — esbravejou ele.
— Me diz que você não levou ela pra caçar, Aurélio — disse Ricardo, claramente furioso. A sua mandíbula estava travada, e ele apertava os punhos no braço da poltrona.
— Bem, nem dá pra chamar aquilo de caça — respondeu Aurélio, coçando a cabeça.
— p***a, Aurélio! O que foi que eu te disse hoje?
— Qual é, Ricardo, nem foi tudo isso que ele tá falando.
— Quer ver as fotos? — provocou Klaus.
— Cala a boca — disse Aurélio, irritado.
— Eu te conheço, Aurélio. Sei muito bem o seu estilo.
— Ela fica muito sexy segurando uma bazuca — disse Aurélio, rindo.
— Deixou ela usar uma bazuca?! — Klaus segurou Aurélio pela gola da camisa. — Ficou louco?!
— Louco está você de me segurar assim — respondeu Aurélio, encarando-o. — Solta, a menos que queira perder as mãos.
A cena seria cômica, se não fosse séria. Os dois se encaravam como se a suas vidas dependessem disso.
— CHEGA! — gritou Ricardo. Klaus soltou Aurélio e se afastou.
— Você se machucou? — perguntou Xavier, examinando os braços de Síria.
— Eu tô bem — disse ela, apoiando-se nele.
— Minha vontade é arrancar a sua cabeça, Aurélio. Sabe que não podemos chamar atenção.
— Eu queria estar lá pra ver isso — disse Nico, segurando o riso ao olhar para Síria.
— Foi m*l, tá bom — disse Aurélio, erguendo as mãos em sinal de rendição. Ele sabia que Ricardo estava certo, mas fazia tempo que não se divertia tanto.
— Você devia ter me ligado, Síria.
— Eu sei, Ricardo. Desculpe.
Klaus observou Xavier acariciar o braço de Síria, tentando confortá-la. Sentiu o ciúme queimá-lo por dentro. A vontade de tirá-la dos braços de Xavier era quase incontrolável.
— Algum problema? — perguntou Xavier, encarando Klaus.
— Talvez — respondeu Klaus, sério.
— Chega dessa merda! Parece que hoje vocês decidiram me irritar — disse Ricardo. — Xavier, conte o que descobriu.
— Consegui invadir o computador do chefe da agência. Descobri que ele está trabalhando com a Yakuza.
— Mas que merda! — exclamou Charles. — Tinha que ser os malditos j*******s.
— Não é só isso. Encontrei um documento que cita o seu primo, Aurélio. Eles estão tentando fechar um acordo de colaboração.
— Eu vou matar aquele desgraçado!
— Havia várias informações sobre outras organizações também. Pelo que entendi, eles querem montar o seu próprio quartel de drogas.
— Isso não é bom — disse Klaus. — Vou dar uma olhada em alguns arquivos na agência. Acredito que deve haver alguma informação oculta por lá.
— Faça isso e me avise. Depois, o Charles te passa o meu número — disse Ricardo.
— Investigue o seu primo, Aurélio. Precisamos de mais informações. Se eles conseguirem se unir, teremos problemas.
— Mas vocês não conseguem lidar com isso? — perguntou Klaus. Ricardo sorriu.
— Vai por mim, quando eu tiver que lidar com isso, você não vai querer estar por perto.