Sim, o passado pode machucar. Mas, do modo como vejo, você pode fugir dele ou aprender com ele.
O Rei Leão
Paloma Alcântara
Era mais um dia normal. Como sempre, acordo às 6:23 da manhã, levo 20 minutos para me arrumar, escolho sempre roupas que falem o quanto eu sou poderosa.
Saiu do meu quarto preparada para enfrentar o mundo machista das torres de metal.
Assim que cheguei no andar inferior à Josefa fez e colocou meu café da manhã na mesa. Moro em uma cobertura, a decoração toda em tons frios já que tenho um amor pelo tom cinza e não queria nada convidativo.
Quem gosta e tem peso morto é a minha irmã, eu nunca á entendi, a Poliana sempre se contentou com pouco, diferente de mim ela não tentou fazer faculdade longe daquele fim de mundo, na primeira oportunidade que tive, vim para São Paulo sozinha e com muita garra para lutar, já ela nem se formou, engravidou quando estava no terceiro período de outro ninguém, e bom não falo mais com ela, não entendo como somos tão diferentes, mas, em simultâneo, tão iguais.
— De novo olhando para a foto da sua irmã? — a senhora Josefa fala me assustando.
— Já avisei que não gosto que se metam na minha vida, Josefa tenho que ir...
— Mas á senhora nem tocou no café da manhã.
— Perdi á fome...
— Hoje é o aniversário da sua sobrinha, a Joyce deixou o recado — a Josefa falou.
— Tá! Compra qualquer coisa e manda para ela.
— Sua irmã te convidou para o aniversário — a Joyce falou entrando, como sempre agoniada.
— Faz como faço todo ano, manda uma boneca para a Iris, estas coisas que criança gosta e está de bom tamanho, e vamos que o dia será longo e hoje o dia está lindo para ser conquistado.
— O nome da sua sobrinha é Ísis, e ela fará 14 anos, suponho que ela não gosta mais de bonecas.
— Tanto faz, se vira, eu quero saber sobre a reunião com os franceses, está tudo certo com os produtos? — pergunto pegando a minha bolsa, comecei a andar e notei que a Joyce não estava me seguindo. — Joyce — a chamo, logo a vejo correr, peguei o elevador.
Ela passou toda a minha agenda e sorri ao chegar no prédio da empresa FOS a maior marca da publicidade do continente americano. Assim que entro vejo todos olharem para mim, sou a C.M.O, chefe de "marketing" office, mas o meu objetivo é chegar no último andar e ser a primeira CEO da empresa, e vou lutar muito por isso.
— Senhorita Alcântara, o senhor Salles pediu uma reunião de emergência, estou transferindo as suas reuniões, é para remarca o seu encontro?
— Que encontro? — pergunto me ajeitando para sair da sala.
— Com o senhor William, o rapaz que a senhorita Natália arranjou.
— Pode cancelar, eu só aceitei para ela deixar de mim, incomodar — e daí que eu já tenha 34 anos, e não tenho ninguém, não quero ancoras na minha vida.
Andei o mais rápido possível indo para a sala de reuniões ou como eu sempre chamo o matadouro, entrei na sala, e como sempre sou uma das primeiras a chegar, odeio atrasos, não demorou nem dois minutos o senhor Salles entrou.
— Como sempre pontual senhorita Alcântara — ele falou sentando na sua cadeira.
— O senhor sabe do meu total comprometimento com está empresa, porque o senhor marcou está reunião? - perguntei.
— Você saberá junto do senhor Vilar — ele falou, sinceramente não suporto o Filipe Vilar ele com toda certeza é uma pedra no meu sapato.
— Bom dia senhor Salles, um expresso - ele fala entregando o copo de café para o nosso chefe, como sempre um puxa saco. — Bom dia, senhorita Alcântara.
— Bom dia — falei colocando o meu sorriso mais falso no rosto.
— Vou começar antes dos acionistas chegarem, vocês já estão sabendo que vamos abrir uma filial no Ceará, e os acionistas me pediram nomes e vocês são os melhores e vejo potencial em ambos, mas preciso saber se vocês estão dispostos a se mudarem.
— Senhor Salles me sinto honrada do senhor ter pensado em mim, e como o senhor sabe eu não tenho nada que me prenda á está cidade e se for o melhor para a empresa, aceitaria a mudança com tranquilidade - falei e ele sorriu.
— E você Vilar, vai querer conversa com a sua esposa primeiro? - o senhor Salles perguntou.
— Eu também estou disposto, e não se preocupe com a minha esposa, ela sabe o lugar dela — esteve comentário, só me dá mais vontade de partir a cara dele, como se a mulher tivesse que ser submissa.
— Bom saber que os dois estão dispostos a se mudar, só espero que vocês joguem limpo, eles vão estar avaliando vocês dois, e já que tocamos neste assunto, eu quero ver o que o Marketing pensou para a nova campanha — ele falou e sorrir.
Mostrei toda a campanha que estamos elaborando, o restante do dia foi bem corrido, cheguei em casa já eram mais de 02:00 horas da manhã, está campanha tem que ser impecável, eu não posso perder está oportunidade.
Assim que entrei no meu quarto, vi uma foto minha com a Poliana do nosso aniversário de 18 anos e sorrir pegando meu celular, eu queria ligar para ela, eu sempre quero, mais nunca ligo, entretanto, desta vez diferiu, eu liguei penso que pelo horário ela não irá atender, mas para a minha surpresa no segundo toque ela atendeu.
— Feliz aniversário — ela falou, mesmo sem vê-la eu que ela estava sorrindo, e só aí me lembrei do nosso aniversário.
— Feliz aniversário — falei meio asa
Mas quando cheguei em casa, eu estava com uma dor forte no peito, mas apenas tomei o remédio e consegue dormir.
Acordei na manhã seguinte como todos os dias, mas quando desce a Joyce já estava na cozinha e não estava com uma cara boa.
— O que aconteceu? - pergunto sabendo que não era coisa boa.
— Senta por favor senhora - a Josefa pediu, e isso era algo novo.
— O que aconteceu? falem de uma vez só - falei um pouco alto, odeio que me escondam as coisas. Elas olham para me, logo se entreolharam.
— A sua irmã ela sofreu um acidente de carro com o marido...
— Mas como ela está? - perguntei realmente preocupada, e pela cara da (Joyce) sabia a resposta que eu não queira ouvir, eu respirei fundo não poderia chorar na frente delas. - Qual a minha agenda? —pergunto respirando fundo.
— A senhora quer que eu cancele e compre a passagem? – ela pergunta.
— Não eu vou trabalhar.
— Senhora o conselho tutelar que ligou, seus sobrinhos não têm mais ninguém.
— Como assim? — pergunto sem entender.
— Senhora você sabe que depois que os seus pais morreram, só ficou vocês duas e pelo que parece o seu cunhado não tem família, bom ele tem um tio...
— Está aí, as crianças ficam com este tio, situação resolvida.
— Este tio está preso, então é simples eles só têm você. Paloma eu sei que todos acreditam que você tem um coração de pedra, mas você não é bem assim, eles são sua família e perderão os pais, não tem ninguém por eles, ou é você, ou um abrigo, o que você acha que a sua irmã iria acha dos filhos serem separados - a Josefa falou triste e é verdade eu não posso abandonar eles.
— Joyce, por favor compre as passagens, eu vou arrumar minhas malas.
Fui para o meu quarto e deixei as lágrimas rolarem, como assim ela está morta, eu falei com ela, e estava bem, e do nada ela morreu, ela não está mais aqui, apenas chorei, chorei por tudo antes de sair, agora voltarei para aquele fim do mundo, eu pensei que nunca mais iria voltar, mas eu terei que ir, e nem sei o que me espera.