— Não consigo ver nada… — A Exceed parecia preocupada, nos desafios anteriores eles poderiam ver seus amigos através da barreira, mas desde que os dois entraram para enfrentar o desafio uma espécie de névoa cobriu tudo.
— Não se preocupe, eles cuidarão um do outro como sempre tem sido. — A Maga das Armaduras estava confiante.
— Espero que sim… — Inevitavelmente pensou em como Happy se sentiria se acontecesse algo com um dos dois.
— CHARLEEEEES — as duas olharam para o Exceed azul que chegou carregando Gajeel. — É-É hor-rível!... — Elas pareciam confusas, Happy chorava como se tivesse perdido um parente.
— O que deu em você, Happy? — Tentou conversar assim que os dois tocaram no chão, mas ele somente conseguiu chorar.
— Esquece isso por enquanto, me diz que o Salamandra está apenas flertando com a garota dele em um canto qualquer. — A ruiva percebeu que mesmo ele estava preocupado.
— Sim, eles estão juntos — Apontou para a barreira. — Bem ali. — Gajeel levou as mãos aos cabelos, agora ele parecia irritado.
— Merda! — Soltou antes de pegar na lacrima de comunicação portátil. — Baixinha, cheguei tarde… — Lamentou.
Assim que recebeu a notícia, Levy — que estava no quarto em que Juvia repousava — quase caiu no chão. Era tarde demais.
— O que está acontecendo, Gajeel? — O facto de ninguém explicar nada deixava a mais velha preocupada.
— Temos que tirar aqueles dois dali. — Avisou.
— Não dá, quando você entra nessa barreira, a única forma de sair é após a Lucy fechar o portão. — A Exceed repetiu o que já tinham explicado para ele na noite anterior. — E ela só pode fechá-lo quando cumprirem o desafio.
— M-Ma-s… se não-o os tira-r-mos d-ali o Natsu e-e a Luce… — O Exceed tentou engolir o choro. — Um deles vai morrer! — Revelou o que Levy explicou para os dois.
— Não é verdade… — A ruiva se recusou a acreditar. — Me diz que vocês estão brincando! — Ordenou, mas os três não conseguiam dizer nada.
— E-Esperem… — Levy pediu tentando ganhar forças. — Talvez se eu reler o livro… — Repentinamente a cor da barreira mudou, agora em vez da névoa, uma cor vermelha preenchia tudo.
— Querida, está acontecendo alguma coisa estranha por aqui… — informou. Os quatro não tiravam os olhos da barreira. — Mas que raios… ARGH!!! — Seus instintos se aguçaram e quando menos esperavam foram atingidos por uma onda mágica de dentro para fora da barreira.
— Como assim “alguma coisa estranha”? — Não obteve resposta. — Gajeel? Responde… GAJEEL?! — Insistiu sem sucesso algum.
Não dava para ver pela lacrima, mas os quatro que foram atingidos pela onda mágica, agora estavam permanentemente congelados.
***
— Gajeel?! — Tentou mais uma vez chamar pelo marido. — P-Por fa-vor… responde… — Os olhos da maga encheram de lágrimas de aflição, o que faria agora?
— Levy-san! — A Dragon Slayer tentava ajudá-la a sentar na poltrona que lá se encontrava.
— Merda! — O Devil Slayer socou a parede. — A culpa é minha… — Ele sentia que deixar seus amigos cuidando do resto sozinhos não tinha sido uma boa ideia, mesmo que no fundo ele apenas quisesse cuidar da mulher que amava.
— E-Eu… Eu tenho que salvá-los! — Wendy estava determinada a sair correndo para poder salvar seus amigos.
— Eu vou contigo. — O Fullbuster informou.
Não queria deixar sua namorada para trás naquele estado, no entanto, precisava salvar os amigos.
— Não… — A futura mãe pediu. — Vocês não serão úteis se forem… — Era verdade, mas eles precisavam tentar.
— Mas a Lucy-san e os outros!...
— A Levy tem razão, Wendy… — A Maga da Água tentou levantar após acordar.
— Juvia! — Gray indagou um pouco mais aliviado. — Tudo bem? Não está com dores? — A maga negou com a cabeça após ele se aproximar.
— Juvia está bem, Gray-sama — Recebeu um abraço apertado dele, porém, retribuiu com pesar. — Sinto muito… — Ele não entendia muito bem, mas sabia que ela chorava porque seu ombro umedecia. — O Natsu-san nos salvou da maldição. — Expôs. E no mesmo instante, Gray percebeu o que estava acontecendo.
***
Minha alma foi vendida para eles. Contudo, a ingratidão venceu. Os ingratos selaram o meu coração e nunca mais o devolveram. Deixei a ira Estelar dominar.
Congelei-os eternamente, pois eles não devolveram o meu coração comparado há um cristal quebrado.
Essa cidade, outrora alegre, agora apagada.
— Luce… — Sussurrou atordoado ainda segurando o coração de cristal. — LUCE! — Em apenas alguns segundos um filme inteiro passou por sua mente.
Sua última conversa com a Alberona, tudo o que aprendeu sobre seus próprios sentimentos em relação à loira e agora àquele homem estranho.
— N-Na-tsu… — Lucy estava deitada no chão, seu corpo parecia estar congelando mesmo ela usando roupas adequadas para combater o frio.
Natsu soltou o coração de cristal e a segurou em seus braços. Tudo bem que ele não sentia frio ou calor, mas a Heartfilia tinha certeza que dentro daquela sala estava com uma temperatura agradável até dois segundos atrás.
— Luce, fica comigo! — implorou temeroso, ele lembrava daquela sensação em seu peito, e sabia que a estava perdendo. — Por favor, não feche os olhos, Luce!... — Parte do filme passado em sua mente envolvia muito mais.
Vou roubar os corações de todos os que me desafiaram.
Mesmo eles não possuindo um…
Agora ela entendia, fazia parte do desafio. Somente ela sentia frio, não porque ele era o Dragon Slayer do fogo, mas sim porque era exigência para quem enfrentasse a maldição.
Natsu Dragneel teria que perder Lucy Heartfilia e salvar todas as almas acorrentadas na cidade amaldiçoada.
— Natsu… — Sua fala saiu em apenas um fio de voz, no entanto, ela precisava contar para que seu parceiro terminasse a missão e salvasse a todos.
— Eu sei! — Sim, o cristal o permitiu saber. A Heartfilia sorriu feliz antes de fechar os olhos. — Droga, Lucy! Não feche os olhos! — Abraçou-a fortemente. Ela estava muito fria, pior que isso, ele quase não ouvia o coração dela. — ALGUÉM, POR FAVOR, EU PRECISO DE AJUDA! — Olhava para as paredes que supostamente compunham a barreira. — ERZA, CHARLES, GAJEEL, HAPPY! — chamou desesperado. — Alguém, por favor… — Seus olhos já estavam cheios de lágrimas. Ele queria tanto enfrentar um desafio, mas agora estava perdendo seu coração. — Luce, por favor… — Finalmente as lágrimas que outrora enchiam seus olhos verdes esmeralda caíram sem dó. — Eu não posso perder você mais uma vez… — confessou em um sussurro. Seu corpo que antes tremia de medo, agora começava a tremer de frio. Natsu Dragneel estava sentindo frio.
Em contrapartida, o coração da Heartfilia pareceu bater um pouco mais rápido do que antes. Ainda não era o ritmo normal, mas foi o suficiente para ele ter esperança.
O homem a deitou cuidadosamente no chão, pela primeira vez parecia que se ele não tivesse cuidado ela quebraria. E decidido, deitou ao lado dela e a abraçou carinhosamente.
Um coração perdido…
Se era isso que aquele desafio queria, então assim seria.
“Eu vou salvar você, Luce…”
Ele perderia tudo, mas não perderia seu próprio coração.
Não!
Ele nunca mais viveria sem sua Lucy…
***
Fora da barreira, os corpos de Gajeel, Erza, Happy e Charles voltaram ao normal.
— O que é isso? — O Redfox olhava para as próprias mãos. Tinha certeza que antes estava congelado, mas agora, parecia que nada aconteceu.
— Olhem! — A Exceed apontou para o chão. Toda a neve estava desaparecendo.
— Natsu, Lucy… — A Maga das Armaduras percebeu que algo não estava bem com os amigos, principalmente porque a barreira ainda existia.
***
Um coração parecia bater em um ritmo lento. Mas as batidas aumentam com a temperatura quente.
Uma batida.
Duas batidas.
Três batidas…
Lucy sentia seu corpo aquecer novamente.
Era assim após morrer?
Que calor era aquele?
Ela se lembrava de um calor como aquele.
Parecia o calor do Dragneel, mas era menos quente.
— Natsu… — murmurou enquanto sentia o cheiro do Dragon Slayer do fogo. Tinha certeza que estava nos braços dele, então abriu levemente os olhos. — O-O quê? — Ela não entendeu o que estava acontecendo. — E-Ei… Natsu!... — O mago a abraçava fortemente, no entanto, não se mexia, na verdade, parecia que ele estava frio. — NATSU! — Saiu do abraço para sentar ao lado do corpo dele. Então o sacudiu com cuidado. — Natsu, abra os olhos! — pediu ainda sem entender o que estava acontecendo. — Acorde! — ordenou confusa, não era para ela estar morta? — Natsu! — O coração de cristal que outrora emanava frio, agora emanava calor. — Não… — Percebeu o que estava acontecendo quando sentiu que agora poderia fechar a barreira. — NÃO! — Negou. — Eu não quero… NATSU! — O sacudia agora desesperada. — N-Não me-e d-deixe ou-tra vez!… — implorou com a voz embargada. — Não, Natsu!
***
Ao longo da cidade de Doryan, uma magia magnífica espalhou-se pelo céu.
— Olhem! — Gajeel pediu.
Antes a cidade tinha um cheiro único porque estava totalmente vazia, mas agora ele sentia o cheiro de dez, não quarenta, cento e setenta, duzentas e quarenta? Enfim, as pessoas estavam aparecendo aos poucos graças à magia magnífica, então ele não poderia saber quantas eram, inclusive, a maioria estava ali com eles.
— A missão foi cumprida… — A Scarlet não sabia se ficava feliz ou triste por ver que agora a barreira poderia ser fechada.
— Isso quer dizer que… — Charles olhou preocupada para o Exceed azul.
— Eu perdi um amigo… — choramingou
***
— Acorde agora!... — pediu. — P-Por fav-or!... — O abraçou com toda a força que tinha. — NATSU!! — Seu grito ecoou por toda a sala. A missão estava completa, eles conseguiram, mas qual era o preço? — Não me deixe… — Ela tinha que fechar a barreira para pedir ajuda, mas se o fizesse poderia perdê-lo de vez? — F-Fecha-te… Portão para a defesa do coração… Herzkris!... — A barreira desapareceu, e onde era a sala, agora era um espaço aberto e muito bonito, como um átrio.
— Lucy! — Seus amigos correram até eles.
— Natsuporfavorabreosolhos… — o Exceed azul implorou se juntando ao abraço.
— Por favor, chamem a Wendy… — a Maga Estelar tremia, estava passando pelo momento mais inesperado de sua vida.
— Raios. Levanta, Salamandra! — Ordenou preocupado.
— Ei, Natsu! — Erza chamou por ele. — Está nos deixando preocupados, levanta! — Nenhuma das pessoas que foram salvas da maldição parecia entender o que estava acontecendo.
— Mesmo que a Wendy tente, já é tarde demais… — Charles pontuou o óbvio. — Eu sinto muito… — Lamentou com lágrimas nos olhos.
— NÃOOOOO, NATSU!!! — Happy chorou ainda mais, ele não queria se despedir do amigo por nada no mundo.
A chave para o coração perdido…
Uma maldição que tira a vida da pessoa que você ama diante de seus próprios olhos.
— M-Mas a We-ndy, ela-a… — Lembrou das palavras da pequena maga e segurou o colar que enfeitava o seu pescoço. — Talvez… — Tirando o colar, ela pegou na mão do Dragneel e o fez segurá-lo. — Por favor, só dessa vez… — Segurava as mãos frias com firmeza. — Por favor, me conceda esse milagre… — Charles parecia entender o que a loira queria, mas nada acontecia. — S-Salve o Natsu… — pediu, no entanto, nada aconteceu, o pingente continuava dourado.
— Lucy… — Erza também queria que aquele colar fosse mágico, mas nada estava acontecendo. — Para, por favor… — Aquela atitude somente os deixava mais tristes.
— Não, vai ter que funcionar! — Seus olhos carregavam um misto de dor, raiva e determinação. — Abre os olhos, Natsu! — Ao ver a tentativa da amiga, Happy começou a torcer também.
— Volte para nós, Natsu! — E sem mais opções, os outros também torceram.
— Acorda de uma vez, Salamandra e******o…
“Volta para mim, Natsu!”
Implorou usando sua própria magia no colar, ou seja, na única esperança que tinham.
— Q-Que-nte… — Happy reclamou vendo o corpo do amigo brilhar com a cor da magia da loira.
— Q-Quem… vo-cê está… chamando de est-upido?... — Lucy abriu os olhos descrente. — Seu metal apodrecido… — Fazia muito tempo, mas agora, a Maga das Armaduras estava finalmente chorando. — Yo… Luce… — A frase saiu muito baixa, mas deu para a loira ouvir. — Estou em casa… — Tentou sorrir, mas estava fraco demais para isso.
— NATSU!!! — Os dois que ainda o abraçavam o apertaram com força.
Natsu estava vivo, e com os olhos bem abertos.
— Estou sendo esmagado… — reclamou finalmente esboçando um enorme sorriso.
— Se eu fosse você não reclamava, seu grande i****a! — E sim, dessa vez ele tinha que concordar com o Redfox.
— Oi, pessoal! — Ouviram gritos vindos de longe.
— Natsu-san, Lucy-san!
— Vocês estão bem? — Eram as vozes de Gray, Wendy e Juvia.
— Gajeel! — Levy se jogou nos braços do marido.
— O que está fazendo aqui? — repreendeu. — Eu disse para você ficar no Hotel! — E mesmo assim a abraçou feliz com a presença da esposa.
— Céus, vocês me deram um susto! — O Devil Slayer quis bater no amigo dos cabelos cor-de-rosa por isso, mas se contentou em vê-lo vivo e nos braços da Heartfilia.
— Sinto muito… — Lucy pediu. Finalmente deixando o Dragon Slayer respirar. — E para você também, Wendy, eu tive que usar o seu milagre… — Ainda com os dedos que seguravam o colar entrelaçados aos do parceiro, a loira mostrou o pingente que agora estava verde.
— Do que você está falando, Lucy, era um bom motivo para usar. — Quem falou foi a Charles, mas Wendy concordou.
— Principalmente porque, você, mais do que ninguém, merecia esse milagre, Lucy-San. — O Dragneel olhou para o pingente, Lucy abdicou de seu milagre para o salvar?
— Então foi um milagre? — Alheia a tudo o que aconteceu, Levy questionou.
— Sim, um milagre de amor — Juvia explicou. — Não é, Gray-sama? — O segurou pelo braço e ele concordou antes de lembrar de um detalhe importante.
— Ei, vocês! — Os habitantes ainda não compreendiam o que acontecia, mas Gray não deixaria as coisas passarem daquele jeito. — Por vossa culpa eu quase perdi meus amigos! — A ruiva também se lembrou daquilo.
— É… — Limpou os olhos. — Esses dois arriscaram suas vidas para vos salvar. Então nós merecemos no mínimo uma explicação! — pediu com seu jeitinho imponente.
A chave para o coração perdido é uma missão em que aquele que aceita fazê-la deve ser um Mago Estelar capaz de enfrentar desafios além das capacidades de um simples mago de seu porte. Força, agilidade, inteligência, durabilidade e sensibilidade. Quem estivesse disposto a enfrentar o desafio tinha que possuir as cinco capacidades, além de um coração apaixonado e um parceiro para a vida.
Desde o início, Lucy era a única que poderia cumprir o desafio porque, ao contrário dos desafiantes anteriores, ela tinha tudo que era exigido, além, é claro, da vontade de ajudar e dos companheiros certos.
A maldição foi lançada por um Mago Estelar habilidoso que se apaixonou por uma das habitantes da cidade, seu grupo de sete elementos eram conhecidos por serem os únicos magos da cidade. Eles não pertenciam a nenhuma guilda e usavam suas magias para ajudar a cidade de Doryan a progredir. No entanto, quando ficaram famosos por seus feitos, foram caçados por estrangeiros que queriam suas vidas em troca dos milagres que realizaram.
O Mago Estelar e sua amada foram os únicos sobreviventes da caça, mas os habitantes se rebelaram e os culpando da devastação, os condenaram à morte.
Após perder sua amada, o mago os amaldiçoou e os selou, assim como selou a cidade, pois mais ninguém merecia usufruir de tudo o que ele e seus companheiros criaram com as próprias mãos.
Normalmente eles se encontravam com o cliente para saber dos detalhes da missão antes de aceitá-la oficialmente, mas dessa vez não existia um cliente, por isso o livro foi enviado juntamente com o cartaz da missão.
Eles ainda não sabiam como tudo aconteceu, mas juntando as peças ao que os habitantes contaram, Levy preferiu acreditar que o espírito da maga morta injustamente pela população que tanto amou, fizera o pedido.
Eles até se arrepiaram só de pensar, mas alguns moradores concordaram, pois apesar de decretarem a morte para ela, reconheciam que ela era uma mulher de bom coração, um coração de cristal, se assim poderiam dizer.
Erza e Charles ficaram revoltadas por terem feito de tudo por pessoas tão maldosas, mas Wendy as convenceu que estava tudo bem agora, e como pedido de desculpas e um bom agradecimento, eles ofereceram recompensas por tudo o que os magos tiveram que passar por suas escolhas sem coração.
Todos estavam comemorando lá fora, enquanto Lucy e Happy apreciavam o Dragon Slayer do fogo que dormia após encher a barriga. Enquanto eles recuperavam suas energias pela enorme aventura, poderiam ficar nos quartos vazios da pousada da cidade que todos acreditavam que voltaria a ficar famosa em breve.
— Ele vai dormir até quando? — A loira questionou.
— Até digerir a comida e querer comer mais, eu acho. — O Exceed abanava a cauda feliz.
— Que pena, eu queria conversar com ele… — falou meiga antes de sentar na cama em que ele repousava. — Quando voltarmos para a guilda será agitado, mas é o que dará jeito… — Lembrou que em Fairy Hills ele também não poderia entrar.
— Sério? — Sem se importar, o Exceed o abanou. — Ei, Natsu, a Luce quer conversar!
— Você não deveria acordá-lo! — repreendeu decidida a ir embora, mas o Dragneel segurou o seu braço.
— Não — Levantou ainda sonolento. — Quando voltarmos para a guilda vai estar barulhento, e nós precisamos conversar a sós. — Lucy corou com a seriedade nos olhos sonolentos do Dragon Slayer, então Happy decidiu deixá- los sozinhos, mas sua cara dizia tudo.
— Eles estão apaixonados! — cantarolou saindo pela janela voando, o que irritou a loira, mas ela estava nervosa demais para repreendê-lo. Fazia tempo que os dois não ficavam sozinhos em um quarto, com seus corações batendo que nem loucos simplesmente porque seus olhares se cruzaram, e tudo parecia muito mais intenso agora que ela sabia o que sentia pelo melhor amigo.
— Ele tem razão — A maga arrepiou com a confirmação do Mago do Fogo. — Nós estamos apaixonados, embora eu não saiba desde quando… — Ela tentou pensar no dia que se apaixonou pelo melhor amigo, mas diferente do que lia nos livros, ela não percebeu o momento exato.
— Nem eu — Olhou para o verde dos olhos do Dragneel. — Mas eu estou apaixonada por você, Natsu — Deixou claro, e ao contrario da reação esperada ele riu. — Não era para você rir, seu i****a! — repreendeu envergonhada, se o homem não estivesse segurando seu braço ela iria embora.
— Eu sei, Luce — Riu ainda mais da cara dela, ela estava apenas admitindo o que todo mundo já sabia. Agora sim a loira se levantou para sair. — Espera! — A puxou com todo o cuidado e delicadeza que tinha apenas com ela, ainda assim, ela desequilibrou e caiu com ele na cama.
— S-Sinto muito… — Levantou apressada, agora que tinha plena noção do que sentiam um pelo outro, ficar com ele na mesma cama era estranho.
Irritado com o pedido de desculpas desnecessário, e sentindo que não adiantava mais conversarem, até porque conversar não dava muito certo para eles, Natsu a puxou fazendo com que ela caísse novamente, mas dessa vez em cima dele.
— Nat… — Antes mesmo que ela continuasse a frase que já nem lembrava, Natsu a beijou com vontade.
Já não era o primeiro beijo deles, então era menos desajeitado, o que deixava a loira um pouco mais encantada. O Dragneel não esperou para ter uma resposta, ele simplesmente invadiu a boca dela com a língua para sentir o gosto dela mais uma vez enquanto seus braços rodeavam a cintura fina.
Lucy não se controlou e puxou os cabelos róseos, ela nunca iria admitir, mas estava com saudades da boca dele, e esse era um dos medos que ganhou após o toque intimo trocado pela primeira vez em Fairy Hills; ela tinha medo de gostar e não conseguir ficar sem tocar os lábios dele com os seus novamente. Mas agora o ar era um novo obstáculo, eles tiveram que se separar para respirar.
— Luce… — Ele estava sem ar, mas precisava falar para ela, tal como Gajeel o explicou, apesar de já estar bem claro. — Você é a chave que aquece meu coração… — falou com as bochechas coradas. Lucy realmente destravou algo em seu coração que o deixava mais “aquecido”.
A loira piscou algumas vezes sem entender o que ele queria dizer com aquilo. Estava falando da missão?
— Natsu… — Iria questioná-lo, mas ele estava tão anormalmente envergonhado que ela percebeu e riu. — Não era “a chama” que aquece o coração?
— Tanto faz! — refilou com seu típico olhar inocente. Não era para ela rir da sua confissão somente porque ele fez o mesmo.
— Pois é, tanto faz! — Selou seus lábios novamente, mas dessa não demorou para se afastar, o que fez o mago reclamar.
— O que foi? — Seu olhar sedento de desejo por ela a fez rir novamente. Lucy se atreveu a tirar o cachecol dele com cuidado. — Lucy… — A impediu de continuar, ela sabia o quanto aquele cachecol era importante para ele.
— Calma — pediu. — Confia em mim — e com isso ele relaxou e a deixou retirá-lo por completo. — Eu só quero tentar uma coisa — sussurrou antes de depositar um beijo no pescoço exposto dele, o que o fez arrepiar.
Lucy explorava toda a extensão do pescoço masculino com beijos e chupões enquanto suas mãos arranhavam o abdômen definido quase exposto. Aprendeu a fazer aquilo após ler os livros recomendados pela Scarlet quando precisou escrever sobre beijos e amassos, e sinceramente, estava feliz por saber que Natsu estava gostando.
— L-Lu-ce… Espera… — pediu em êxtase, estava gostando de tê-la tão perto e atrevida, mas seu corpo pedia por mais, e de acordo a Gildarts, se eles continuassem, Lucy poderia sentir dor, e machucá-la era tudo que ele não queria. — E-Eu não quero machucar você… Hum… — Ela continuava sem se importar. Agora que eles compreendiam o que sentiam, nada mais importava. — Luce! — Ele inverteu as posições e ficou por cima dela para impedi-la de continuar embora nem ele mesmo quisesse; e ver as íris castanhas brilhando de desejo, aqueles lábios convidativos. Pior que isso, as bochechas vermelhas e os pelos eriçados, o peito subindo e descendo… Não, ele não queria e nem conseguiria para. — V-Você t-tem certeza q-que quer… — Não conseguiu continuar a pergunta, apenas se deixou levar e a atacou como antes ela o atacava, afinal, era a coisa mais certa que eles poderiam fazer depois de tanto tempo se amando sem perceber.
E dessa vez não havia ninguém para os interromper ou dizer o que estavam sentindo, dessa vez, apenas seus instintos e seus corações seriam ouvidos, dessa vez, só eles e o amor que sentiam importavam.
Dessa vez, eles seriam apenas amor, e não estranheza ou confusão.
***
— O que foi, Wendy? — Gray, que levava uma bandeja de comida nas mãos, a questionou.
— N-Na-da Gray-san… — Mentiu para ele.
— Tens certeza, Wendy? Suas bochechas parecem queimar. — Charles riu da observação da Maga da Água.
— E onde vocês vão? — A Exceed parecia curiosa.
— A Juvia e o Gray-sama vão levar comida para o casal favorito deles! — explicou.
— S-Sobre is-so… É melhor não os incomodarmos por enquanto… — Wendy queria verificar se os amigos estavam bem, mas ao chegar no corredor ouviu os gemidos e suspiros que os dois deixavam escapar, então deu meia volta e concluiu que era melhor deixá-los sozinhos por enquanto, de preferência até ao dia seguinte.
Gray e Juvia se encararam surpresos, mas a gargalhada que soltaram depois deixou a garota ainda mais constrangida.
— Deu certo, Gray-sama! — Comemorou.
— É… Deu certo até demais!