Lívia A casa tinha um cheiro diferente naquela manhã. Não era só perfume de madeira polida ou o aroma sutil do café vindo da cozinha. Era algo mais... denso. Como se o ar carregasse tensão. Expectativa. E um aviso silencioso de que algo mudaria. Eu não recebi café. Nem bilhete. Nem ordem. A ausência de rotina, naquele mundo onde tudo era milimetricamente controlado por Micael, era o primeiro alerta. A segunda veio quando o capanga de sempre bateu na porta do quarto com um olhar que ele nunca tinha dirigido a mim: um tipo de respeito contido… ou medo disfarçado de neutralidade. — Ele mandou te levar — disse. — Mas não posso passar da porta. — Porta de onde? Ele apenas me encarou. Foi o suficiente. Caminhei sozinha por um corredor estreito, revestido com madeira escura. Era uma ala

