Certeza que é isso.

606 Words
Rael — Não vai ter festa hoje? — cabeça entra na minha sala como se fosse o dono. — Que festa, cabeça? — Faz tempo que não organizamos um baile. Só temos trabalho. — Se tá a fim de baile. Organize você mesmo. Mas não quero você perdendo a mão no serviço. — E alguma vez eu perdi? Até parece que não me conhece. Cabeça é meu irmão mais novo. Meu braço direito aqui dentro. Por isso é um dos únicos que tem liberdade comigo. Ainda assim, ele sabe que preciso ser firme em tudo. Não posso mostrar fraqueza e ele entende isso. Ele pode não ter sido criado para comandar um morro, mas foi criado para ser leal ao Don. E dar a vida se preciso for. — Não — respondo rindo. — Vou mandar os caras organizarem o baile. Pro final de semana. Quem sabe aparece umas carnes frescas. — Quer que organizem uma baile para você conseguir comer alguém? Qual foi, perdeu a mão? — o provoco. — Teu ** — diz me mostrando o dedo do meio. Tento ficar sério, mas não consigo e acabo rindo. — Têm tanta mulher atrás de mim nesse lugar quanto de você. Não preciso disso. Como quem eu quiser aqui dentro. É só dar um passo para fora dessa casa e já começa a se forma uma fila. — Tô sabendo — digo rindo. — Você que anda devagar. Acha que não percebi que andou dando volta nas vadi@s. Algumas estão se remoendo já. — Para de cuidar da minha vida. Quem eu como ou deixo de comer não é problema seu. — Não mesmo. — sorri — Mas é legal ver elas se descabelando por um pouco de atenção. Alias, você está ficando velho irmão. Quase trinta anos nas costas. Cadê o herdeiro desse lugar? — Cala a boca Cabeça — falo perdendo a paciência. — Não quero por filho nesse mundo. — E vai deixar o comando para quem? — Não preciso me preocupar com isso ainda. Agora cala a porr@ da boca e trabalha. — Binho e Jhow estão vindo ai. Disse que tem relatório para passar? — Algum problema na entrada do morro? — Não, mas parece que tem gente pedindo para abrir uma boca. Respiro fundo. As vezes me sinto cansado dessa merda toda. Binho e Jhow são nossos amigos desde sempre. Como virei chefe, a lealdade deles se tornou ainda maior. — E a forasteira? — Cabeça me pergunta. — De que merda está falando? — questiono irritado. — Para Rael... eu sei que a mina te intrigou... —Para porr@. Não começa com esses assuntos. A tal Maitê estava me irritando. Não porque ela fizesse algo, mas porque ela existia. Meus pensamentos estavam mais bagunçados do que o normal. Eu me pegava procurando por ela nas vielas, de relance, quando ia resolver algum assunto. O que ela estava fazendo? Já tinha achado um emprego? Por que ela não tinha ido embora ainda? E por mais que eu tentasse disfarçar, acabava dando bandeira em alguns momentos. Prova disso são os questionamentos de Cabeça. Cansado de lutar contra a própria curiosidade, decidi quebrar meu protocolo. Normalmente, eu mantinha distância de qualquer morador novo que não tivesse ligação direta com "os negócios". Mas ela... ela era diferente. Mesmo quando eu não queria, acabava passando mais tempo do que gostaria a procurando. Não trocamos mais nenhuma palavra depois do dia em que ela quase caiu. Inferno. Eu não queria me preocupar, mas estava f**a. Essa porr2 só pode ser porque ela parece intocável. Certeza que é isso. Não tem como ser outra coisa.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD