Prólogo

3969 Words
Entre Mundos O salto de Mayla batia contra o asfalto úmido, enquanto ela apertava mais seu casaco sobre seu corpo, a rua escura e deserta a deixava ainda mais apreensiva. Seu celular estava descarregado sem a chance de pedir um táxi ou ligar para Dom, mesmo com o medo tomando conta de seu corpo, ela não tinha certeza se queria falar com ele. Ela sabia o quanto o hoje era difícil para eles, faz exatamente 6 anos que sua prima desapareceu. E mesmo Kara estando desaparecida, é como se sua presença estivesse no meio do casamento dos dois. Um pouco antes de chegar na entrada de seu prédio ela parou e respirou fundo, seu marido não foi trabalhar e ela não sabia a situação que o encontrará. Os dois fundaram uma empresa de cosméticos juntos, ela abandonou seus sonhos para viver os dele, pensando que poderia tampar o buraco que havia ficado na vida de ambos. Mayla já não tinha certeza se o amor entre eles realmente existiu um dia. Ela se lembra que eles viviam um triângulo amoroso antes e agora que apenas ela ficou não tinha certeza se era suficiente para Dom, mesmo entregando cada parte de si e abandonando seu sonho de ser cantora. Sentiu sua cabeça doer e se apoiou na parede, fechou os olhos para tentar fazer a dor passar e, no fundo, de sua mente ouviu novamente a voz grossa e rouca que atormentava seus sonhos desde seus 15 anos, repetindo a mesma palavra “Malala”. Ao ouvir essa palavra a figura alta e forte desse homem veio a sua cabeça, mesmo que desfocado, era como se seus olhos penetrassem sua alma, olhos tão azuis que pareciam doer. — Senhora Bellini, está tudo bem? — o porteiro se aproximou dela a passos largos — Está sim, obrigada. É apenas a mesma enxaqueca de sempre. O porteiro a acompanhou até a entrada do elevador e ela retribuiu com um sorriso. Ao ver sua imagem refletida, é como se ela tivesse mais envelhecida e cansada que o normal, seu corpo está inquieto e ela sentia uma fome que comida nenhuma saciava. Ao chegar na cobertura, ela retirou seus saltos e depois girou a maçaneta, ao entrar no apartamento viu as garrafas de bebidas espalhadas pelo chão e suspirou frustrada. Dominique estava na varanda e Mayla ficou distante observando seu marido parado, ela desejava com todo seu coração o conseguir entender. Ele estava usando calças de moletom preta, descalço e sem camisa, ele é um dos homens mais bonitos que ela já viu, os cabelos castanhos meio desgrenhados e os olhos, cor de mel que destacavam mais seu rosto. Ela não se sentiu preparada para falar com ele, então se dirigiu para o banheiro com sua camisola em mãos, deixou a água quente cair sobre seu corpo, na esperança de purificar todas suas dores. Ao se vestir se olhou no espelho e se sentiu extremamente diferente, seus cabelos negros pareciam sem vidas, os olhos castanhos pareciam apagados. Sentiu a bile sumir e foi até o vaso levantando a tampa e sentindo como se fosse se desfazer enquanto eliminava a pouca coisa que comeu durante o dia, após escovar os dentes saiu do banheiro e deu de cara com Dom, que estava sentado na cama deles. Cama essa que há muito tempo já não era usada para algo além de dormir. — Nem te ouvi chegar — Dom examinou seu corpo, mas em seus olhos não continham desejo e isso fazia o coração de Mayla se contrair em angústia, qualquer homem a desejava, a queria e esperava um dia ter uma chance com ela. Ele parecia se interessar por ela apenas quando tinha Kara por perto. Será que para ele era alguma espécie de jogo doentio? — Escutei você vomitar está tudo bem? — Está, acredito que comi algo que não me vez bem Mayla se sentou em frente a sua penteadeira e começou a passar o hidrante pelo seu corpo. — Se lembra que dia é hoje? Como ela poderia esquecer? Se Dominique o fez praticamente virar um feriado. — Me lembro — E mesmo assim foi trabalhar? — Nossa vida não pode parar Dom — Mayla, estamos falando da Kara Uma onda explosiva tomou conta de Mayla, ela sabia que ele sempre se sentiu dividido entre às duas, mas já fazia um tempo que Mayla sentia como se ela que estivesse sumido naquele milharal e muitas vezes ela desejou que isso acontecesse. Quem sabe ela teria paz, quem sabe Dom seria feliz e ela sempre quis o ver feliz. — EU SEI DOMINIQUE, VOCÊ NÃO ME DEIXA ESQUECER UM DIA SEQUER. EU GOSTARIA DE PODER SUPERAR ESSA FASE, MAS ESTAMOS PRESOS A 6 ANOS NELA. Ela gritava as palavras e um peso parecia ser retirado de seus ombros, Mayla teve que amadurecer cedo demais, por ela, por seu marido e por sua família. — PARECE QUE VOCÊ NÃO ACREDITA QUE ELA POSSA VOLTAR, MAS EU ACREDITO — EU NÃO DISSE ISSO, SÓ QUERIA TER A CHANCE DE TER UMA VIDA COM VOCÊ. OU MELHOR, ERA ISSO QUE EU QUERIA, MAS VOCÊ SEMPRE COLOCA A KARA NO MEIO DE NÓS DOIS. — NÃO FUI EU QUE FUI INCAPAZ DE GERAR NOSSOS FILHOS As palavras soltas pelo marido arrebentaram o peito de Mayla, magoa e ressentimentos se instalaram no lugar. Finalmente ele disse, ele realmente a achava incapaz por não poder engravidar. Os médicos não sabiam explicar, mas ela não conseguia engravidar. — Mayla — Dom parecia ter caído em si — Eu… E bem nessa hora o telefone tocou, Mayla se sentou na cama totalmente desgastada. Enquanto seu marido falava ao telefone. — Boa noite tia Sônia, sim, a Mayla já chegou. Tente se acalmar, a senhora está falando muito rápido. Tia Sônia a mãe de Kara ligava, sempre na data do desaparecimento da filha por isso Mayla não se importou tanto. — O quê? — ela sentiu o olhar do marido sobre si e assim que o olhou, as lagrimas escorriam de seus olhos e de repente ela viu o Dom de 6 anos atrás voltando — Estamos indo para aí O telefone foi desligado e Dom caminhou em passos lentos até ela. — A Kara foi achada, ela está viva. Acharam ela correndo em uma estrada perto do milharal. Sua cabeça rodou, era como se seu cérebro tivesse perdido a capacidade de raciocinar. Ela sentiu a mão quente de Dom tocar seu rosto e só aí percebeu estar chorando, que seu peito se sentia mais leve e preocupado ao mesmo tempo. Os braços fortes dele rodearam seu corpo e ela inalou seu cheiro, temendo que essa fosse a última vez. **** As horas que se seguiram dentro do jatinho particular da empresa, pareciam torturantes. Sua cidade natal era bem longe do local atual que mora, Mayla ainda se lembrava de como era morar no interior e sentia falta da simplicidade das coisas. Ao tocar no seu anel de diamante era como se ele pesasse, era como se ele fosse o símbolo de traição com sua prima. Assim que o jatinho pousou o pai dela já os esperava, o senhor Cooper abraçou sua filha com tanta força e a mesma retribuiu na mesma intensidade. Quando cumprimentou o genro ele foi mais frio, John Cooper não aprovava a forma como Dom fazia tudo acabar sendo sobre Kara. No carro o caminho até a fazenda foi quase silencioso. — Ela sabe? — A voz de Dom saiu baixa — Que você é casado com a Mayla? Que dorme com ela todas as noites? Que ela te tirou da m***a de vida que estava vivendo? Sabe sim e espero que você se lembre que sua esposa é a Mayla. O senhor Cooper jamais deixaria algum homem passar por cima de sua filha, mesmo que fosse Dominique o garoto que viu crescer, que tratou como filho. Mas entre ele e sua garotinha, sempre seria sua garotinha. Assim que o carro estacionou Dom desceu e foi correndo em direção a casa cumprimentando Mathew e Camila, seus melhores amigos. John segurou a mão da filha com força e eles caminharam lado a lado, sendo parados por Cami que correu abraçar a melhor amiga. — Estamos com você May — Cami fez um sinal para Mathew que se aproximou e abraçou às duas — Obrigada, como ela está? — As pessoas que acharam ela andando na beira da estrada a levaram ao hospital, ela tem sérios hematomas, parece que ficou em cárcere privado, ela não fala muita coisa sobre o ocorrido. Parece estar em estado de choque, as roupas que ela estava eram muito estranhas e sujas. Sua tia não quer forçar a barra. Sônia Cooper irmã de John, criou sua filha sozinha após ter sido abandonada por seu marido e após o sumiço dela passou a morar com o irmão e a cunhada Liliana. Mayla adentrou a casa com Cami ao seu lado e a cena que viu partiu seu coração mais uma vez. Dominique estava abraçado com Kara enquanto alisava seus cabelos, cor de cobre e sussurra algo em seu ouvido. Kara acariciou o rosto do mesmo e depois se virou vendo Mayla, seus olhos se encheram de lagrimas e os de Mayla também. A prima veio em sua direção e a abraçou, mas ao entrar em contato com ela Mayla sentiu algo r**m, uma repulsa, o cheiro da prima parecia a incomodar. — Pensei que nunca mais ia te ver — Kara disse a prima — Mas aqui estamos nós, igual nos velhos tempos, ou melhor, não tão igual já que você e Dom se casaram A voz da prima parecia desapontada, Sônia entrou na conversa para quebrar o clima r**m que se instalou. — Melhor irmos descansar, todos estamos muito surpresos e confusos. Quero que durma comigo essa noite filha, não sabe como senti sua falta. Mãe e filha se retiraram de braços dados e foi aí que Liliana conseguiu se aproximar de Mayla. — Minha filha — Oi mãe — Amanhã faremos uma fogueira em homenagem a sua prima, tudo que ela passou foi muito traumático e acredita os médicos falaram que ela precisa de certos cuidados, pois está desnutrida e mais alguns outros problemas de saúde, mas nada tão alarmante — Quero muito que ela se recupere logo — E com certeza vai, seu quarto e de Dom já está arrumado. Vão descansar. — Obrigada Camila e Mathew já se ajeitavam na sala para dormir, Mayla deu um beijo nos dois e subiu. Colocou um pijama confortável e se deitou, poucos minutos se passaram e Dom entrou no quarto. Trocou de roupa e se deitou ao seu lado. Mayla estava de costa para Dom, ele ficou a olhando seus cabelos estavam esparramados pela cama e ele se sentiu um completo i****a, ele fez coisas e falou coisas que magoaram muito aquela mulher, sua esposa. Dom queria poder se desculpar, falar que ela sempre o apoiou e que ela nunca foi estepe, que ele não queria ver ela se apagando, mas ele nunca foi bom com palavras. Ele queria poder dizer tantas coisas, principalmente que se sentia culpado pelo sumiço de Kara, pois na noite que ela sumiu. Dominique disse estar pronto para ficar com a garota que gostava e a Kara surtou sumindo no meio do milharal. Tantas coisas não ditas e que talvez nunca seriam pronunciadas. — Mayla — a voz de Dom ecoou pelo quarto — O que foi? — Deixa eu te olhar Com receio Mayla se deitou de frente para o marido, nenhuma palavra foi dita. Apenas seus olhos falavam, ele acariciou o rosto da esposa e ela parecia mais cansada que o normal, mas o que ele queria? Mayla é a mulher mais forte que ele conhece, carregou a empresa e seu casamento nas costas. — Sinto muito — ele disse em voz baixa Mayla simplesmente fechou os olhos, cansada demais para ouvir mais uma de suas desculpas. **** Quando amanheceu ela já estava de pé, olhou uma última vez para seu marido e saiu do quarto. Assim que colocou os pés para fora da casa, Kara estava sentada em um dos degraus. — Bom dia May — Bom dia, dormiu bem? — Tive muitos pesadelos, com coisas que nem tenho certeza se aconteceram mesmo — O que aconteceu com você? — Agora eu não falarei sobre isso, mas hoje à noite irei. Preciso que você, Dom, Mathew e Cami me acompanhem a um lugar. — E sua festa? — Isso é mais importante que uma festa idiota Então Kara simplesmente se levantou e entrou. O dia passou se arrastando, enquanto os outros arrumavam tudo para festa como se nada tivesse acontecido, sem questionar Kara a pedido de sua tia. Mayla trabalhava em seu notebook, ela não podia deixar a empresa desamparada. Mesmo assim ela observava a prima, existia algo de muito errado com ela e muitas perguntas passavam na cabeça de todos, mas ninguém tinha coragem de pronunciar. Kara sempre foi a “nerd”, introvertida, gamer e super caseira então a possibilidade ter se envolvido com um homem casado e ele fosse louco não fazia sentido, talvez tenha sido sequestrada e feita de escrava s****l? A capacidade de todos de fingir que nada aconteceu mesmo depois de 6 anos impressionava Mayla. Ela voltou em uma noite e já virou a vida de todos de ponta cabeça. Sobre a festa ela pediu que apenas quem estivesse nela fosse as pessoas da casa, então seria algo pequeno e familiar. Quando a noite chegou todos estavam arrumados, se sentaram em volta da fogueira e começaram a conversar, Mayla ficou distante como se não fizesse parte daquela realidade. — Mãe — Kara chamou — Sim — Queria dar uma volta com o pessoal, igual antigamente — Então vai, não precisa pedir filha John jogou a chave da picape para Mathew que pegou, então foi igual antigamente Mathew dirigindo. Camila a seu lado e Mayla, Dom e Kara atrás. — Para onde quer ir Kara? — Cami perguntou — Para o milharal da casa do Mathew Todos se entre olharam assustados. — Mas foi lá que tudo aconteceu — Eu sei Camila, mas vocês não querem saber o que aconteceu comigo? Sem dizer nada Mathew ligou a picape e começou a dirigir até sua casa. — Foi o que pensei — Kara estava mais estranha do que no dia de sua volta, seu cheiro incomodava mais Mayla e ela parecia ainda mais pálida. Quando chegaram em frente ao milharal todos desceram da picape e sem dizer nada Kara adentrou o mesmo, andando rápido e os amigos a seguindo assustados. Pareciam ter chegado no meio quando Kara parou e os olhou. — Essa árvore sempre esteve aqui? — Dom perguntou, preocupado diante aquela situação Uma árvore diferente de qualquer coisa que eles já viram estava bem no meio do milharal. — Não. E eu preciso da ajuda de vocês, eu fiz uma promessa. Uma promessa que preciso cumprir, foi por causa dela que eu sai de onde estava. Kara tinha um olhar assustador em seu rosto. — Mayla vem aqui — Para quê? — Cala boca e vem — Calma aí Kara, o que está acontecendo? — Eu só preciso saber uma coisa, uma única coisa Antes que algum deles pudesse se mover a árvore começou a brilhar, eles se afastaram para tentar ver melhor e Kara só dizia “não”, “não”, “não”. Diante deles apareceu cinco homens enormes, vestidos em couro, com várias tatuagens e cada um empunhando uma espada. Um corpo foi jogado, o corpo de uma mulher e Kara de desesperou. — Anelise, por favor — ela chorou copiosamente sobre o corpo morto da mulher — Pensou que poderia enganar o príncipe? — o Loiro que tinha uma enorme cicatriz no rosto disse, sua voz é estridente e seu olhar mortal — Por favor, não me leve de volta — Não existe mais escapatória para você Kara, não depois de tudo. Nem humana você é mais. — CALA BOCA MALTHUS — ela gritou o mais alto que pode — Você colocou seus amigos em perigo e agora eles vão pagar do mesmo jeito que você pagou por 6 anos O grupo de amigos estava em choque sem saber se aquilo estava mesmo acontecendo. — Venham — Malthus exigiu grudando no braço de Camila Kara estava abraçada novamente ao corpo da mulher, repetindo que a única coisa que queria era ajuda-la. Um dos outros homens a pegou no colo e ela nem reclamou apenas chorou, enquanto Camila se debatia nas mãos de Malthus, Mathew foi para cima dele. Seu primeiro soco atingiu em cheio o rosto de Malthus que nem se moveu, sua face é dura como rocha e fria como gelo. Mathew não recuou. Camila foi jogada no chão e o assustador homem retirou sua espada das costas e como se não fosse nada decapitou Mathew. Um grito doloroso escapou da garganta de Mayla e num ato desesperado Dom foi para cima do assassino de seu amigo. Levando um soco tão forte que quebrou seu nariz. Como se nada tivesse acontecido Malthus pegou Camila no colo que se encontrava em estado de choque, um dos homens levantou Dom. Outro homem se aproximou de Mayla, sua pele é tão n***a que parecia brilhar. — Por bem ou por m*l? — ele disse a ela Então Mayla o seguiu e um por um entraram na árvore que agora havia virado um portal e foram para um lugar esquecido até mesmo pelo próprio criador. **** Quando Mayla abriu os olhos se sentia fadigada, cansada e muito enjoada. Camila segurou sua mão com força e foi apenas naquele momento em que notou a amiga suja de sangue, Dom se aproximou delas e ao ouvir um grito de Kara que perceberam onde estavam. De frente para uma fonte, não uma fonte qualquer, aquela ao invés de conter água continha sangue. E Mayla conseguia sentir consumindo seu ser. A bile voltou e ela vomitou no chão. — Humanos são tão nojentos — Malthus a olhou com repulsa Olhando bem eles estavam em um castelo, igual aqueles de época. Na sala estavam 10 homens, incluindo os 5 que os atacaram, todos no mesmo estilo de traje. A frente havia um trono, um homem forte, com ainda mais tatuagens e os cabelos negros estava sentado nele, sua pele branca reluzia e seus olhos eram cobertos por óculos escuros. Kara foi jogada nos pés dele. — Dessa vez você tem que m***r essa inútil Héktor, ela só nós traz problemas desde que chegou aqui. Você ainda foi muito bondoso com essa impura. O Príncipe, como sempre não disse nada. Ele raramente falava na frente de estranhos, em todos os 6 anos que esteve em Deathvillage, Kara nunca ouviu uma palavra sair de sua boca. Então ele fez um sinal, o sinal de que poderiam matá-la. — Vou m***r você com meus punhos, você fez a gente passar muita raiva e por muita situação filha da p**a — Quando Malthus deu o primeiro soco em Kara, Mayla se meteu caminhou em passos rápidos até ele com os saltos de suas botas batendo contra o chão. Mayla reuniu todas as suas forças e empurrou Malthus de cima de Kara. Ele por sua vez foi para cima de Mayla a jogando no chão com força. Conforme ela caiu seu vestido levantou deixando suas coxas expostas, entre elas a marca de nascença uma lua crescente que antes era clarinha e agora estava escura. Antes que Malthus pudesse fazer algo contra ela, a voz de Héktor foi ouvida, tão alta, grossa e clara. — Pare — e assim seu guerreiro fez Ele levantou do trono e andou até ela, assim que retirou os óculos seus olhos foram de encontro com os de Mayla e era o mesmo azul de seus sonhos. Ela sentiu seu corpo formigar, arder, queimar sobre os olhos dele. Ele sentia o cheiro dela penetrar em seu nariz tão agradável e atraente. O cheiro da mulher que foi prometida-lhe desde o dia que ela nasceu. Ele também sentiu toda sua dor, todo seu sofrimento, sentiu que o feitiço que foi posto nela fazia ela morrer cada dia um pouco mais. Sentiu todos seus sentimentos em relação a Dom e o odiou por isso. Héktor o olhou para ele com toda sua realeza e Dominique se sentiu pequeno, confuso e medroso. O príncipe, tocou o anel de diamante no dedo de Mayla e apenas esse pequeno contato fez seu corpo se agitar mais. Ele apertou a pedra e a mesma se quebrou, o material mais duro encontrado na natureza se despedaçou, a imagem que foi passada para Dominique o fez engolir em seco. Mayla sentiu uma dor muito forte no estômago e automaticamente apertou o braço de Héktor. — Ela está morrendo, o ritual tem que ser feito agora — O que está acontecendo comigo? — Você é uma vampira, foi separada de seus pais e um feitiço foi lançado em você Malala. Agora não tenho tempo para detalhes Héktor abriu as pernas dela com força, mesmo com ela se debatendo. Pegou uma adaga cortando seu braço. E espalhou o seu sangue sobre a marca de nascença e em seguida colocou seu pulso na boca dela. — Beba — ele disse — Não — Você morrerá, se não o fizer — Eu não sei o que está acontecendo mais me prometa que nada acontecerá com eles, prometa que os protegerá — Eu prometo E então ela começou a beber e ele a pronunciar palavras que ela não compreendia. — Sanguis autem sanguis sumus corporis. Et nos unum sumus. Ego hodie praecipio tibi anima mea. Nam maiores eaque omittere sit Sua consciência ia e voltava enquanto ele pronuncia mais palavras confusas e seus homens também diziam algumas partes. — Renasça Malala — Com essas palavras em mente Héktor pegou sua adaga e fincou no peito de Mayla Kara e Camila gritaram, Dominique tentava de qualquer jeito chegar perto dela. Mas aqueles homens nunca deixariam. — Abram um portal para eles — Ela é minha esposa — Dom disse em um rosnado — Sua esposa morreu Héktor pegou Mayla no colo e se virou subindo uma longa escada. Camila foi levada para um dos quartos em pensamentos o príncipe disse que seria bom Mayla ter uma amiga quando acordar, a mesma se debatia sem parar. Um portal foi aberto e Kara jogada dentro, todos ali sabiam que ela era uma impura e para onde ela iria. Impuros são criaturas ou pessoas que não conseguiram virar vampiros, que ao ter contato com suas presas o veneno causa uma mutação que os transforma em uma coisa com a pele acinzentada e que bebem sangue de mortos e podem até se alimentar de carne morta. O véu que cobre o mundo humano impossibilitou todos de ver sua verdadeira forma. Já Dom, Malthus sentiu a raiva em Héktor por isso o bateu tanto, que quando jogaram ele através do portal o mesmo estava quase morto. Sem ter noção do que viria acontecer a seguir. Dominique está deitado sobre um gramado verde-escuro seu corpo queima, sua cabeça lateja a cena de morte de Mathew e de Mayla se repetiam milhares de vezes em sua cabeça. O véu havia se corrompido para ele, ninguém nasce caçador, a dor os transforma. Seu corpo queimando, já que seus músculos estavam se rasgando e se reconstruindo. A marca do caçador já tomava forma em sua pele. E ao fundo ele ouvia uma voz masculina dizendo estar tudo bem. Dominique agora passava por uma transformação para se tornar caçador, se tornar filho da dor e Mayla passava por outra transformação virando uma filha da noite.
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