Não Estou Familiarizado

2002 Words
    Sol se aproxima da mesa e diz: - Uma água com gás senhorita? - Claro senhora, se não for muito incômodo – digo seriamente. Tento manter a expressão séria, mas logo estamos rindo, - Bom te ver Cate, como você está hoje? Parece bem. - E estou mesmo, e você, tudo certo? - Tudo em paz, graças a Deus, vou trazer a sua água e deixar você comer, imagino que deva estar com fome – e se retira.     Eu realmente estou com fome, então, ataco esse prato divino, brócolis é literalmente minha comida favorita no mundo todo.     Fico feliz só por estar comendo.     Solange traz minha água, mas está muito atarefada e não ficou para conversarmos mais. E tudo bem porque já preciso voltar para a empresa.     O dia está particularmente bonito hoje, o céu está azul com poucas nuvens, o calor está batendo forte, eu amo dias de sol são dias felizes para mim. Nunca gostei de chuva ou tempo nublado.     Caminho tranquilamente e subo vagarosamente para minha sala, quando abro a porta, vejo duas coisas ao mesmo tempo: um pufe pink, e nele se encontra uma mulher de cabelos longos e pretos, olhos da mesma cor e  muito marcantes com um delineado grosso, e um nariz perfeito e pequeno.     Ela está totalmente esparramada.     Até que me vê e levanta em um salto. - Oi, você é a Catarina? - Sim. - A Doutora Natália pediu para eu te esperar aqui. - Ah, tudo bem, espera só um pouquinho – pego o celular para ligar para a Nat - como se chama? - Lindy. - Lindy... Que nome bonito – e diferente, mas não vou dizer isso para ela. - Eu sei que é estranho – ela diz sorrindo – meu pai é espanhol, significa linda. - Combina com você – retribuo o sorriso – espera só um pouquinho? Vou ligar para a Doutora Natália, pode ficar à vontade. - Tudo bem, não tenho pressa – e se joga no pufe novamente.     Que figura.     Dou risada da cena. E saio da sala para falar com a Nat, mas ela está em frente ao elevador conversando com Joseph.     Sequer posso considerar dar meia-volta.     Nat já está sorrindo e acenando em minha direção, me aproximo deles. - Oi gente – digo. - Cate, me desculpa pelo perdid... – Joseph a interrompe.     Como parece que faz com toda e qualquer pessoa do planeta terra. - Pois é, você não vai acreditar Catarina! Natália estava justamente me pedindo desculpa – ele olhou para ela, zombeteiro - pelo que mesmo Nat? – ele finge uma expressão confusa - Ah é, por nos dar um perdido assim que um homem gigante a agarrou.     Sorrio, o mesmo aconteceu comigo, Joseph pode ser  facilmente comparado a gigante, deve ter pelo menos um e noventa, sem falar nas costas largas. Parece que ele pensou na mesma coisa, pois sorri para mim de forma bem convencia. - Bom Catarina, eu estava dizendo para Nat que te levei pessoalmente embora ontem depois que ela sumiu, ela ficou muito preocupada.     Semicerro os olhos e me volto para Nat. - Então, você em... – e nós rimos juntas. - Amiga você iria surtar! – Grita ela animada, e o setor inteiro olhar para nós, e ela nem liga, apenas continua falando: - Alto, forte e moreno... Parecia o Michael B. Jordan!!! - Uau, então alguém se deu bem ontem? – Pergunto.     Joseph me lança um olhar endiabrado, mas se contém.     Estou feliz e – aliviada. Muito. Bom saber que não teremos problemas com isso. Eu realmente estou feliz por ela, Nat é uma pessoa incrível. - Simmm, e ele trouxe café da manhã na cama – vejo pelo canto dos olhos que Joseph me encara e levanta uma sobrancelha - O nome dele é Danilo eu achei ele ótimo. - Fico feliz por você amiga, sério, Aliás, quem é aquela garota... - Meu Deus, ela, vão conversando que eu já volto – e sai. - Bom dia Catarina. - Bom dia Joseph, ou devo dizer boa tarde?     Ele ignora meu comentário e diz: - Por que você foi embora sem se despedir? - Eu precisava trabalhar. - Sim, ao meio-dia, e imagino a que horas você foi embora já que estou acordado desde as 09h. - Eu chego no trabalho as 08h. - Mas a Natália te liberou para chegar mais tarde – dou um sorrisinho afetado e digo: - Joseph, se a Nat não ia estar aqui pela manhã, eu tenho que estar, tudo que acontece nesse setor, passa por uma de nós. Imagina se acontecesse algum problema? Uma de nós para resolver – diante de seu olhar presunçoso, meu sangue ferve e eu disparo: - Se não for motivo o suficiente, existe uma coisa chamada responsabilidade. Se meu horário é das 08h às 16h, então eu vou estar aqui das 08h às 16h!     Meu Deus, e agora eu estou atacando o pobre coitado.     Vejo em seu semblante que fica confuso com a minha reação, e envergonhada, saio andando.     É claro que ele não sabe nada sobre responsabilidade, como saberia sendo o filho do dono da empresa? JOSEPH     Fiquei boquiaberto com Catarina. Quando penso que seria mais fácil apenas manter uma conversa, percebo que existem mais barreiras do que parece.     Mas aliás, conheço a menina a dois dias, e não teria como prever que ela ficaria brava com isso.     Estou encucado em como ela nem me esperou acordar, parece que só usou meu corpo e foi embora.     Quando ela começou a falar calmamente comigo, estando claramente irritada, despertou algo em mim, senti um misto de orgulho com um “a quero pra mim”, mas ela interpretou m*l meu sorriso, com certeza.     Mas ela me deu as costas antes que eu pudesse dizer algo.     Vou atrás. - Catarina, me deixa falar com você – ela se vira e me da mais um daqueles sorrisinhos que nos dá vontade de arrancar da cara dela.     Aos beijos. - Alguém precisa trabalhar – e não para de andar.     Paro no meio do corredor, não estou nem aí que tem gente dando mais atenção a essa conversa do que Catarina. - Certo, você sai as quatro né? Vamos tomar um café – falo.     Ela nem se da ao trabalho de virar, apenas responde: - Não. - Não? Por que não? – começo a seguir ela de novo.     Ela para e se vira para mim: - Preciso descansar. Como você bem sabe, não tive uma boa noite de sono.     Sorrio, mas só porque não posso evitar, foi uma noite agitada. - Uma horinha tomando café comigo não vai mudar nada. - Não – por que ela tá tão séria? - Vamos, eu te devo um café. - Você não me deve nada – estava quase em sua sala, mas eu disse: - Isso é um não? - Parece que você não entende o significado da palavra né? - Só não estou familiarizado – um indício de sorriso, ponto para mim – vamos, como amigos.     Isso causa efeito imediato porque ela diz: - Te encontro lá embaixo as 16h – e entra em sua sala. - Certo – digo e vou para o elevador.     Eu não queria insistir tanto, mas desde que a conheci quero passar um tempo com ela, eu sei que deve ser ridículo falar isso, mas causo um efeito diferente nas mulheres em Londres.     Sou quase disputado, assim como os meus amigos.     Mark parece um santo.     Greg tem a Sophie – o que não impede algumas mulheres, e homens também.     Henry é quem mais se beneficia disso. O cara é incorrigível.     Dorme com uma atrás da outra.     William é o mesmo, embora esteja passando por um momento difícil.     E joga no outro time.     Mas eu não sou assim, sou extremamente seletivo.     Assim que entro no meu andar, tento limpar a mente. Eu tenho uma reunião com os Diretores Financeiros e de Marketing, nós precisamos discutir uma estratégia para levar mais filiais da Murphy mundo a fora. Eu vim pra cá com o proposito de encontrar alguém para fazer um trabalho.     Os diretores vão me dar a visão deles em relação ao assunto.     Nat indicou Catarina logo de cara.     Puts, esse nome de novo.     A reunião será longa. CATARINA     Entro na minha sala e fecho a porta, Nat está no meu lugar e Lindy no pufe pink. - Oi Cate, essa é a Lindy – trocamos olhares e sorrimos uma para a outra, meu santo bateu com o des... – Bom, vou direto ao assunto, você vai treiná-la para que ela possa assumir o seu lugar.     Sinto a cor sumindo do meu rosto.     Meu sorriso se desfaz e um nó se instala em meu estomago.     O brilho no olhar de Nat me enoja, fiquei totalmente sem palavras.     Mas foi apenas - Meu Deus Catarina, calma! – Diz Nat se levantando - Você vai ser promovida, bom se você quiser e tudo correr como planejado – ela coloca as mãos envolta dos meus ombros.     Está explicado o brilho no olhar, mas continuo em choque. Estou sentindo um misto de felicidade, susto e curiosidade.     Eu vou ser promovida? Por quê? - Pode explicar? – Digo. - Claro, bom, no dia em que eu faltei, você apresentou no meu lugar, Jo e os Diretores acharam você muito segura de si e executou o trabalho com maestria – ela levanta uma sobrancelha – mesmo sobre pressão. E eles amaram, me disseram que parecia que você fazia isso diariamente, sem falar em todos os gráficos e relatórios que você envia para o Paulo e para a Marina, eles te acham brilhante. - Nossa eu... - Eles estão vendo exatamente o que eu vi a quatro anos atrás. Tamanho potencial não deve ser desperdiçado. E a função que Joseph vai te oferecer – ela abre um sorriso branco e reto – só consigo pensar em você. Abro um sorriso diante de sua declaração. - Ai Nat, não sei o que dizer – balanço a cabeça – obrigada. Nossos olhos se enchem de lágrimas e nos abraçamos. Ela se afasta e diz secando uma lágrima delicadamente: - Nesse exato momento Joseph está falando com os Diretores sobre isso.     Sinto minhas sobrancelhas se franzindo. - Como assim? - Joseph veio para cá especialmente para escolher alguém para representar a empresa. Depois da apresentação ele mencionou o assunto, praticamente no mesmo minuto eu disse que só conseguia pensar em você, já que você é uma esponja de absorver conteúdo. Marina concordou na hora, mas Paulo que te acha muito nova – ela faz uma careta – ele provavelmente quer o cargo, mas tenho certeza que vai ser seu. - A Dra. Marina achou uma boa ideia? – Não posso acreditar. - O pessoal da matriz não quer apenas um rosto bonito para representar a transnacional, mas alguém com conhecimento geral de como são os parâmetros de uma de nossas empresas. E Catarina, você já vai fazer 25 anos, para mim não tem idade melhor. - Eu nem sei o que dizer, você me pegou de surpresa.     Ela abre mais um de seus típicos sorrisos e diz: - Bom, divirtam-se, vou subir e ver como anda a reunião. - Nat? – Chamo. - Hum? – Diz segurando a porta, a sobrancelha num arco perfeito.   - Mas isso de ser representante da empresa é certo? E o Paulo?     Natália solta uma risadinha conspiratória. - No fim, a decisão vai ser do Joseph.     Promovida.     Promovida, eu vou ser promovida.     Eu pensei por um segundo que voltaria para casa com o r**o entre as pernas depois daquela conversa com a minha mãe.     Mas não. Vou ser promovida, treinar a Lindy, ser o rosto da empresa. O que isso possivelmente poderia significar? - Você não está feliz por ser promovida? – A voz de Lindy chama minha atenção. - Estou sim, é que eu fui pega de surpresa. - Ah, é que eu estaria pulando de felicidade a essa altura.     Acho que eu realmente gosto dela no fim das contas.
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