Videochamada com Lucca
— Fala aí, não tenho muito tempo. — Lucca atendeu apressadamente.
— Cara'lho fo'da-se, eu tenho dia e noite à toa nessa por'ra.
— Se não fosse o Marcus, não seria você. Pô, cara, estamos sentindo sua falta, as coisas aqui estão complicadas demais.
— E o Andrew, ele não designou alguém para te dar uma mão? — perguntei surpreso, meu irmão nunca deixaria o Lucca na mão.
— Ele colocou a Léa, cara, mas agora ela foi para São Paulo!
— Que loucura é essa, mano? A irmãzinha da minha cunhada, o que ela estava fazendo aí? — perguntei, meio chocado. Lembro que ela tinha me pedido uma vaga no galpão.
— Ela estava na administração, caramba, e estava ajudando muito. Ela é incrível com a parte administrativa, mas agora teu irmão vai ter que contratar alguém novo, porque, piscou ela se foi, por enquanto tô me virando sozinho e tá difícil demais. Mas foi melhor ela ir. — ele comenta, me deixando intrigado.
— Melhor para quem se ela estava ajudando?
— Mano, conviver com mulher é uma história completamente diferente. Eu estou quase me casando com a Ellen, mas a amizade com a Léa estava mexendo comigo, entende? Estávamos conectados o tempo todo, como eu e você, 24 horas por dia. Foi demais. — Lucca falou, sorriu me negando, o Lucca estava claramente balançado pela cunhada do meu irmão, kkk.
— Kkk tava com medo de dançar?
— Não brinca Marcus, na boa a Léa é muito legal, já estava com medo de errar com ela e com a Ellen, tô gamado na Ellen, mas ela também é difícil, seu irmão dá tempo para ela sair comigo e mesmo assim ela arruma um jeito de não sairmos.
— E você tá gamado? O que você tem na cabeça? Quer brincar de palhaço sabe que eu ganho. — ele gargalhou.
— Eu gosto dela, ontem ela conversou comigo, disse que estava me evitando por perceber que eu estava muito amigo da Léa e estava com medo de ser trocada, na verdade, estava enciumada, m*l deixava eu me aproximar dela, ela não merece isso, fui baba'ca, mas agora acordei.
— Por que a concunhada do Andrew foi para São paulo? Alguém a ameaçou? — pergunto curioso.
— Não, mano, foi decisão dela ir para São Paulo. Ninguém aqui a incomodou.
— Quem a acompanhou para São Paulo?
— Fui eu.
— E? Ela está segura lá? Alguém foi junto? — Lucca fez cara de quem fez algo errado.
— Não, mano, ela ficou sozinha. — fez careta.
— Como assim cara'lho? Goza'ram no cérebro de vocês por'ra? Que tipo de ideia vocês têm na cabeça, deixar a garota sozinha em São Paulo sem ter a certeza que o defun'to é o avô dela? Toda proteção que vocês ofereceram a ela até agora será em vão se ela estiver lá sozinha, caram'ba!
— Cara, não pensei nisso, e nem o teu irmão pensou.
— Vocês estão completamente fora de órbita, isso sim. Essas questões de casamento mexeram com a cabeça de vocês, dro'ga. Tenho que voltar logo, porque, do jeito que está, até o galpão pode estar sendo roubado enquanto vocês estão com essa confusão na cabeça.
— Marcus, nós não temos superpoderes na mente, por'ra! Você está aí sem fazer nada, mas nós estamos lidando com um turbilhão mental. Não dá para pensar em tudo, mano.
— Tudo bem, você acredita que o velho está realmente morto?
— Sinceramente? As roupas que foram encontradas eram dele, a dona Louise mesma confirmou isso.
— Roupas, mano, roupas são todas iguais. Para mim, esse velho está tramando alguma coisa. Faz um favor, vai até meu apartamento e organiza meus dispositivos, deixa tudo ligado aí no galpão. Vou manter contato.
— Certo, mano, mas você está bem?
— Nada bem, só estressando. Esse pessoal é sem graça demais, estou à beira de um ataque de nervos.
— Haha, achou que estava indo para uma festa? Você sabia para onde estava indo quando aceitou.
— Aceitar? Não tive nem opção.
— Mas e a Belly, você não tentou entrar em contato com ela?
— Não, mano, dei uma olhada nas mensagens e avistei algumas delas, mas apaguei. — Eu minto, porque, na verdade, não apaguei. Posso ser um pouco curioso? Não nesse caso específico, mas sou.
— Fica firme, irmão, logo seu pai te chama de volta.
— Se eu não enlouquecer antes e acabar preso. Diga ao senhor Alexander que aqui não segue as leis do Brasil, kk.
— Não brinca desgra'mado, fica tranquilo, mano. Estamos juntos nessa.
— Beleza, manda um abraço para meu irmão!
Desliguei a chamada de vídeo. Deitei na cama do dormitório observando o teto, entediado, e logo vi Ítalo entrar.
— Que tédio, cara.
— Eu quero voltar, mano. Não consigo lidar com isso aqui, não quero. — ele sentou-se em sua cama.
— Nós iríamos nos dar bem no Brasil, só gandaia, cara'lho. — falou sorrindo e gargalhei. — Na sexta-feira, o gerente vai para o Brasil. Você sabia disso? — Levantei de imediato.
— Tem certeza?
— Absoluta. E eu também estou indo de volta, vou visitar minha mãe, mas não sei se volto. Pena que você não pode ir também. — fiquei pensativo.
— Isso me deu algumas ideias. — Sorrio enquanto aliso o queixo. Cansei disso aqui, está na hora de partir, mesmo que vá contra a vontade do meu pai.
Deitei na cama do dormitório e continuei a pensar nos planos que começavam a se formar. Estava decidido, era hora de tomar as rédeas da minha vida.