CAPÍTULO 5

962 Words
Capítulo 5 O carro cortava a noite, as ruas escuras do lado de fora pareciam se esticar sem fim. Eu estava sentada no banco de trás, o olhar fixo pela janela, tentando encontrar alguma paz nas luzes da cidade que passavam rapidamente. Mas a sensação de estar sendo arrastada para algo que eu não podia controlar só aumentava. Eu queria entender tudo o que estava acontecendo, mas a cada palavra de Bruno e Marcos, o labirinto só ficava mais intricado. Marcos estava na direção, seu silêncio pesado preenchendo o espaço entre nós. Ele não parecia disposto a abrir a boca, e, sinceramente, eu não sabia se queria ouvir mais. O que eu realmente queria era voltar para minha vida, para os dias comuns, sem segredos, sem mentiras, sem medos. Mas essa não era mais uma opção. Isabel: — Para onde estamos indo? Onde você está me levando? Marcos não respondeu de imediato. Ele parecia hesitar, como se estivesse pesando as palavras que escolheria para me tranquilizar. A voz dele, quando finalmente falou, estava fria, distante. Marcos: — É melhor você não saber por enquanto. Confie em mim, Isabel. Estamos indo para um lugar onde você ficará segura. É tudo o que importa agora. Segura. As palavras soaram vazias, e, por mais que eu tentasse me acalmar, o nervosismo só aumentava. A noite estava silenciosa, mas dentro de mim, tudo estava em alvoroço. O carro virou uma esquina e entrou em uma rua pouco iluminada. As casas ali eram antigas, com a pintura desbotada, algumas janelas quebradas. Era como se o tempo tivesse parado naquele lugar, como se eu estivesse sendo levada para uma parte da cidade que ninguém mais ousava visitar. Eu não sabia mais o que pensar. Isabel: — Marcos, me conta a verdade. Quem são essas pessoas que Bruno se envolveu? O que ele fez? E por que tudo isso me envolve? Marcos olhou rapidamente para o espelho retrovisor, seus olhos captando a tensão na minha voz. Ele sabia que eu não conseguiria ficar quieta por muito mais tempo. Mas ainda assim, hesitou. Marcos: — Eu não posso te dizer tudo agora, Isabel. Acredite, se você soubesse, isso só tornaria as coisas mais difíceis para você. Tem muita coisa que não podemos controlar. Isabel: — E se eu não confiar em você? E se eu não quiser continuar sendo puxada para isso? Marcos finalmente parou o carro em frente a um prédio baixo, de aparência sem vida. Ele desligou o motor, mas não saiu imediatamente. Ficou ali por um momento, como se estivesse se preparando para algo. Eu o observei com atenção, esperando que ele falasse, que explicasse, ao menos um pouco, o que estava acontecendo. Marcos: — Eu entendo o que você está sentindo. Mas você precisa ser forte, Isabel. Aqui não há mais volta. Vamos entrar e esperar. Quando as coisas se acalmarem, você poderá decidir o que fazer. Eu respirei fundo, tentando processar tudo o que ele acabara de dizer. Não havia mais escolhas a fazer. Eu estava em um caminho agora, e só poderia seguir em frente. Ele me conduziu para dentro do prédio. O cheiro era de mofo, e as paredes pareciam enferrujadas, como se o lugar estivesse abandonado há muito tempo. O silêncio lá dentro era ensurdecedor, e, à medida que caminhávamos pelos corredores, a tensão no meu peito só aumentava. Marcos: — Vai ficar tudo bem. Só precisamos de um tempo. Eu não acreditava em suas palavras, mas o que mais poderia fazer? Ele me levou até um quarto pequeno, simples, com uma cama e uma mesa. Não parecia seguro, nem confortável. Mas era o que havia, e eu teria que me acostumar. Isabel: — Quanto tempo vamos ficar aqui? Marcos: — O suficiente para que Bruno resolva as coisas. Depois disso, você poderá ir para onde quiser. Mas eu não tinha certeza de que seria tão simples. Algo me dizia que tudo isso estava longe de terminar. E quanto mais tempo eu passasse ali, mais a verdade me eludia. Marcos saiu do quarto e fechou a porta atrás de si, me deixando sozinha com meus pensamentos. Eu me joguei na cama, tentando encontrar algum descanso, mas não conseguia parar de pensar nas palavras de Bruno. O que ele havia feito? E por que ele me colocou no meio de tudo isso? A cada momento que passava, minha confiança nele diminuía. Eu olhei pela janela, a cidade lá fora parecia calma, mas aqui dentro, dentro de mim, tudo estava em caos. Eu não sabia até onde tudo isso iria me levar. Tudo o que eu sabia era que estava em um lugar perigoso agora, e, ao que parecia, não havia como voltar atrás. O som do telefone tocou. O susto quase me fez cair da cama, mas ao olhar no visor, vi que era Bruno. Hesitei por um momento, mas atendi. Isabel: — O que está acontecendo, Bruno? Por que você me trouxe até aqui? Me conta a verdade! A voz dele veio baixa e cautelosa. Bruno: — Não fique brava comigo, Isabel. Eu só queria proteger você. Mas há coisas que você não pode saber ainda. Só confie em Marcos. Ele vai cuidar de você enquanto eu tento resolver isso. Vai ficar tudo bem. Eu apertei o telefone contra o ouvido, sentindo o peso de suas palavras. O que ele estava tentando esconder de mim? E por que ele parecia tão distante, tão frio agora? Isabel: — Eu não sei se consigo confiar mais em você, Bruno. Mas… vou esperar. Só espero que não seja tarde demais. Bruno não respondeu de imediato, mas eu sabia que ele estava preocupado. Eu também estava. A dúvida e o medo agora eram os meus companheiros mais próximos, e eu não sabia como me livrar deles.
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