Capítulo 4

944 Words
Capítulo 4 A rua estava deserta, e a única luz que iluminava o caminho vinha dos postes espalhados pela via. O vento gelado da noite cortava meu rosto enquanto caminhávamos em silêncio. Marcos não parecia ansioso para falar, e eu, por algum motivo, também não queria forçar uma conversa. O medo e a dúvida estavam me consumindo por dentro, mas o que mais poderia fazer? Eu tinha que seguir em frente, mesmo sem saber para onde estava indo. A caminhada parecia mais longa do que realmente era. Cada passo soava alto no chão, ecoando como uma batida constante em minha mente. O som dos meus próprios passos parecia querer me lembrar de que estava me afastando cada vez mais de casa, de tudo o que conhecia. Para onde eu estava indo? Finalmente, Marcos parou diante de um prédio de aparência antiga, com portas de ferro e janelas pequenas, quase inacessíveis. Ele se virou para mim, seu rosto impenetrável. Marcos: — Chegamos. Pode entrar. Olhei para o edifício e, pela primeira vez desde que saí de casa, comecei a duvidar da minha decisão. Tudo isso parecia errado, mas o que mais eu poderia fazer? Bruno me envolveu nisso, e agora eu não podia simplesmente voltar atrás. Isabel: — O que é isso? Onde estamos? Marcos: — É um lugar seguro. Bruno está esperando por você lá dentro. Eu não sabia se isso me acalmava ou me deixava mais nervosa. Mas, sem mais hesitação, entrei no prédio. O ambiente estava escuro, com o cheiro de madeira envelhecida e um ar pesado, como se o tempo tivesse parado ali. O silêncio que nos envolvia só aumentava a tensão. Marcos me guiou por um corredor estreito e, quando chegamos a uma porta no fundo, ele a abriu sem dizer uma palavra. Do outro lado, Bruno estava sentado em uma cadeira, com a cabeça baixa, os ombros tensos. Quando me viu, levantou-se imediatamente. Bruno: — Isabel, você chegou. Seu tom era de quem tentava parecer calmo, mas os olhos dele estavam perturbados, inquietos. Ele me olhou como se estivesse tentando medir minha reação, mas eu não sabia o que esperar dele. Isabel: — O que está acontecendo, Bruno? Você me envolveu em algo... e nem me disse o que é. Bruno parecia hesitar antes de responder, como se estivesse se preparando para revelar algo muito sério. Bruno: — Eu… eu cometi um erro, Isabel. Eu entrei em algo muito mais profundo do que eu imaginava, e agora as coisas estão fora de controle. Eu não sabia mais o que fazer. Isabel: — O que você fez, Bruno? Você está me deixando cada vez mais perdida. Não consigo mais entender nada. Ele respirou fundo, como se estivesse buscando coragem para falar. Bruno: — Eu me envolvi com pessoas perigosas, Isabel. E agora, eles sabem que você é minha irmã. Isso coloca você em risco. Isabel: — O quê? De que tipo de pessoas você está falando? Bruno olhou para Marcos por um momento, e foi como se uma sombra passasse por seus olhos. O silêncio entre eles foi carregado de algo que eu não conseguia entender. Bruno: — Não posso te dizer tudo agora, mas você precisa ficar longe de tudo isso. Marcos vai ficar com você, vai garantir que você esteja segura. Isabel: — Isso não é o suficiente, Bruno! Eu preciso saber mais. Eu preciso entender o que está acontecendo! Marcos deu um passo à frente, interrompendo nossa conversa. Marcos: — Isabel, seu irmão está certo. Você está em perigo, e há mais coisas em jogo aqui do que você pode imaginar. Vamos ficar em silêncio por um tempo. Precisamos que você esteja em segurança, até que as coisas se acalmem. Mas a minha mente estava uma tempestade. Segurança? Eu não sabia em quem confiar mais. Marcos parecia estar tentando me proteger, mas eu sentia que havia algo mais ali, algo que ele não estava me contando. E Bruno, meu irmão… Ele estava mais distante do que nunca, e as palavras que ele me disse agora me perseguiam. Isabel: — Eu não vou ficar aqui sem respostas. Eu não vou ser ignorada mais uma vez. Bruno se aproximou lentamente, com uma expressão que eu não conseguia decifrar. Bruno: — Não é uma escolha, Isabel. Você está envolvida em algo maior. E agora, o que importa é a sua segurança. Esqueça o resto por enquanto. Aquelas palavras me atingiram com um impacto que eu não esperava. Eu não tinha mais controle sobre nada. As peças estavam se movendo ao meu redor, e eu não tinha como impedir. Tudo o que eu sabia era que o peso da escuridão que se aproximava estava ficando mais forte a cada minuto. Marcos se aproximou de mim, sua presença imponente me fazendo sentir ainda mais vulnerável. Marcos: — Vamos sair daqui antes que as coisas piorem. Você precisa descansar, ficar longe de tudo. Vamos para um lugar seguro, onde você poderá pensar. Eu olhei para Bruno, ainda tentando entender tudo o que ele havia feito, mas ele apenas desviou o olhar, como se não quisesse mais falar sobre isso. Não tinha mais palavras entre nós. Eu estava presa em uma teia que ele mesmo havia criado, e agora, não havia como escapar. Eu precisava confiar em Marcos, mas em quem mais poderia confiar, quando a única pessoa que eu mais amava parecia estar tão perdida quanto eu? Marcos me fez seguir, e, sem mais alternativas, saí daquele lugar com o coração pesado e uma sensação de impotência crescente. O futuro parecia um borrão diante de meus olhos, e eu não sabia se algum dia seria capaz de entender o que realmente estava acontecendo.
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