Capítulo 3
O dia amanheceu sem que eu tivesse fechado os olhos durante a noite. O peso da conversa com Bruno ainda estava sobre mim, e a tensão que eu sentia parecia ter se transformado em um nó apertado na minha garganta. O que ele me pedira parecia um aviso, mas também uma sentença. Algo estava prestes a acontecer, e eu precisava estar pronta para lidar com isso.
Isabel: — Por que tudo isso tem que ser tão complicado?
Resmunguei, tentando afastar os pensamentos que estavam me consumindo. O celular estava em silêncio desde a ligação de Bruno, e eu sabia que, por mais que quisesse encontrar respostas, precisava agir com cautela. Mas não saber nada era ainda mais torturante.
O barulho da porta se abriu, e eu levantei o olhar rapidamente. Quando vi quem estava ali, meu corpo congelou. Um homem, alto e imponente, entrou com a postura de quem dominava o espaço. Ele não era familiar, mas havia algo no seu olhar que me dizia que ele não estava ali por acaso.
Homem: — Você é Isabel, certo?
A voz dele era grave, carregada de uma autoridade que me fez dar um passo atrás. Não sabia o que esperar, mas algo me dizia que ele não estava ali para uma boa conversa.
Isabel: — Quem é você? O que quer?
Tentei manter a calma, mas a sensação de ser observada e perseguida crescia a cada segundo.
Homem: — O nome é Marcos. Bruno me enviou. Ele pediu que eu garantisse sua segurança.
Ele não parecia estar mentindo, mas meu instinto me dizia que havia algo mais por trás dessa história. Ele estava ali por um motivo, e eu ainda não sabia qual era.
Isabel: — Segurança? Mas eu não sei o que está acontecendo. O que Bruno se meteu dessa vez?
Marcos parecia desconfortável com a pergunta, mas, ao contrário de Bruno, ele não hesitou em responder.
Marcos: — Eu não sei todos os detalhes, mas o que eu posso te garantir é que as coisas estão se complicando. Você precisa vir com a gente, agora.
Meu corpo se enrijeceu. Não sabia se podia confiar nele, mas também sabia que ficar ali esperando por uma resposta não era mais uma opção. A decisão estava diante de mim, e não havia mais tempo para hesitar.
Isabel: — E para onde você vai me levar?
Marcos: — A um lugar seguro. Bruno vai se encontrar com você lá, assim que for possível. Ele pediu para que você fosse protegida, e é isso que vamos fazer.
A palavra "proteção" parecia mais uma mentira. Como alguém podia me proteger se não sabia o que estava acontecendo? Mas, ao mesmo tempo, sabia que não tinha alternativa. Ficar onde estava não era mais seguro.
Isabel: — Eu vou com você, mas quero saber mais. Quero entender tudo isso.
Marcos deu um leve sorriso, mas foi rápido. Ele parecia ciente de que eu não estava disposta a ser apenas uma peça no tabuleiro de alguém.
Marcos: — Você vai saber, Isabel. Só precisa confiar um pouco mais.
Não tinha mais o que discutir. Peguei minha bolsa, e, sem mais palavras, segui Marcos para fora de casa. O silêncio entre nós era pesado, mas eu não sabia o que mais poderia dizer. Eu não estava disposta a me deixar levar sem lutar, mas também sabia que o jogo em que estava envolvida era maior do que eu. E agora, eu teria que fazer escolhas que poderiam mudar tudo.
A cada passo que dávamos, minha mente tentava processar o que estava acontecendo. O que Bruno fez? O que ele estava tentando me proteger? Havia muitas respostas que eu precisava, e poucas pessoas dispostas a me dar.
Isabel: — Eu preciso saber a verdade. Eu não posso viver com mais uma mentira.
Mas, enquanto andávamos pelas ruas vazias, percebi que a verdade podia ser muito mais perigosa do que eu imaginava.