Capítulo 2

1589 Words
Capítulo 2: O Jogo das Sombras A noite estava pesada, como se a cidade estivesse tentando me engolir. O ar frio se misturava à minha raiva, e a sensação de que algo estava errado não me abandonava. Cada passo que eu dava nas ruas estreitas parecia me afastar ainda mais de qualquer tipo de normalidade. Eu só queria voltar para casa, afastar as palavras de Bruno da minha cabeça e tentar respirar sem o peso do mundo me esmagando. Mas, conforme caminhava, algo em meu peito não me deixava relaxar. O silêncio da rua parecia carregado, denso. Eu não sabia ao certo se era o cansaço ou a minha paranoia, mas a sensação de que estava sendo observada me perseguia. De repente, uma moto passou ao meu lado com um ronco alto, e meu coração disparou. Não me assustei com o som, mas o meu instinto me alertou. A moto não acelerou, não se afastou. Ela parou. E de dentro daquela escuridão, uma figura alta e encapuzada surgiu. O medo subiu pela minha espinha, mas não me deixei abalar. A figura veio em minha direção sem pressa, a passos largos, e parou na minha frente. O rosto estava coberto pela sombra do capô, mas seus olhos, aqueles olhos, eu sabia que estavam me avaliando. — Você está se metendo com pessoas erradas, Isabel. Eu congelei. Suas palavras cortaram o ar como lâminas afiadas. Não sabia se ele era uma ameaça direta ou apenas mais um dos muitos fantasmas do passado de Bruno, mas algo me dizia que ele era perigoso, muito mais do que aparentava. Diante de mim, o homem não se moveu. O silêncio entre nós parecia ainda mais opressor. Ele estava ali, me observando, esperando algo. Eu, no entanto, não consegui desviar o olhar, mesmo com o medo crescente. Ele não parecia interessado em me atacar, mas a tensão no ar indicava que isso poderia mudar a qualquer momento. Isabel: — Quem é você? A pergunta saiu mais forte do que eu queria, um reflexo da raiva e da confusão dentro de mim. Eu queria entender o que estava acontecendo, por que aquele homem estava me abordando. O desconhecido deu um passo à frente, e, na luz fraca da rua, pude ver um anel prateado em um de seus dedos. Ele estava calmo, controlado, como se soubesse exatamente o que queria e como conseguiria. Ele olhou para mim de forma distante, quase como se já soubesse tudo sobre mim. Desconhecido: — Não importa quem eu sou. Ele disse isso com uma voz grave, quase monótona, como se estivesse dizendo algo que já havia repetido mil vezes. — O que importa é quem está te observando agora. Você tem noção do que está por vir? Minhas mãos se fecharam com força ao lado do corpo, os dedos apertando o tecido do casaco. Meu coração estava acelerado, mas eu não poderia demonstrar medo, não agora. Ele estava me desafiando, e eu não tinha como recuar. Isabel: — O que você quer de mim? Minha voz saiu mais firme, mas por dentro eu estava tremendo. Ele não parecia querer me machucar, mas a sensação de perigo era palpável. Ele sabia demais, e isso me fazia ainda mais vulnerável. O homem sorriu, mas não era um sorriso amigável. Era algo sutil, como se ele estivesse vendo através de mim, sabendo que eu estava começando a entender a gravidade da situação. Desconhecido: — O seu irmão fez escolhas que não têm mais volta, Isabel. E agora, você vai ter que lidar com as consequências. A voz dele ficou mais baixa, como se estivesse contando um segredo sombrio. — A vida que você conheceu, a sua vida segura, está prestes a desmoronar. E, se eu fosse você, começaria a se preocupar com quem realmente está te observando. Eu senti um calafrio percorrer minha espinha, e a palavra “consequências” reverberou na minha mente. Bruno havia se envolvido em algo muito mais profundo e perigoso do que eu imaginava. Eu tentei manter o controle, mas uma onda de ansiedade tomou conta de mim. Quem era aquele homem? O que ele sabia sobre Bruno? Sobre mim? E, principalmente, o que ele queria de nós? Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele se virou e deu um passo atrás, começando a caminhar na direção oposta. Eu não sabia o que fazer, nem o que dizer. Ele já estava indo embora, mas suas palavras ainda ecoavam na minha cabeça. Desconhecido: — Cuide de si mesma, Isabel. Você pode estar mais envolvida do que imagina. As palavras dele me seguiram enquanto ele desaparecia na escuridão. Meu corpo estava paralisado, meu coração batendo forte demais. O que eu tinha acabado de ouvir? E, mais importante, o que estava por vir? O silêncio da rua logo me envolveu novamente, e tudo o que eu conseguia ouvir era o som da minha respiração pesada. O homem já não estava mais à vista, mas suas palavras ainda estavam ecoando na minha mente. Eu estava perdida, sem saber exatamente qual rumo tomar. Cada passo que eu dava para continuar meu caminho parecia me afastar da única coisa que eu queria: respostas. Isabel: — O que foi isso? Quem era aquele homem? Perguntei a mim mesma, como se isso fosse ajudar a entender a situação. Mas a verdade é que as peças estavam começando a se encaixar de uma forma que eu não queria acreditar. Bruno havia se envolvido com algo muito mais perigoso do que eu poderia imaginar, e agora estava claro que eu estava no centro de tudo aquilo, mesmo sem querer. Decidi voltar para casa, ou pelo menos tentar. Eu precisava encontrar uma maneira de descobrir mais, saber com quem Bruno estava se envolvendo e, mais importante, o que eu estava prestes a enfrentar. A cada esquina que virava, a sensação de ser observada voltava, mas dessa vez com mais intensidade. Não era só paranoia. Eu sentia que algo estava me cercando, que o tempo estava correndo contra mim, e eu não tinha mais como voltar atrás. Quando finalmente cheguei à minha rua, o brilho fraco das luzes nas casas parecia uma saudade do que eu já tinha conhecido. Tudo parecia normal, mas dentro de mim, o turbilhão de emoções e dúvidas não cessava. A sensação de que meu mundo estava prestes a desmoronar era incontrolável. Entrei em casa, fechei a porta atrás de mim e me encostei contra ela, tentando processar tudo o que havia acontecido. O rosto daquele homem, a ameaça velada nas suas palavras, e a certeza de que Bruno havia se metido em algo muito maior do que qualquer coisa que eu pudesse controlar. Isabel: — Eu preciso saber o que está acontecendo. Eu murmurei para mim mesma, sabendo que estava me colocando em uma situação extremamente perigosa, mas era tarde demais para voltar atrás. O que quer que fosse, eu estava no centro dessa história agora. O som do celular vibrando me tirou dos meus pensamentos. Meu coração saltou no peito quando vi o nome na tela. Era Bruno. Isabel: — O que você quer, Bruno? A voz do meu irmão soou do outro lado da linha, mas estava carregada de uma tensão que eu não estava acostumada a ouvir. Bruno: — Isabel, eu preciso que você faça algo para mim. Eu sei que você não vai gostar, mas é o único jeito de sair dessa. Isabel: — O que você está me pedindo? A ansiedade tomava conta de mim, e eu não sabia o que esperar da conversa. Ele estava claramente preocupado, mas o que ele tinha se metido para precisar de mim dessa forma? Bruno: — Não é mais seguro aqui, Isabel. Você precisa ir para um lugar seguro. Vou mandar alguém te buscar. Fique quieta, não conte nada a ninguém. Isabel: — Como assim, "não conte nada"? O que está acontecendo, Bruno? O que você fez? Eu podia ouvir a preocupação na sua voz, mas também o tom de urgência. Ele estava tentando me proteger de algo, mas o que exatamente? Bruno: — Eu não posso explicar agora. Só faz o que eu te pedi. Eu te amo, e só quero te proteger. Fique em casa, se possível, mas não saia até eu voltar. Isabel: — Isso não está certo, Bruno. Eu preciso entender, preciso saber o que está acontecendo! Ele ficou em silêncio por um momento, e isso fez meu coração bater mais rápido. Então, ele suspirou, e eu senti o peso da sua resposta. Bruno: — Eu não posso te contar, Isabel. Não agora. Mas por favor, confia em mim. Vai dar tudo certo, só me escuta. Antes que eu pudesse responder, ele desligou. O som do celular em silêncio parecia me sufocar. O que ele estava me pedindo era impossível. Como confiar em alguém que estava claramente se metendo em algo tão obscuro? Mas a preocupação na sua voz era real. Talvez ele realmente estivesse tentando me proteger. Fechei os olhos, tentando organizar os pensamentos. Eu tinha que sair de casa, tinha que entender mais sobre tudo aquilo. Mas a dúvida ainda me corroía. Eu confiava em Bruno, mas ele estava em algo perigoso, e isso me deixava sem chão. Isabel: — O que você me meteu, Bruno? Meu reflexo no espelho da entrada parecia um estranho. A mulher que eu via ali não era a mesma de antes. Agora, eu estava sendo puxada para um jogo muito maior do que imaginava. E se eu não tomasse cuidado, esse jogo poderia consumir tudo o que eu conhecia.
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