Episódio 17

1207 Words
— Adoro a comida daqui. Ela exclamou. Eu sorri. — Eu imaginei. Comentei enquanto saía do carro e abria a porta. Não era nada de especial, mas era íntimo, romântico e, finalmente, teríamos a oportunidade de conversar e realmente nos conhecer. Levei-a para dentro e o anfitrião nos conduziu até uma mesa tranquila no fundo do restaurante. A mesa estava coberta com uma toalha branca e uma vela tremeluzia no centro, realçando o brilho nos seus olhos quando ela sentou na minha frente. — Então você costumava vir muito aqui? Eu perguntei, e ela assentiu. — Era o lugar favorito da minha mãe. Ele me explicou. — Ele disse que era o único lugar na cidade que se aproximava da autêntica comida italiana, e queria que a minha irmã e eu soubéssemos como era. — Italiano de verdade, hein? Comentei enquanto pegava o menu. — Posso dizer que o conheço da pizza para viagem. — Claro. Ela me assegurou. — É incrível como o sabor é diferente. Os sabores são muito mais ricos e profundos. Deixe-me pedir alguns aperitivos para compartilhar. Você verá do que estou falando. Deixei que ela fizesse o pedido para nós e logo a mesa estava cheia de seleção de pratos deliciosos. — Aqui, experimente este. Disse ele, sorrindo. — É a bruscheta mais incrível. Acho que eles próprios cultivam os tomates. Eles são muito frescos. Começamos a comer e, com certeza, tal como ela me dissera, a comida era incrível, mas a companhia dela também. Neste lugar, pareceu se animar um pouco, os seus olhos se movendo de um lado para o outro enquanto ela explicava os seus pratos preferidos, aqueles que ela costumava compartilhar com a sua mãe quando ela era pequena. — Há algum bom lugar russo na cidade? Perguntou ele enquanto o garçon retirou o nosso primeiro prato. Eu balancei a minha cabeça. — Acho que não. Eu respondi. — Nunca gostei de comida russa, na verdade. A maioria são tubérculos em conserva. Pelo menos as que eu experimentei. — Não é exatamente apetitosa. Ela riu. Adorei a sua risada, tão brilhante, plena e genuína, como se saísse de algum lugar lá dentro e encheu a sala inteira. — Sim, isso não parece tão bom assim. Ele brincou. — Talvez você possa, alguma vez tentar cozinhar alguma coisa para mim? — O que faz você pensar que eu sei alguma coisa sobre culinária? — Eu não sei. Você me parece alguém que sabe como navegar numa cozinha. Ele respondeu, inclinando a cabeça para o lado para me olhar de cima a baixo. — No quarto, eu tenho certeza. Respondi. — Na cozinha, eu não tenho certeza. A suas bochechas coraram um pouco quando eu disse isso, e o garçon chegou para reabastecer o nosso vinho, tinto. Claro o melhor da casa. Adorei a maneira como ele manchou os seus lábios e desejei poder me inclinar e experimentar a sua boca dele ali mesmo. A noite continuou e conversamos mais do que nunca. Como foi crescer com as nossas famílias, como a perda das vidas das nossas mães nos afetou. Nosso mundo, e quão distante muitas vezes parecia do resto da realidade. A conversa fluiu com facilidade e, antes que eu pudesse perceber, eu me senti como qualquer outro encontro. Seus lindos olhos, que olhou do outro lado da mesa, me fez sentir como se não houvesse ninguém além de nós nesse restaurante, e a emoção estava começando a me permear até os ossos. Ele colocou o braço no meu quando saímos juntos do restaurante e estávamos indo em direção ao carro que nos esperava, pressionando o seu corpo contra o meu como se ela tivesse certeza de que aquele era o lugar dela. Abri a porta e passei a mão pelas costas dele por um momento. Eu me certifiquei de notar como o seu corpo estremeceu em resposta. Ela me queria. Claro que era, mas era mais do que isso. Era mais do que apenas um desejo físico. Ela deslizou a mão em direção à minha na parte de trás do carro, como se ela estivesse testando se eu iria afastá-la, e eu olhei para ela e sorri. Era o suficiente? O suficiente para eu acreditar que ela estava falando sério sobre nós, sobre o que tivemos aqui? O fato do nosso casamento ter começado sob as circunstâncias mais estranhas, não significava que não pudesse tornar-se especial para mim, e isso não significava que ela não fosse especial para mim. Quando chegamos em casa, vi algo mudar nela. Ele abriu a porta e olhou por cima do ombro para mim. — Esta noite foi incrível. Ela murmurou para mim, e parou por um momento, hesitando. Estava claro que ela tinha algo em mente, algo que queria me dizer, mas eu não sabia como. — Você pode me dizer. Eu disse, e ela sorriu suavemente. — Eu... podemos apenas... dormir juntos esta noite? Ele perguntou. — Não para fazer se*xo, quero dizer. Eu só quero dormir ao seu lado. Tudo bem? Passei a mão pelos cabelos dela e puxei-a para mim para um beijo. Por um momento a sua respiração engatou e, quando me afastei, afastei uma mecha de cabelo dela e coloquei atrás da orelha e assenti. — Claro que podemos. Eu disse. — O que você quiser. — Obrigada. Ela murmurou, e pareceu dar um suspiro de alívio assim que disse isso. Eu a levei para o quarto principal e a ajudei a desabotoar o vestido. E sim, foi difícil para mim conter o desejo que surgiu em mim assim que vi o seu corpo macio e curvilíneo por baixo, mas eu não iria pressioná-la. De forma nenhuma. Por nenhuma razão. Eu precisava que ela confiasse completamente em mim. Eu precisava que ela acreditasse que eu estava aqui para o bem dela e que lhe daria o que ela precisava, quando precisasse. Uma vez nus, deitamos juntos na cama e ela descansou a cabeça no meu peito. Eu a abracei com força e, para minha surpresa, descobri que o meu desejo de tomá-la foi superado pelo meu desejo de protegê-la, de mostrar a ela que ela não tinha nada com que se preocupar quando estava comigo. Escovei os seus cabelos com o nariz, inalando o seu perfume, fechei os olhos e deixei a paz daquele momento me invadir. Eu a ouvi enquanto ela lentamente caía num sono confortável, sorrindo quando o seu peito começou a subir e descer lentamente. Ela não se afastou de mim. Na verdade, ele se aconchegou ainda mais perto, deslizando a mão para a minha barriga e encostando-se em mim como se não conseguisse se imaginar em nenhum outro lugar. Minha esposa. Eu ainda estava me acostumando com isso, com a ideia de ser realmente o marido de alguém, mas esta noite me fez sentir mais em paz do que nunca. Parecia que nós dois estávamos realmente fazendo isso agora. Será que ela se esqueceu da minha ex, aquela que apareceu na porta da minha casa do nada? Claro que sim. Eu só tinha que torcer para que ela não ficasse obcecado com o que aconteceu para que pudéssemos nos concentrar um no outro e no que estava por vir depois. Seja como for.
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