Capítulo 01: Reuniões - Pt.2

3750 Words
Floresta da Infinita Escuridão Reino dos Sonhos Elena Treagus e Melanie Craymer encaravam o brilhante dragão de escamas esmeraldinas torcendo mentalmente para que o dragão não as matasse ali mesmo. Apesar de estarem no Reino dos Sonhos, se Abakur, o dragão, resolvesse queimá-las, até mesmo seus corpos no mundo real seriam queimados; esse era o poder da criatura. Ele não tirava seus imensos olhos amarelos delas e, ao mesmo tempo, não dizia nada. Apenas esperava. – Abakur. – Melanie disse, quebrando o silêncio. – É uma honra encontrá-lo. Eu posso dizer o mesmo, profeta, a voz dele respondeu em suas mentes, o que irritou Elena; já não bastava Anúbis e a Voz em sua cabeça, agora também o dragão. Apesar de que ver a ela aqui não é algo tão honroso assim, ele se referia a Elena. – O que quer dizer? – A menina perguntou. Você não sabe o que é, o dragão afirmou, contudo ainda usa o poder dele. Abakur disse “dele” como se fosse uma ofensa, Elena não entendeu, mas deixou isso de lado. Havia mais com o que gastar seus pesamentos. Ele posicionou-se de repente nas patas traseiras, assustando as garotas, que recuaram dois passos. Ele diminuiu de tamanho e ganhou feições humanoides; ele tinha dois metros e meio de altura, o rosto fino e pontudo; nas dobras do corpo, como cotovelos, nós dos dedos e joelhos, ele ainda tinha escamas verdes e brilhantes; na ponta da orelha em “V” também. Seus olhos eram tão amarelos quanto antes. – Igual à Geirendur. – Melanie comentou consigo mesma. – Digam-me, qual a razão da visita de vocês? – Eu preciso que me ensine a Sr̥ṣṭi. – Elena foi direto ao assunto. Abakur gargalhou alto. – Por que eu ensinaria a você o mais poderoso dos idiomas? Ela não sabia como responder. – Mas você, por outro lado, não veio aqui com o mesmo objetivo? – Ele se virou para Melanie. – Eu preciso chegar ao Paraíso sem ser detectada. – Meu sangue. – Abakur retrucou. – Mas não lhe darei de graça. – Diga o seu preço? – As Três Feras que guardam a... – Eu preciso que você traduza um livro para mim. – Elena interrompeu o dragão. – Como ousas me interromper, humana? – Abakur estava visivelmente irritado. – Não permitirei... Elena olhou direto em seus olhos, o que o paralisou, pois suas íris estavam no tom de lilás. O que quer que estivesse impedindo de usar magia antes, agora não mais o fazia. Gostou de intimidar o dragão com seu poder; de saber que era temida. – Um livro escrito na Sr̥ṣṭi? Há poucos em meu conhecimento que estejam nesse idioma. – Abakur recuou em sua decisão; ele realmente estava com medo de Elena e de seu poder. – Mas, como disse a ela, não darei qualquer conhecimento a vocês de graça. – Então, o que quer? – Os olhos de Elena voltaram ao tom original de castanho. – As Três Feras que guardam a porta para o mundo dos sonhos. – Abakur começou. – Roubaram de mim algo importante. – Como, aqueles três seres menores roubaram algo de um dragão poderoso como você? – Elena disse em um tom zombeteiro; nem ela mesma sabia que podia falar dessa forma. – Não se engane. Eles não são o que você pensa que são. Eles são mais inteligentes que a maioria dos homens. – O que eles roubaram? – Melanie perguntou. – Meu ovo. – Como você pode ter um ovo se, além de ser macho, não há dragões fêmeas nesse mundo? – Elena perguntou, intrigada. – Lembra-se de Geirendur? – Abakur perguntou. – Quem? – Elena estranhou. – Sim. – Melanie afirmou. – Cada uma das portas para o Inferno possui um dragão protetor. – Abakur explicou com sua voz que soou grave como um sino. – Conhece as Sete portas? – Não. – Elena respondeu; Melanie manteve-se calada. – As portas são: A Floresta da Infinita Escuridão, que é onde estamos; O Pântano da Profunda Maldade, A Lagoa das Lágrimas Desesperadas, O Vale da Sombra da Morte, A Montanha do Gelo n***o, A Escadaria da Doença Maldita e o Deserto dos Perdidos. Em cada uma, menos nessa última, há um dragão guardião. Durante muitos milênios, nós seis permanecemos onde deveríamos ficar. Contudo, quando aconteceu o diluvio as entradas foram inundadas, Geirendur, que guardava o Vale da Sombra da Morte, decidiu que não mais guardaria sua porta. – Abakur andava de um lado para outro contando sua história. – Ele conseguiu de alguma forma, usando o Reino dos Sonhos, sair e se reproduzir. Então, ele saiu para a Terra, explorando tudo e se reproduzindo. Um dia, uma de suas crias, um dragão fêmea chamada Thalia chegou até meus domínios. As Três Feras a encurralam na entrada da minha caverna. – Como elas puderam intimidar um dragão? – Elena estava inconformada. – Ela ainda era um bebê. – Abakur olhou para ela a fim de intimidá-la; seu plano não deu certo. Com o poder da Voz, ela era muito mais forte que ele. – Enfim, ela conseguiu cruzar minha caverna e chegar até aqui. Os anos passaram e ela cresceu um belo dragão, com escamas num roxo escuro e brilhante. – Abakur fitava o nada. – Aquele ovo é nosso filhote. Mas antes que pudesse chocá-lo, Thalia soube da perseguição contra os dragões que estavam ocorrendo mundo a fora e foi embora ajudá-los. Ela nunca voltou. – Por que as Feras roubaram seu ovo? – Para me manter em cheque dentro do Reino dos Sonhos. – Abakur respondeu; Elena percebeu que, se ele pudesse, estaria chorando. – Eu quis sair e procurar por Thalia, mas se tentasse eles iriam destruir o filhote, minha única lembrança dela. Eu não queria correr o risco de sair, não encontrá-la viva e perder também o ovo. Traga-me o filhote que eu entregarei meu sangue para você, Melanie, e traduzirei o livro. Mas, se falharem, matarei ambas.   Elena não levou a ameaça a sério, pois sabia que poderia vencê-lo num combate, mas ainda precisava que ele traduzisse o livro que continha o ritual para trazer a alma de Leonard de volta. As duas sinalizaram positivamente com a cabeça e então trocaram olhares. Melanie estava desaparecendo, estava semitransparente, como Virgílio estava antes de Elena destruí-lo. – O que está acontecendo? – Ela está morrendo. – m***a. – Elena xingou. – Onde está seu corpo? – Escondido em uma árvore próxima onde você está. – Vou te achar e te ajudar. – Elena fechou bem os olhos e se concentrou; no segundo seguinte, acordava de supetão com Jonathan, pai de Leonard, e Anúbis, o deus egípcio da morte, fitando-a com cara de interrogação; ela levantou bruscamente e acrescentou aos dois: – Encontrem um corpo de uma mulher aqui próxima. – Você quer dizer, aquela? – Anúbis apontou para uma garota que estava deitada a alguns metros de distância. – Quando a encontrou? – Eu a achei a algumas horas. – Jonathan explicou. – Ela está em uma condição critica, não sei se irá durar muito. – E como nenhum de nós pode fazer magia de cura, simplesmente não fizemos nada. – Ele tinha um bizarro sorriso no rosto. Elena correu até a garota e disse: – Yav in Nav: pozdravi. – Ela optou por usar a magia eslava, pois era a magia de cura mais forte que existe. Desde que fizera um pacto com a Voz, Elena, que antes não sabia nenhum feitiço, adquiriu conhecimento sobre todos os tipos de magias pagãs existentes na Terra. Por isso, ela era capaz de conjurar qualquer feitiço que estivesse dentro da sua quantidade de energia, sabendo exatamente qual a mataria ou não. Em Melanie, ela precisou ficar fazendo o feitiço constantemente por quase duas horas, tamanho era os machucados da mulher. Por onde ela andou?, pensou, Ela parece ter sido torturada durante dias! Quando finalmente ela abriu os olhos, Melanie agradeceu a garota e sorriu. A lua já reinava há algumas horas no céu. – É melhor descansarmos essa noite. – Jonathan disse. – E bom, conte-nos o que aconteceu e como conhece essa mulher? E Elena contou. – Amanhã encontraremos as Feras e o ovo, então vocês levarão para Abakur. – Jonathan afirmou. Os três concordaram com a cabeça e foram dormir. Anúbis ficou na vigia, pois não precisava descansar como os mortais. _____________________________ Castelo da Morte – Eu realmente não imaginava que você conseguiria chegar aqui, Leonard. Realmente você foi minha melhor escolha. – A Morte disse para mim. Virei-me para encará-lo. Ele estava usando o mesmo terno preto de riscas brancas verticais, camisa preta e gravata preta e calças combinando que usou no dia em que fizemos o pacto; costumeiramente, não usava sapatos. Eu fitei por alguns segundos as órbitas vazias, que pareciam jogar minha alma em um abismo sem fim. Eu finalmente havia conseguido chegar pela segunda vez diante da Morte. – Então me diga, como tem sido sua estadia aqui no Paraíso? – Não faça perguntas idiotas, Morte, você sabe muito bem como foi. – Respondi rispidamente, não queria o filho da mãe brincando com minha cara. – Desculpe-me. Estava apenas tentando ser educado. – Ele andou em minha direção. – Então, o que você quer? – Então vamos direto ao assunto, não? – A Morte começou andar em círculos em volta de mim. – Mas, primeiro. – Ele estalou os dedos uma vez; o fio dourado que ligava Týr a mim desapareceu. – Pode voltar para Godheim, Týr. Seus serviços aqui terminaram. – Não, obrigado. – Ela respondeu com um sorriso zombeteiro. – Vou ficar com Leonard. – Uou. Isso foi inesperado. – Ele parou diante de mim, fitando meus olhos com seus vazios. – Mas por mim, tanto faz. Vocês são inúteis de qualquer forma. Eu senti Týr, que estava sentada em meu ombro, tremer. Apesar de obedecerem, não acho que as fadas gostam muito da Morte. Isso pode até, um dia, funcionar a meu favor. – Enfim. Você deve ter se perguntado nesse tempo por que os Filhos do Abismo, apesar de minhas criações, estão perseguindo você, um aliado meu. Ou, até mesmo, meu filho, Kifo vem fazendo o mesmo. – Na verdade n... – Bem, eu não tenho controle nas ações dos Filhos, a não ser que eu consiga libertar minhas outras duas criações, Shi e Tod. – Enquanto falava, ele andou até seu trono e sentou. – E é esse meu objetivo, é óbvio. – Isso eu já sei. Mas quero saber o que você quer de mim. Ou melhor, de nós. Assim que viu o rosto de Thais, a Morte ficou surpresa. Não devia ter notado que, a garota que estava calada e de cabeça baixa até aquele momento, era uma das pessoas que ele mesmo tinha trazido ao Paraíso. – Mas que agradável coincidência! – Ele levantou e sorriu; um sorriso cadavérico de dentes amarelados. – Demos uma grande sorte, ela é uma das pessoas que eu recrutei durante milênios para essa missão. Ela é sua médica. – Quantos mais você escolheu? – Não é óbvio? – Ele disse como se aquilo realmente fosse. – Qual é o número mais repetido em todo Paraíso, Bíblia e por Deus? – Sete? – Respondi perguntando. – Sim, é claro. – Ele apontou para nós. – Então com vocês dois, faltam mais cinco. E encontrá-los é o seu próximo passo. – O que você quer da gente? – Thais falou pela primeira vez. – Simples: vingança. – Contra quem? – Apesar de ter questionado, eu tinha uma ideia de quem ele estava falando. – Vocês humanos têm mesmo um intelecto inferior. De quem mais eu poderia querer vingança se não do Criador? – E por que você se vingaria de Deus? – Perguntei imaginado o que Ele poderia ter feito contra a Morte. – Há mais ou menos dois mil anos, Deus se fez humano para cumprir uma promessa que há muito tempo tinha feito ao seu povo. Ele prometeu que religaria seus filhos de volta com Ele, mas para isso ele precisava morrer e ressuscitar. – A Morte explicou, sem tirar os olhos de nós. – Mas, como você mesmo sabe, a morte é mais complexa do que os humanos pensam. O que Deus quis dizer é que ele iria, como homem, do Reino dos Vivos para o Reino dos Mortos, e depois de volta ao Reino dos Vivos, mas para isso é necessário a chave do Reino dos Mortos, que até aquele dia pertencia a mim. Ele, então, me desafiou a um duelo. Nós lutamos durante dois dias e três noites sem parar, mas fui derrotado e obrigado a dar a chave para ele. Agora, entretanto, quero me vingar. Quero minha chave de volta. – É só isso? Tudo isso apenas por causa de uma d***a de chave? – A chave do Reino dos Mortos. – Ele levantou-se bruscamente e praticamente gritou, tentando me intimidar; o que funcionou perfeitamente bem. – Não é qualquer chave. Com ela você tem o direito de escolher quem entra, quem sai, quem permanece no Paraíso ou Inferno. Isso significa que eu poderia, por exemplo, trazer qualquer um de volta ao Reino dos Vivos. – Eu achei que isso era proibido ou, até mesmo, impossível. – Só é proibido por que Ele detém a chave e Ele proibiu. E apenas isso. – Então, quando isso acabar, você pode nos mandar de volta para Terra? – Thais perguntou. – Sim, poderei. Troquei olhares com aqueles olhos verdes belíssimos. Talvez, e apenas talvez, poderemos voltar para lá. Mesmo que anos tenham se passado desde que ela morrera, algo me dizia que ela queria voltar... Queria voltar comigo. – Mas irá? – Eu não sei, isso irá depender do quão bom vocês serão na segunda parte, que é a mais importante do plano. – E qual parte é essa? – Perguntei, desconfiado. – Isso é uma questão para depois. – A Morte tinha um sorriso maquiavélico nos dentes amarelos. – Agora você tem que se preocupar em achar os cinco membros restantes do seu time. O primeiro está aqui mesmo na Inglaterra, em Londres; seu nome é Desmond Chepken. Ele viveu durante os anos oitenta e morreu jovem, com vinte anos. Ele não faz magia nem nada sobrenatural, contudo ele é o homem mais inteligente desde Salomão. Nas batalhas que virão a sua frente, ele sempre terá a estratégia perfeita; mas, escolhi-o principalmente por ele ter uma habilidade bem especifica: ele consegue enxergar coisas que ninguém mais vê. Permaneci em silêncio, escutando. Será mesmo que eu devo fazer o que aquele homem sem olhos me mandava? – O segundo m****o é um rapaz chamado Jared Blackwood. Durante a vida, ele foi o melhor barqueiro de quem já se ouviu falar. Ele viveu no século XV, então navegou em todos os sete mares e conhece todos os perigos dos oceanos; ele foi dado como morto em uma embarcação de Cristovão Colombo indo para a América. Ele está em Nova York. – Por que eu preciso de um barqueiro? – Por que, como Týr deve ter explicado, quanto mais perto estiver do céu, mais difícil será para esconder suas presenças de Deus. – A Morte não parecia contente em explicar aquilo. – E não dá para atravessar o oceano de carro. E não se engane, meu rapaz. Ele sabe que você se lembra de sua vida terrena. As palavras de Abraão ecoaram em minha mente. O Criador não só sabia que eu estava aqui, como sabia que eu lembrava-me de minha vida antes do Paraíso. Apesar de pensar estar com a vantagem, a Morte estava a um passo antes dEle. – Outro você encontrará em Tóquio; seu nome é Minato Tanizawa. Ele foi um samurai durante o século X. O melhor de seu tempo. Morreu, ao ser capturado por um clã inimigo, por seppuku. Foi difícil convencê-lo a um trato comigo. – E por que diabos eu preciso de um samurai no meu time? – Eu estava ficando irritado. – Para te ensinar a lutar sem depender de Týr, i****a. O feitiço dela não durará para sempre. – Ele está certo. – A fada disse em meu ombro. – Enfim, o penúltimo é Dean Brown. Ele está no Brasil, para sua alegria. Você vai rever um lugar onde cresceu; sim, ele está em São Paulo. Não consegui evitar um sorriso. Finalmente poderia voltar para casa, mesmo que ainda não estaria na Terra. Eu poderia rever minha casa, se é que existe uma cópia dela ali no Paraíso. Mas devia ter, pois onde eu estava é igual à Terra que deixei para trás. – Você precisa dele por que ele é descendente de Israel. – Aqui deve ter milhões deles. Por que esse especificamente? – Ele foi o único que eu consegui que fizesse um pacto comigo. Foi mais ou menos como o seu, mas ocorreu durante a Segunda Guerra em um campo de concentração na Alemanha. – A Morte levantou de seu trono e andou até mim. – A última se chama Amélie Champoudry. – Esse nome... Já o ouvi em algum lugar, pensei. – Ela era uma ladra de reis. Viveu durante a monarquia na Europa. Ela será extremamente útil. Ela sabe entrar e sair de qualquer lugar que desejar. – E em qual parte da França ela está? – Perguntei, temendo a resposta. – Paris, é claro. – Ele disse com um sorriso malicioso. – Ela é prisioneira, lá. Todos meus temores se confirmaram. Eu não pensava em voltar para Paris de jeito nenhum; não depois daquilo. Nem queria chegar perto daquela cidade mesmo que estivesse na Terra de volta a vida. – Se ela é capaz de sair de qualquer lugar, por que não escapa? – Ela não tem as memórias da vida, ou seja, está sem as habilidades que possuía. – A Morte olhou para mim com as palavras embutidas no olhar: “Por que foi mesmo que eu te escolhi? Você é muito burro!” Felizmente, ele não disse aquilo em voz alta. – Eu não me importo por onde vai começar ou quando vai terminar. Quero apenas que, assim que encontrar cada m****o, de um sétimo do Fruto que está com você. É o bastante para que recuperem suas memórias e ganharem um corpo. – Isso significa que estarão vivos? – De certa forma, sim. Mas suas almas não podem voltar para a Terra, assim como a sua. Mesmo com um corpo novo. Merda, pensei. – Mais uma coisa. Ele andou de volta ao seu trono, mais especificamente até atrás dele. De lá tirou um livro velho, pesado e de páginas amarelas. Notei que havia um esqueleto na capa, e este abraça o livro, para protegê-lo e impedindo-o de abri-lo. Legal, pensei. – Este é o livro da destruição. – Ele explicou. – Contém feitiços de vários tipos, mas todos voltados para destruição e, alguns, para reconstrução. Eu mesmo não posso aplicá-los por causa da minha limitação em “destruir”. Contudo, nossa amiga Týr aqui é capaz de tal feito. Olhei para Týr, que parecia tão confusa quanto eu. – Eu vou lhe dar um prêmio por tem conseguido chegar aqui. Venha até aqui, Týr, e abra o livro. – Quando terminou de dizer, uma mesa feita de ossos surgiu ao pé da escada que levava ao trono, onde depositou o livro; a fada chegou voando, e eu a segui, apesar de não estarmos mais ligados; Thais estava bem próxima de mim também. – Abra-o. – A Morte acrescentou. – Eu não sei como. – Apenas mande que abra, e ele abrirá. Fitando o livro com uma cara temerosa ela disse: – Otkryt'. O esqueleto moveu-se, tirando seus braços da volta do livro, permitindo que este fosse aberto. A Morte o fez sem hesitar. Procurou uma página, não sabendo exatamente onde estava o que queria. – Faz muitos anos que não abro esse livro. – Ele explicou. – A sim, aqui está. Faça esse feitiço no braço esquerdo dele. Týr voou sobre o livro e leu com os olhos, devia estar se perguntando o que aquele feitiço fazia. – O que isso faz? – Perguntei. – É um feitiço que consiste em destruir algum objeto até virar **, então tal objeto é selado no braço dele, assim ele poderá invocar e desinvocar qualquer coisa que deseje. É claro, há um limite de quatro objetos. Escolha sabiamente. Era um feitiço interessante, diga-se de passagem. Seria bem útil. E eu sabia bem em que eu o usaria primeiro. Týr pediu que eu esticasse a mão com a palma para cima. Ela encostou uma de suas mãos na minha e entoou algo que eu não consegui entender de jeito nenhum. Então, marcas saíram de sua mãozinha e se arrastaram até chegarem ao meu pulso. Eram símbolos de todos os tipos, parecidos com aqueles na minha espada. Eu não senti dor alguma. – Quando escolher o objeto que irá selar coloque sua mão sobre ele e diga: Driuk. Significa selar em alguma língua. – Týr explicou. – Entendi. – Ótimo. – A Morte disse. – Agora, saía do meu castelo e só volte quando estiver com o time reunido para receber suas próximas ordens. No segundo seguinte, nós três estávamos do lado de fora de Stonehenge. – O que vamos fazer agora? – Thais perguntou. – Vamos para Londres, é onde Desmond está, certo? – Respondi ao mesmo tempo em que perguntava para Týr. – Isso. Eu sorri em resposta. Encontramos a Harley Davidson onde a deixamos. Sem hesitar, eu coloquei a mão esquerda sobre o tanque e disse: – Driuk. – Ela virou ** que, então, voou em direção ao meu pulso, transformando-se em mais símbolos estranhos em perfeita harmonia com os que já estavam ali. – Que maneiro! – Acrescentei, olhando para as duas, que olhavam torto para mim, como se eu fosse a pessoa mais i****a do mundo. – Hã... Týr, como eu trago a moto de volta. – Apenas pense nela. E pensei. Como entrou, o ** saiu das marcas novas, que desapareceram, e a moto estava diante de nós. – Beleza. – Sorri. Montamos na moto e seguimos para Londres encontrar o tal de Desmond Chepken.   “E por esta razão Cristo morreu e voltou a viver, para ser Senhor de vivos e mortos.” Romanos 14:9
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